Um desastre nuclear pior do que o acidente de Tchernobil em 1986 pode estar em gestação no Japão, onde centenas de toneladas de combustível atômico altamente radioativo estão a céu aberto e podem pegar fogo, contaminando a atmosfera.
Por Stephen Leahy, na agência IPS
Muitos países aconselharam seus cidadãos a abandonar o Japão. “Isto é território desconhecido. Há 50% de possibilidades de se perder os seis reatores e seus tanques de armazenamento”, afirmou Jan Beyea, físico nuclear da consultoria norte-americana Consulting in the Public Interest.
“Estou surpreso que a situação não tenha se agravado mais rápido. Se não houver progressos, será questão de dias antes que o combustível usado derreta”, disse Ed Lyman, físico da União de Cientistas Comprometidos e especialista em projetos de usinas atômicas. A central de Fukushima Daiichi foi danificada pelo terremoto seguido de tsunami do dia 11.
Calcula-se que há cerca de 1.700 toneladas de combustível atômico usado, mas ainda perigoso, nos tanques de armazenamento próximos aos seis reatores, segundo Kevin Kamps, especialista em lixo radioativo da organização ambientalista norte-americana Beyond Nuclear. Os tanques mantêm há 30 ou 35 anos combustível usado nos reatores 3 e 4, mas perderam sua capacidade de contenção e a maior parte, se não toda ela, da água que era usada para refrigerá-los. Podem pegar fogo, lançando partículas radioativas na atmosfera, disse Kevin à IPS.
Na semana passada, helicópteros japoneses protegidos com chumbo lançaram água do mar sobre os reatores 3 e 4, em um desesperado e perigoso esforço para esfriá-los. Se parte do combustível usado pegar fogo e este se propagar, enormes áreas do Japão “poderão ficar contaminadas com Césio 137 por 30 a 50 anos”, disse Jan à IPS. O Césio 137 permanece radioativo por mais de cem anos. É uma conhecida fonte de câncer e tem outros impactos na saúde. Uma vez liberado, é muito difícil de ser controlado. O césio é a razão pela qual grande parte da região onde houve a explosão de Tchernobil, na Ucrânia, continua inabitável após 25 anos.
Um estudo realizado em 2010 pela Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, mostrou que meninos e meninas que nasceram depois do desastre, mesmo a mais de 75 quilômetros de distância, tinham problemas crônicos em seus pulmões devido à presença de Césio 137 nas partículas de pó e no solo. “As particular de césio foram espalhadas por centenas de milhas durante o fogo intenso em Tchernobil”, explicou Kevin. Só para comparar, Tchernobil tinha no total 180 toneladas de combustível nuclear, enquanto Fukushima Daiichi conta com 560 toneladas em seus reatores, mais 1.700 toneladas de combustível usado.
“A indústria nuclear do Japão e dos Estados Unidos sabia que a perda de refrigeração nos tanques de armazenamento de combustível usado seria um grave problema, mas simplesmente disseram que nada aconteceria”, afirmou Jan, coautor de um estudo de 2004 sobre este tema realizado para o Conselho Nacional de Pesquisas da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Por ter trabalhado na indústria, Jan disse estar convencido de que esta é administrada por engenheiros extremamente confiantes em si mesmos que minimizam ou ignoram as probabilidades de desastre.
Os reatores nucleares geram enorme quantidade de calor, e devem ser constantemente resfriados para impedir que a proteção do combustível pegue fogo e este derreta. Já que uma reação nuclear não pode ser apagada, quando o combustível usado é retirado de um reator ainda continua gerando grande quantidade de calor e deve ser esfriado com água entre cinco e 20 anos.
Todos os reatores possuem tanques de armazenamento com grossas paredes reforçadas de concreto, localizados a 15 metros de profundidade, contendo cerca de 1,5 milhão de litros de água. Logo esta água esquenta e deve ser constantemente substituída por outra fria. A perda de eletricidade e as falhas dos geradores de apoio em Fukushima Daiichi limitaram o fluxo de água para os tanques de armazenamento e reatores.
Os níveis de radiação dentro da usina subiram tanto que é perigoso para os trabalhadores continuarem no local bombeando água marinha. O comum é usar água potável, porque a água do mar contém sais que posteriormente afetam os metais. Mas esta é uma emergência. A radiação atinge níveis mortais quando não há água suficiente para cobrir um tanque de armazenamento, explicou Kevin. “Será muito difícil aproximar-se o suficiente para esfriar os tanques. Se o pior ocorrer, e os seis tanques pegarem fogo, será um desastre inimaginável, podendo ser pior do que Tchernobil”, alertou.
