23 de Março de 2013 - 0h00
Tempos selvagens
Eduardo Bomfim *
Nos tempos atuais a informação atingiu uma escala de poder, hegemonia sem precedentes desde o século vinte, uma opinião de classe imposta por centros difusores internacionais baseados nos Estados Unidos da América e na Grã-Bretanha que se encarregam de espalhar ao mundo, ao Brasil, a “notícia do momento”, a opinião política, a ideologia cultural do mercado globalizado.
Fenômeno que só pôde acontecer em virtude do intenso processo de expansão, concentração do capital financeiro a partir da Nova Ordem Mundial, da relativização da soberania dos Estados nacionais, das organizações internacionais outrora sustentadas por pactos fundados em equilíbrio de forças que já não mais existem.
Essas instituições que adquiriram credibilidade após a Segunda Guerra Mundial foram capturadas pelas novas condições geopolíticas surgidas no fim dos anos noventa e se transformaram em uma espécie de correias de transmissão dos interesses de uma única potência mundial do grande capital financeiro, referendando lucros estratosféricos e aventuras bélicas.
O que possibilitou a esse capital um espetacular domínio do planeta uniformizando hábitos e modos antes diferenciados pela diversidade das formações históricas, antropológicas, nacionais, regionais, um poder sem precedentes na História, determinando códigos, regras, leis, constituindo na prática uma espécie de governança global oficiosa.
Garantindo os interesses do mercado que instituiu padrão único de consumo, as variações são ditadas por alguns cartéis internacionais que impõem e combinam os preços das mercadorias, a cidadania das pessoas relativizada ou mesmo subtraída.
Com o fortalecimento dos Brics, Brasil, Rússia, Índia, África do Sul e China que em poucas décadas transformou-se na segunda economia mundial, nascem as condições de um cenário internacional diferenciado ao tempo que eclode uma nova crise estrutural do capitalismo, dos seus mecanismos desvairados, delirantes de especulação.
A Nova Ordem envelheceu, entrou em decadência, com inquestionáveis traços de selvageria, totalitarismo, agressão às nações, aos povos etc. O grande desafio das forças patrióticas, progressistas, inclusive no Brasil, é de encontrar caminhos para a transição a um outro modelo de sociedade que reafirme a soberania das nações, um regime social avançado empenhado no efetivo desenvolvimento das potencialidades humanas coletivas e individuais.
* Advogado, membro do Comitê Central do PCdoB
* Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do site.
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