A Resistência Iraquiana: Cinco anos depois, reaparece o sucessor de Saddam
Este texto de Nicola Nasser, um veterano jornalista palestino a viver Cisjordânia ocupada por Israel, sobre uma longa entrevista dada por um dirigente da resistência iraquiana, é uma resposta a pergunta a que a informação globalizada do império não dá resposta: como é possível a resistência ao exército invasor? - Leia mais no O Diário
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A Resistência Iraquiana: Cinco anos depois, reaparece o sucessor de Saddam
Nicola Nasser* - 11.07.08
Numa extensa entrevista dada em 26 de Maio passado a Abdel-Azim Manaf, editor chefe do periódico egípcio Al-Mawqif Al-Arabi, que não faz parte dos meios de comunicação dominantes, Izzat Ibrahim Addouri traça a estratégia e tácticas da resistência iraquiana dirigida pelo anterior partido governante, Al-Baaz.
A reaparição de Addouri e a estratégia da resistência que traça representam um desafio directo à potência ocupante.
Manaf disse a The Associated Press (AP) que tinha entrevistado Addouri “no campo de batalha”. A “conversa” deu-se “com um comandante que se encontrava no seu território e entre os seus soldados”, em “zona de guerra” e no “campo de batalha enquanto falavam as armas”, dizia Manaf na sua introdução. Addouri falou no seu posto de “Comandante Supremo da Frente de Libertação e para a Jihad, como Secretário-Geral Pan-Arabista do Partido Socialista Árabe Al-Baaz e Secretário da Região do Iraque”, acrescentou o editor egípcio.
AP declarou que “se crê que Addouri desempenha um papel importante nas tarefas de financiamento” da resistência, “ainda que pouco se saiba sobre a forma como lidera os combatentes directamente no terreno”. No entanto, a potência ocupante, os Estados Unidos, assim como o Irão e o regime de Washington aliado dos iranianos chegados a Bagdad após a ocupação, tiveram muito interesse em minimizar o papel desempenhado por Addouri e pelo seu partido na resistência nacional, e em seu lugar destacaram o papel marginal desenvolvido pela Al-Qaida, que entrou no Iraque pela primeira vez graças aos EUA e a outros islamistas.
Se a história pudesse iluminar os factos actuais, a “censura” nas referências a Addouri na política dos meios de comunicação encontraria ecos no plano de golpe anglo-americano que derrubou o governo do dirigente iraniano Mohamed Musadeq em Agosto de 1953 e que serviu para instalar o Xá no poder.
“Um aspecto essencial daquela conjura foi querer fazer passar como seguidores do Partido Comunista Iraniano Tudeh a multidão que se manifestava contra Musadeq (multidão que era na verdade um grupo mercenário, sem ideologia e pago com dólares norte-americanos”). Como em todas e cada uma das intervenções militares estado-unidenses e britânicas até ao colapso da URSS, agitava-se o espantalho da “ameaça comunista” como História Oficial…. A ameaça real do nacionalismo (e outros sujos objectivos para proteger os lucros obtidos a partir do petróleo) minimizava-se ou eliminava-se da imagem que se apresentava em público”. [Mark Curtis, “Web of Deciet”, Vintage, 2003]. No Iraque, a maquinaria da propaganda estado-unidense limitou-se a substituir a “ameaça comunista” pela da Al-Qaida.
Manaf, assinala na sua introdução, que Addouri é um homem muito religioso, muito versado em teologia islâmica e em história árabe, muito próximo do sufismo. A sua cultura árabe e islâmica reflecte-se amplamente nas suas respostas, cheias de citações do Sagrado Corão e de frases de dirigentes históricos árabes e muçulmanos, situação que em alguns momentos converteu em missão impossível a tradução da sua entrevista para inglês.
Addouri identificou Al-Baaz como uma “organização revolucionária, uma liderança forte e inovadora, uma organização revolucionária armada jihadista, que representa um exército intrépido e umas gloriosas forças armadas”.
