Em poucos anos, EUA vão pagar, por ano, um montante de juros da dívida equivalente ao plano anticrise
23 Novembro 2009
O New York Times tem uma análise impressionante sobre o andamento das contas públicas nos EUA. Com uma dívida de cerca de 12 biliões de dólares, o Estado norte-americano paga agora, por ano, cerca de 202 mil milhões de euros em juros. Em 2019 serão 700 mil milhões, mesmo com reduções drásticas do défice orçamental, ou seja, mais ou menos um plano anticrise de Obama por ano. Estes são números conservadores diz o jornal.
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A pressão não é apenas de médio longo prazo. A curto prazo começaram já a sentir-se pressões significativas: os juros vão começar a subir e o Estado tem quantidades significativas de dívida a vencer no nos próximos meses.
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Paul Krugman comenta o artigo e insere-o numa lógica de histeria de défices.
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A Grécia a caminho de uma dívida pública de 150% do PIB
A situação na Grécia não está fácil. Depois do anúncio de que o défice orçamental deveria aumentar para 12,5% do PIB este ano, os mercados demoraram mas começaram a reagir levando os spreads a aumentar. Segundo o jornal Kathimerini o aumento de “spreads” custará cerca de 2,5 pontos de PIB por ano. Em 2014 a Grécia poderá ter um nível de dívida pública de 150% do PIB.
A situação na Grécia não está fácil. Depois do anúncio de que o défice orçamental deveria aumentar para 12,5% do PIB este ano, os mercados demoraram mas começaram a reagir levando os spreads a aumentar. Segundo o jornal Kathimerini o aumento de “spreads” custará cerca de 2,5 pontos de PIB por ano. Em 2014 a Grécia poderá ter um nível de dívida pública de 150% do PIB.
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Teixeira dos Santos diz que se Portugal não consolidar vai ser penalizado
No Negócios o ministro das Finanças defende a necessidade de pedir mais endividamento para este ano e justifica o acordo que estabeleceu com Bruxelas de redução do défice orçamental para 3% do PIB até 2013. “Se não acompanharmos o ajustamento orçamental internacional “acabaremos por ser penalizados”, acrescentando que “tendo [Portugal] sido já submetido a dois procedimentos por défice excessivo, o escrutínio a que vai estar sujeito será mais rigoroso”, escreve o jornal.
No Negócios o ministro das Finanças defende a necessidade de pedir mais endividamento para este ano e justifica o acordo que estabeleceu com Bruxelas de redução do défice orçamental para 3% do PIB até 2013. “Se não acompanharmos o ajustamento orçamental internacional “acabaremos por ser penalizados”, acrescentando que “tendo [Portugal] sido já submetido a dois procedimentos por défice excessivo, o escrutínio a que vai estar sujeito será mais rigoroso”, escreve o jornal.
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Mercados nervosos com dívida dos países ricos
Sobre dívida pública dos países ricos, o Financial Times tem um artigo muito interessante. Os volumes de transacções de CDS (seguros de crédito) dos EUA, Japão e Reino Unido duplicaram no último ano, enquanto os do Brasil, Ucrânia e Indonésia estabilizaram. Os mercados estão a apostar mais nos “defaults” dos ricos.
Sobre dívida pública dos países ricos, o Financial Times tem um artigo muito interessante. Os volumes de transacções de CDS (seguros de crédito) dos EUA, Japão e Reino Unido duplicaram no último ano, enquanto os do Brasil, Ucrânia e Indonésia estabilizaram. Os mercados estão a apostar mais nos “defaults” dos ricos.
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Bancos festejam antes das novas regras de regulação
Dominique Strauss Kahn, o director geral do FMI, deixou uma visão singular sobre o quê está a acontecer nos mercados. Para Kahn, as perspectivas de novas regras de regulação mais apertadas está a gerar um espírito de festa em antecipação junto das instituições financeiras.
Dominique Strauss Kahn, o director geral do FMI, deixou uma visão singular sobre o quê está a acontecer nos mercados. Para Kahn, as perspectivas de novas regras de regulação mais apertadas está a gerar um espírito de festa em antecipação junto das instituições financeiras.
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A economia não percebe a realidade que pretende retratar
Axel Leijonhufvud, professor nas universidades de Trento e UCLA, defende que há um problema profundo com o estudo da economia: os modelos têm como ponto de partida que a economia funciona num enquadramento de estabilidade afectada por fricções. Ora, Leijonhufvud diz que o mundo não é assim: “Falta à economia um conhecimento ancorado da natureza da realidade que é suposto iluminar”, escreve, acrescentando que “a instabilidade da alavancagem, a conectividade, e ainstabilidade potencial do nível de preços foram negligenciadas na teoria de estabilidade-com-fricções”. E assim sendo: “os governos não estão preparados para uma nova crise”.
Axel Leijonhufvud, professor nas universidades de Trento e UCLA, defende que há um problema profundo com o estudo da economia: os modelos têm como ponto de partida que a economia funciona num enquadramento de estabilidade afectada por fricções. Ora, Leijonhufvud diz que o mundo não é assim: “Falta à economia um conhecimento ancorado da natureza da realidade que é suposto iluminar”, escreve, acrescentando que “a instabilidade da alavancagem, a conectividade, e ainstabilidade potencial do nível de preços foram negligenciadas na teoria de estabilidade-com-fricções”. E assim sendo: “os governos não estão preparados para uma nova crise”.
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No outro artigo, também no VOX, Paul De Grauwe escreve sobre as deficiências dos modelos macroeconómicos que assume racionalidade quase perfeita dos agentes. Sugere um novo tipo de abordagem que permitira aos modelos levar em conta os exageros e os problemas de cognição dos agentes económicos, introduzindo as crenças (optimismo e pessimismo) dos agentes e assim replicando os “animal spirits” de Keynes.
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— e.conomia.info
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