A Internacional

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quinta-feira, março 14, 2013

Informe do Dia: 'Nome do Papa é programa de governo'

 

POR Fernando Molica
Rio -  Punido pelo Vaticano em 1985, o teólogo e ex-frade franciscano Leonardo Boff não escondeu seu entusiasmo com a escolha do novo Papa e com sua decisão de passar a se chamar Francisco.
 
Para ele, a escolha representou “um programa de governo”. Na terça, Boff acertara o nome do futuro Papa: ao apostar na escolha do franciscano americano Seán Patrick O’Malley, Boff escreveu, no Twitter, que ele adotaria o nome de Francisco. O brasileiro era contra a eleição de Dom Odilo Scherer, que, para ele, seria um Bento 16 “com menos luzes”.
 
Foto: Elza Fiuza / ABR
Foto: Elza Fiuza / ABR
INFORME: Como o sr. avalia a escolha do novo Papa?
BOFF: Este é o Papa de que a Igreja precisava. Isto fica claro na escolha do seu nome: trata-se de um jesuíta com alma franciscana. O nome Francisco é um programa de governo. O novo Papa nasce com a inspiração franciscana de simplicidade, ética, solidariedade com os pobres, amor à natureza e liberdade de criação. Na primeira visão que teve, Francisco de Assis ouviu de Jesus o apelo para que reconstruísse a Igreja. São Francisco viu que a Igreja deveria voltar-se para o Evangelho, para os leigos. Este foi seu projeto de reconstrução. Ele era um leigo, nunca foi padre. Foi obrigado, no fim da vida, a aceitar o título de diácono, mas exigiu não receber qualquer salário. Além do mais, pregava em italiano, não em latim. Ou seja, era voltado para a comunidade.
 
Que pontos chamaram sua atenção neste primeiro pronunciamento do Papa Francisco?
Ele falou em caridade. Isso sempre foi uma luta nossa, dos teólogos: o primado da caridade sobre o direito canônico. Ele pediu pela fraternidade, colocou o povo no centro ao pedir que a multidão o abençoasse. Assim, ele recuperou o princípio do Concílio Vaticano 2º (assembleia que, entre 1961 e 1965, promoveu uma série de mudanças na Igreja). O novo Papa deixou claro que o povo vem antes da hierarquia. Ele certamente vai mudar o atual modelo de Igreja, absolutista, monárquico. Apostará no ecumenismo, no diálogo com as diferentes igrejas.
 
Qual a importância da eleição do primeiro Papa latino-americano?
Pela primeira vez temos um Papa do Terceiro Mundo, onde vivem 60% dos cristãos, isto é um fato inédito e muito importante. Francisco vem de uma experiência pastoral, não é um espelho de Roma, ele tem autonomia, tem capacidade de falar para o centro do poder da Igreja. Ele certamente vai propor uma profunda reforma da instituição. Em 2007, o cardeal Bergoglio foi um dos principais autores do documento final de Aparecida (Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, que contou com a presença do papa Bento 16). Trata-se de um documento que fala na necessidade de uma nova evangelização. Como todos os jesuítas, trata-se de um homem muito bem preparado e que tem um sentido pastoral muito grande. Ele, como bispo, também aprovou a adoção de uma criança por um casal gay.
 
O sr. acha que ele terá condições de dialogar com o mundo moderno?
Certamente. Não será um Papa doutrinador, mas um Papa pastor, capaz de entender a vida do povo, problemas como a pobreza, o desemprego, a crise por que passam tantos países, as questões ecológicas. O centro não é a Igreja, mas a humanidade.
 
No livro ‘El Silencio’ o argentino Horacio Verbitsky diz que o então bispo Jorge Bergoglio colaborou com a ditadura argentina. Lá, a Igreja Católica chegou a ajudar na prisão de dois padres. Como o sr. vê esta acusação?
Não tenho detalhes da situação da ditadura. Mas conheço argentinos que negam que ele tenha tido qualquer tipo de colaboração com os militares. Sei que há uma certa tensão entre o novo Papa e os Kirchner (a atual presidenta, Cristina, e seu antecessor, Néstor, que morreu em 2010). O cardeal Bergoglio sequer foi convidado para presidir a cerimônia religiosa que marcou o início do mandato da atual presidenta. 
 
 
http://odia.ig.com.br/portal/rio/informe-do-dia-nome-do-papa-%C3%A9-programa-de-governo-1.560375

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