Negando as informações dos meios de comunicação sobre a sua má saúde (nasceu em 1 de Julho de 1942), Addouri confirmou que: “Gozo de boa saúde e de um elevado espírito jihadista”, acrescentando que: “Creio hoje que estou caminhando para Deus e o Seu Profeta”, e que “deixei para trás o mundo, a sua sorte e a mim próprio” para estar totalmente dedicado e “entregue a Deus e ao seu Amor” até “à vitória ou ao martírio”.
Três Capítulos da Resistência
“A nossa resistência e luta face ao ocupante estado-unidense não são nada de novo”, disse Addouri. “Começou nos primeiros anos da formação do Al-Baaz para se ampliar e aprofundar após a gloriosa revolução de Tammuz (Julho) de 1968… Antes de 2003, o inimigo imperialista utilizou forças locais do Iraque, e em alguns casos da nação (árabe); outras vezes utilizou poderes regionais para nos combater em seu nome. Quando os seus instrumentos locais e regionais fracassaram na hora de impedir o renascimento pan-árabe do Iraque, o inimigo estado-unidense entrou directamente no campo da luta e do combate, acumulou grandes poderes e levou a cabo por si mesmo a invasão e a ocupação”.
Identificou três etapas na resistência iraquiana à invasão e ocupação encabeçadas pelos EUA: “O primeiro capítulo foi o confronto oficial, quando as formações regulares das valentes forças armadas se levantaram frente à invasão; depois veio o lançamento da confrontação popular contra a invasão, que se entrelaçou com o anterior capítulo. A integração popular, a oficial e a militar deram-se imediatamente e a guerra popular de libertação começou durante a primeira semana da invasão, planificada pelos dirigentes e de acordo com a sua estratégia”.
Durante este segundo capítulo de formação da resistência a partir das organizações civis do partido, o fedayin Saddam e os voluntários tomaram parte no desenvolvimento das nossas “operações de martírio”. As “gloriosas mulheres iraquianas participaram nas primeiras formações da resistência popular”. Algumas dessas mulheres realizaram “operações de martírio, a primeira das quais foi a heróica operação levada a cabo por duas mulheres em Bagdad ao terceiro dia da ocupação; outra operação foi levada a cabo por uma gloriosa mulher iraquiana em Al-Nasiriya, no sul do Iraque”.
O “terceiro capítulo é a manutenção da resistência e a prossecução do combate até à libertação do Iraque”.
Addouri disse que durante a ocupação caíram mais de 1,3 milhões de iraquianos e que “o número de mártires do Al-Baaz nessas batalhas foi superior a 120 mil”.
Considera “esse histórico e decisivo confronto”, que descreve como “a batalha santa”, como o “destino e a responsabilidade do Al-Baaz, tanto como a responsabilidade do grande povo iraquiano e as suas capacidades islâmicas, pan-árabes e jiadistas nacionais, e do povo livre da nossa nação e humanidade (árabe) em conjunto, pois todos se tornaram “objectivos da invasão”.
Addouri parecia confiar totalmente na vitória e reiterou que já foi derrotada a ocupação dirigida pelos estado-unidenses, que buscam agora desesperadamente uma saída”. A “resistência destruiu a aliança do mal, cujos membros estão fugindo um após outro. Só Bush continua obstinado na sua derrota”, disse.
Em resposta às perguntas sobre o que havia de verdade nas informações dos meios de comunicação alegando ter havido “contactos entre V. e os estado-unidenses”, se tinha havido algum “contacto directo ou indirecto com autoridades oficiais estado-unidenses”, se “estava desejoso de negociar com os estado-unidenses” e no caso de a resposta ser positiva “quais eram os termos da negociação?”, “se conduziria pessoalmente as negociações” ou autorizaria outros a negociar, se essas negociações seriam bilaterais (entre o Al-Baaz e os EUA) ou em nome da “frente” da resistência, e se estava seguro de que o resultado das negociações corresponderia ao peso real da resistência no terreno, “como diz o refrão, não podes chegar à mesa de negociações mais depressa do que chega a tua artilharia”, Addouri disse:
“Amigos e inimigos” conhecem muito bem a nossa estratégia, que os meios de comunicação já publicaram; “o Al-Baaz não negoceia absolutamente com ninguém que não reconheça de antemão esta estratégia, e não negociará com os Estados Unidos nem com intermediários ou amigos, a não ser nessa base. Se o inimigo reconhece esta estratégia, nos sentaremos com ele directamente, negociaremos com ele e o ajudaremos a sair do nosso país sem perder a face e facilitando a sua saída. Se não houver esse reconhecimento, não haverá negociações com o inimigo ocupante”.
