30 DE JULHO DE 2008 - 19h40
Vermelho
Índia e China rejeitaram na OMC (Organização Mundial de Comércio) a proposta americana sobre a agricultura e a indústria e os Estados Unidos saíram batendo a porta. Os países emergentes viram os resultados da abertura indiscriminada dos mercados. E quiseram evitá-la.
Por Monica Di Sisto, no Liberazione*
"Caiu, caiu!" Como uma repetição do mesmo filme em Genebra, após nove dias de extenuantes conversações, repetiu-se a mesma cena vista na reunião ministerial de Seattle (EUA), em 1999, e na de Cancún (México), em 2003.
As portas do Green Room – salão onde os ministros do comércio dos países-membros da OMC cozinham os acordos mais delicados – permaneceram fechadas mesmo quando o falatório sobre a falência tornou-se uma ensurdecedora gritaria.
Desta vez, porém, não foram os países africanos que saíram batendo a porta, como em Cancún, humilhados pela arrogância com que os Estados Unidos e a Europa minimizavam suas preocupações com uma crise alimentar e comercial já grave, espicaçada pela concorrência desleal dos EUA e da China quanto aos preços do algodão e outros produtos coloniais. Hoje quem abandonava a sala de imprensa eram os falcões de Washington, aqueles que desejavam dar, como derradeiro presente a Bush filho, a chave de ouro que faltara a Bush pai.
Fortalecidas por suas economias em ascensão, mas conscientes dos riscos de uma liberalização a todo custo, a Índia e a China opuseram um seco "não" à retórica e às habituais promessas de pragmatismo, colocando-se à frente de todos os países, entre os 153 membros da OMC, que entendiam ter mais a perder que a ganhar com o encerramento desse ciclo de negociações.
Susan Schwab, a negociadora dos EUA, que esticara até o limite do mandato conferido pelo Congresso a sua promessa de corte dos subsídios agrícolas, disse aos jornalistas, com os dentes cerrados, que as negociações "tinham assumido um sentido embaraçoso" e não fora por escolha dela. E retirou-se sem mais nada a dizer.
* Matéria de capa do diário comunista italiano Liberazione – http://www.liberazione.it
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