A quantidade de césio que poderia ser liberada em Fukushima é muitos milhares de vezes maior do que a propagada pela bomba lançada sobre a cidade de Hiroshima na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), reconheceu Jan. “O Japão enfrenta enormes impactos potenciais em sua economia, sociedade e saúde do povo”, disse, referindo-se que estes podem durar décadas.
Fonte: Envolverde
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“Estou surpreso que a situação não tenha se agravado mais rápido. Se não houver progressos, será questão de dias antes que o combustível usado derreta”, disse Ed Lyman, físico da União de Cientistas Comprometidos e especialista em projetos de usinas atômicas. A central de Fukushima Daiichi foi danificada pelo terremoto seguido de tsunami do dia 11.
Calcula-se que há cerca de 1.700 toneladas de combustível atômico usado, mas ainda perigoso, nos tanques de armazenamento próximos aos seis reatores, segundo Kevin Kamps, especialista em lixo radioativo da organização ambientalista norte-americana Beyond Nuclear. Os tanques mantêm há 30 ou 35 anos combustível usado nos reatores 3 e 4, mas perderam sua capacidade de contenção e a maior parte, se não toda ela, da água que era usada para refrigerá-los. Podem pegar fogo, lançando partículas radioativas na atmosfera, disse Kevin à IPS.
Na semana passada, helicópteros japoneses protegidos com chumbo lançaram água do mar sobre os reatores 3 e 4, em um desesperado e perigoso esforço para esfriá-los. Se parte do combustível usado pegar fogo e este se propagar, enormes áreas do Japão “poderão ficar contaminadas com Césio 137 por 30 a 50 anos”, disse Jan à IPS. O Césio 137 permanece radioativo por mais de cem anos. É uma conhecida fonte de câncer e tem outros impactos na saúde. Uma vez liberado, é muito difícil de ser controlado. O césio é a razão pela qual grande parte da região onde houve a explosão de Tchernobil, na Ucrânia, continua inabitável após 25 anos.
Um estudo realizado em 2010 pela Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, mostrou que meninos e meninas que nasceram depois do desastre, mesmo a mais de 75 quilômetros de distância, tinham problemas crônicos em seus pulmões devido à presença de Césio 137 nas partículas de pó e no solo. “As particular de césio foram espalhadas por centenas de milhas durante o fogo intenso em Tchernobil”, explicou Kevin. Só para comparar, Tchernobil tinha no total 180 toneladas de combustível nuclear, enquanto Fukushima Daiichi conta com 560 toneladas em seus reatores, mais 1.700 toneladas de combustível usado.
“A indústria nuclear do Japão e dos Estados Unidos sabia que a perda de refrigeração nos tanques de armazenamento de combustível usado seria um grave problema, mas simplesmente disseram que nada aconteceria”, afirmou Jan, coautor de um estudo de 2004 sobre este tema realizado para o Conselho Nacional de Pesquisas da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Por ter trabalhado na indústria, Jan disse estar convencido de que esta é administrada por engenheiros extremamente confiantes em si mesmos que minimizam ou ignoram as probabilidades de desastre.
Os reatores nucleares geram enorme quantidade de calor, e devem ser constantemente resfriados para impedir que a proteção do combustível pegue fogo e este derreta. Já que uma reação nuclear não pode ser apagada, quando o combustível usado é retirado de um reator ainda continua gerando grande quantidade de calor e deve ser esfriado com água entre cinco e 20 anos.
Todos os reatores possuem tanques de armazenamento com grossas paredes reforçadas de concreto, localizados a 15 metros de profundidade, contendo cerca de 1,5 milhão de litros de água. Logo esta água esquenta e deve ser constantemente substituída por outra fria. A perda de eletricidade e as falhas dos geradores de apoio em Fukushima Daiichi limitaram o fluxo de água para os tanques de armazenamento e reatores.
Os níveis de radiação dentro da usina subiram tanto que é perigoso para os trabalhadores continuarem no local bombeando água marinha. O comum é usar água potável, porque a água do mar contém sais que posteriormente afetam os metais. Mas esta é uma emergência. A radiação atinge níveis mortais quando não há água suficiente para cobrir um tanque de armazenamento, explicou Kevin. “Será muito difícil aproximar-se o suficiente para esfriar os tanques. Se o pior ocorrer, e os seis tanques pegarem fogo, será um desastre inimaginável, podendo ser pior do que Tchernobil”, alertou.
A quantidade de césio que poderia ser liberada em Fukushima é muitos milhares de vezes maior do que a propagada pela bomba lançada sobre a cidade de Hiroshima na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), reconheceu Jan. “O Japão enfrenta enormes impactos potenciais em sua economia, sociedade e saúde do povo”, disse, referindo-se que estes podem durar décadas.
Fonte: Envolverde
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