“O Al-Baaz reunir-se-á com todos os que queiram fazê-lo, excepto com a entidade sionista (Israel) e com governo de colaboracionistas da Zona Verde… Nos sentiremos felizes quando o inimigo se convencer da sua derrota, aceitar a nossa estratégia e se sentar connosco a negociar um programa a ser posto em marcha”, acrescentou.
Addouri explicou a sua estratégia, indicando que “qualquer negociação com os invasores sem essa estratégia representa uma deserção e uma traição, e isso é algo que todas as facções islâmicas, pan-árabes e nacionais de a resistência repudiam”:
• Reconhecimento oficial efectivo da resistência nacional, tanto armada como desarmada, incluindo todas as suas facções e partidos políticos, como a única e legítima representante do povo do Iraque.
• Declaração oficial de retirada incondicional do Iraque por parte dos dirigentes estado-unidenses.
• Declarar nulas e sem efeito todas as instituições legislativas e políticas, assim como todas as leis por elas emitidas desde o momento da ocupação, começando pela lei de “desbaazificação”, compensando todos os que tenham sido prejudicados por todas essas leis.
• Pôr fim aos assaltos, perseguições, prisões, assassinatos e deportações.
• Libertação de todos os prisioneiros de guerra, prisioneiros e detidos sem excepção, compensando-os por todos os danos físicos e psicológicos.
• Reconstruir o exército e as forças nacionais de segurança, de acordo com as leis e regulamentos anteriores à ocupação, e compensando todos os que foram negativamente afectados pela sua dissolução.
• Compromisso de compensar o Iraque por todas as perdas morais e materiais provocadas pela ocupação.
Tácticas da Guerrilha Iraquiana
Addouri expôs os seus pontos de vista sobre “a guerra de libertação popular e a guerrilha”, aconselhando os combatentes da resistência a “aderirem aos princípios e normas” deste tipo de guerra e enumerou as quinze tácticas “mais eficazes” para prejudicar o inimigo:
Primeira, “aparecer rapidamente de trás, de frente e aos lados do inimigo, conforme o permitir a natureza do lugar, momento e clima da operação, e o tipo e natureza do objectivo; depois atacar velozmente e desaparecer rapidamente antes que o inimigo possa ter tempo de reagir”.
Segunda, “planificação, realização e selecção do objectivo, pôr muito empenho em causar danos ao inimigo”, acrescentou.
Terceira, “a tua arma é a tua vida; por isso tem cuidado para te manteres sempre alerta e longe dos olhos do inimigo e dos seus espiões”.
Quarta, “proteger a segurança da informação…como uma linha vermelha ou uma questão sagrada” e não confiar em ninguém “porque a confiança não tem limites em sociedade”.
Quinta, “sem espiões, o inimigo é como um cego; por isso faz tudo o que possas para os descobrir e eliminar”.
Sexta, “não te deixes levar por sucessivas vitórias” nem te sintas tentado a “ fazer alarde delas” ou perderás o teu auto-controlo perante os elogios dos teus actos heróicos, não te convertas num fanfarrão do teu êxito, “sê consciente de que o inimigo procura sempre apanhar-te. Por isso sê discreto, passa despercebido e sê vigilante”.
Sétima, “inflige as maiores perdas nas fileiras do teu inimigo e procura diminuir ao máximo as perdas nas tuas”.
Oitava, “torna difícil a vida do inimigo durante as suas horas de descanso, não permitas que encontre segurança em nenhum lugar e não lhe dês tempo para que recupere”.
Nona, “as linhas de abastecimento são o salva-vidas do inimigo”. Por isso, “concentra-te e corta” essas linhas.
Décima, “concentra-te nas bases, campos e quartéis do inimigo dia e noite” para “quebrar a sua moral”.
Décima primeira, “gasta o tempo necessário para tratar com todo o cuidado os traidores e espiões para evitar atingir os inocentes”.
Décima segunda, “alarga o círculo de controlo, perseguição e caça do inimigo… para que não te surpreenda”.
Décima terceira, “mantém os teus laços tradicionais com os teus familiares, vizinhos, conterrâneos e amigos, e aprofunda e estreita esses laços, mas não lhes faças sentir que tens uma missão que eles não compreendem” e “ajuda-os a superar as dificuldades e a dureza da vida diária, que são tantas hoje em dia” para que te protejam quando estiveres em perigo e não te entreguem ao inimigo; eles são “ a tua armadura segura e o teu honesto amparo”.
Décima quarta, “crê em Deus… que seja o nosso ponto forte de partida”.
Décima quinta, “luta por amor de Deus contra os inimigos de Deus… até que o tirano… até que os invasores sejam derrotados, até à vitória inequívoca, até à libertação da pátria, e levanta a bandeira de “Não há outro Deus além de Deus” e recupera a bandeira de “Deus é o Maior”, para que se levante por sobre os céus do Iraque” afirmou Addouri
Outros Extractos da Entrevista
Manaf: Disse que a resistência iraquiana se constituiu imediatamente após a profanação da terra do Iraque pelas forças estado-unidenses. Como pode a resistência nascer e crescer com tanta rapidez?
Addouri: “O Partido Socialista Árabe Al-Baaz é o partido do Iraque e da nação árabe… Não deporá as armas nem deixará de lutar nem uma hora, dia e noite e a marcha dos seus jiadistas não se deterá nunca… Não se deixou surpreender pelos acontecimentos, como aumentou… a sua determinação de continuar a combater implacavelmente contra os invasores, os seus cúmplices e espiões, sem ter em conta os sacrifícios nem o tempo que custe conseguir a vitória completa e a libertação do Iraque”.
Papel do Exército
Manaf: Que papel desempenham na resistência os oficiais e soldados das forças armadas iraquianas?
Addouri: Actualmente desempenham “um papel heróico e decisivo na marcha da resistência. Além do seu papel de luta jiadista através das suas próprias formações… sob as directivas do Comando-Geral das Forças Armadas; estão distribuídos de acordo com a liderança do partido Al-Baaz e do Comando-Geral das Forças Armadas, noutras facções jiadistas onde actuam como comandantes de campo, planificadores, técnicos, construtores e promotores da maioria das diversas armas da resistência. Representam a alma da resistência e o segredo das suas inovações, realizações e vitórias”.
Novos métodos “sem precedentes”
Manaf: Que distingue a resistência iraquiana? Como pode combater o ocupante em campo aberto?
Addouri: “A resistência depende das normas e princípios das guerras populares e da guerra de guerrilhas, embora no desenvolvimento dos seus métodos e tácticas de combate tenha sido inovadora na sua logística e operações especiais. E mais importante, adaptou-se ao meio iraquiano para actuar em função da guerra popular. Por meio da prática, desenvolveu muito essas normas para “se mover com rapidez” a fim de conseguir que “toda a terra seja nossa e todo o tempo seja nosso” e ser capazes de converter em antiquado o que é novo para o inimigo, de forma a “enfrentá-lo com as nossas próprias inovações”.
“Elaboramos e inovamos novas vias e métodos que não têm precedentes nas guerras populares de libertação, ou inclusive nas ciências da espionagem… Não posso entrar em mais detalhes por razões de segurança; isso é o que mantém a resistência e os seus dirigentes, é um segredo misterioso para humilhar o inimigo, os seus colaboradores e espiões”.
Al-Baaz vive e… continua recrutando partidários
Manaf: Neste momento, estão distribuídas por igual as formações da sua resistência para cobrir toda a área do Iraque ou concentram-se em certas zonas e departamentos?
Addouri: “O partido (Al-Baaz) tem mais de meio século de existência no Iraque…. A actual organização do Al-Baaz… é mais forte em muitos casos do que era antes da ocupação… (Não vou dar mais pormenores por razões óbvias) O Al-Baaz se manifestará a seu devido tempo”. Na actualidade, o partido está presente em todas as cidades, povoados, planícies, montanhas e desertos do Iraque; no exterior do Iraque também está presente entre os iraquianos onde quer que estejam, em todos os países árabes ou em países estrangeiros”.
Depois da ocupação, apesar das “duras condições” para se incorporar no partido e da campanha de desbaazificação, “milhares uniram-se ao partido, a maioria gente jovem de entre 16 e 25 anos. Dezenas de milhar de outros iraquianos uniram-se às facções da resistência dirigidas pelo Al-Baaz”.
“Finalmente, surgiu a Frente Islâmica, Pan-Árabe e Nacional; Al-Baaz é um dos seus pilares básicos”.
Sem apoio exterior
Manaf: A resistência iraquiana é única no facto de que não tem apoios ou financiamento internacionais, regionais ou árabes; como pode o Al-Baaz manter a força e escalada da resistência?
Addouri: “A nossa resistência… não só não tem financiamento fora das fronteiras do país, o que é pior e mais amargo é que 99% dos poderes com influência do mundo estão ou directamente implicados com o inimigo contra ela ou simpatizam com o inimigo; o um por cento que simpatiza com a resistência, virou-lhe as costas por medo aos seus inimigos, mas Deus providenciou e fez com que não precisemos deles. O povo do Iraque trouxe-lhe o seu dinheiro e os seus filhos: é uma fonte inesgotável”.
Manaf: Há quem diga que o papel do Al-Baaz na resistência é limitado. Qual é a dimensão da resistência dirigida pelo Al-Baaz?
Addouri: “O ocupante inimigo e os seus sócios regionais e locais lançaram um genocídio contra os baazistas, as suas famílias, seguidores e simpatizantes. A Constituição dos colaboracionistas, que foi preparada pela CIA, inclui um artigo racista nazi que estipula a liquidação do Al-Baaz como organização, pensamento e pessoas”.
“Estabeleceram como objectivo a liquidação física, destruição e erradicação do partido da sociedade até ao último dos seus membros”.
“Um dos mais importantes e perigosos métodos de desbaazificação, depois do assassinato e liquidação física dos baazistas, é a intenção de censurar totalmente o papel do Al-Baaz no campo de batalha como partido resistente e resistência armada, desprestigiando a sua imagem e papel”.
“Se o Al-Baaz não tivesse estado na origem da resistência desde o primeiro dia da invasão e ocupação, e não tivesse actuado como se a batalha fosse a sua própria batalha e a causa a sua própria causa, o mundo não poderia ter visto o aparecimento da mais forte das resistências nacionais imediatamente após a invasão”.
“O resto das facções da Jihad apareceram quando a resistência estava profundamente envolvida no confronto com o ocupante e minando a sua estratégia; algumas dessas facções formaram-se e começaram a actuar três anos depois da ocupação.
Operacões documentadas com CD
“A coluna vertebral” da “ampla e forte base da jihad é hoje a resistência do Al- Baaz e a das forças islâmicas, pan-árabes e nacionais, com os membros do Alto Comando da Jihad e da Libertação na vanguarda, que abarca todo o Iraque”, desde Um Qaser pelo sul até Zajo pelo norte, e desde Al Qaim pelo oeste a Janqin e Mandali pelo leste.
Esta resistência é objecto de um assédio político, económico e mediático, a fim de censurar e suprimir as suas operações militares, actividades políticas e a sua destrutiva influência física e psicológica sobre os soldados da potência ocupante e das suas forças no Iraque.
Manaf: “Não vê como os invasores, colaboracionistas, traidores, espiões e renegados… apesar das suas divergências em muitas outras coisas, estão de acordo em censurar o seu papel e acções e em vez disso expandir a ideia de que a resistência é terrorismo?”
Addouri: “Documentei em CDs milhares de operações dos últimos cinco anos contra o inimigo… apesar de o inimigo enaltecer o papel de outros grupos, alguns dos quais, directamente ou através de intermediários, foram formados pelo próprio ocupante, e algumas outras foram formadas por poderes estrangeiros hostis ao Iraque… que matam as pessoas com base nos dados do seu documento de identidade (Addouri referia-se explicitamente às milícias sectárias formadas pelo Irão, mas não mencionou o nome deste país).
Futuro Sistema Pluralista
Manaf: Como entende o processo político em curso no Iraque? Que comentário pode fazer acerca das conferências de reconciliação de que se falou sob os auspícios da Liga de Estados Árabes?
Addouri: “Não há trégua com esses… e resistiremos qualquer que seja a entidade que se estabeleça sob a ocupação e ao seu serviço, e entre elas, e em primeiro lugar, o governo de traidores da Zona Verde”.
Manaf: Pensou em alguma estratégia para administrar o governo do Iraque depois da libertação?
Addouri: Desde o primeiro dia da ocupação, o Al-Baaz fez um apelo à “unidade da resistência como uma necessidade histórica”. Com esforço e persistência, o partido conseguiu formar a “Frente Islâmica, Pan-Árabe e Nacional em 2005”, e de seguida a “Jihad e a Frente de Libertação, para integrar as facções armadas em campo (33 facções armadas da resistência, segundo disse). Ambas as frentes estão abertas a todas as forças políticas e armadas contra a ocupação” a fim de conseguir uma maior unidade durante a libertação e depois dela.
O Al-Baaz não adoptou nunca uma postura de partido único; “não crê nela e rejeita a teoria do partido único”. No entanto, no passado, e por “circunstâncias objectivas”, defendeu “a teoria do partido dirigente”.
“O Al-Baaz crê profunda e principalmente na criação de um sistema democrático nacional pluralista no qual o poder mude democraticamente a partir das urnas e de eleições justas, livres e transparentes”.
Qualquer desvio deste aspecto ocorrido no passado “inclui-se no contexto dos erros” da história do Al-Baaz.
Compromisso com a autonomia curda
Manaf: Que programa apresenta para abordar a questão curda após a libertação?
Addouri: “Cremos firmemente que o nosso povo curdo não conseguirá os seus direitos nacionais e culturais… senão no seio da unidade de… um Iraque livre, libertado, independente e próspero… O Partido Baaz continuará comprometido com a declaração histórica de Março de 1970 e com a Lei de Autonomia de 1974 como base para abordar os direitos políticos, culturais e nacionais do nosso povo curdo do Iraque”.
Manaf: Foi há pouco fundado publicamente o “Partido pela Justiça e a Liberdade do Curdistão”, que está contra a ocupação. Que papel espera que desempenhe este partido no Curdistão?
Addouri: Foram fundados dois partidos curdos em nome do partido pela liberdade e justiça do Curdistão, um presidido por Yohar al-Hirki, filho de uma importante família curda iraquiana que é leal ao povo do Iraque, e outro que é presidido pelo “irmão combatente” Arshad Zibari. Ambos fizeram grandes sacrifícios a partir das suas famílias e tribos contra a ocupação e em defesa da liberdade e independência do Iraque.
“O nascimento de ambos os partidos contribuirá para fortalecer e ampliar o movimento nacional curdo contra a ocupação e os que a apoiam”.
*Nicola Nasser é um jornalista árabe veterano que vive em Bir Zeit, Cisjordânia, nos territórios palestinianos ocupados por Israel.
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http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=9192lmente
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1 comentário:
Impressionante esta notícia sobre a luta do povo Iraquiano aos invasores. Tem de haver alguma liderança e organização e parece-me plausível que venha do partido Baaz do Saddam, em vez da Al-Kaeda, como nos faz crer os media de influência americana.
Júlio
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