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Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Seixal, Festa do Avante!
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Há quem diga que, perante o fracasso desta política de desastre nacional, estamos perante aprendizes de feiticeiro, vítimas do ricochete do seu próp
rio feitiço.
Puro engano!
Eles não são principiantes! Eles são mestres na arte da exploração dos trabalhadores e dos povos, para servir os senhores do dinheiro. Na sua maioria cursaram e fizeram tirocínio nas escolas do pensamento neoliberal, nos alcatifados da União Europeia e nas mais afamadas administrações dos grupos económicos e das grandes instituições financeiras, cujas portas estão sempre abertas a um regresso, depois de uma “sacrificada comissão de serviço público”. Eles são peritos na arte da mistificação. Eles nunca se enganam na receita e o feitiço nunca se vira contra eles, nem contra os interesses que servem, mas contra os trabalhadores, contra o povo.
(...)Uma ofensiva anti-social e por isso anti-democrática que cada vez mais põe em causa a liberdade e os direitos democráticos dos povos, conquistados com árduas lutas. Uma ofensiva que sendo contrária aos direitos dos povos e hipotecando por décadas as possibilidades de desenvolvimento económico e social dos seus países, é por isso mesmo levada a cabo por via da imposição supranacional e do federalismo num processo que traz para a actualidade as relações de domínio colonial que o mundo conheceu no passado.
Uma ofensiva que demonstra bem para que serve e a quem serve esta União Europeia do grande capital, cada vez mais neoliberal, militarista e federalista. Uma ofensiva que dá razão a todos os que como o PCP sempre afirmaram que os sonantes discursos da coesão social e económica e da solidariedade não passavam de chavões vazios de conteúdo, ditos e reditos para abrir campo ideológico ao aprofundamento da integração capitalista na Europa e à afirmação da União Europeia como um bloco imperialista.
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As medidas de ataque aos salários, às reformas, aos rendimentos e condições de vida dos trabalhadores e do povo. O aumento dos impostos sobre o trabalho e consumo. A deliberada e drástica redução do investimento público e privado. A renúncia a uma política de desenvolvimento e de promoção da produção nacional. O aumento desmesurado e generalizado dos preços da energia, transportes e de todos os factores de produção – sectores dominados pelos grandes grupos económicos –, bem como o estrangulamento financeiro das micro, pequenas e médias empresas, são os negros traços de uma política de rapina ditada pelo dogmatismo ideológico ao serviço dos grandes interesses, cujas consequências negativas para o país e para a vida dos portugueses estão para lá das previsões mais pessimistas.
Um ano de governo do PSD/CDS-PP e de aplicação do Pacto de Agressão que em aspectos centrais teve o apoio e a conivência do PS, bem patente na aprovação das medidas de alteração ao Código de Trabalho ou na aprovação do Orçamento que, mais uma vez, não só pôs a nu a falência das receitas da política de direita na resolução dos problemas nacionais, como os agravou.
Isso é patente na explosão incontrolável do desemprego que não pára de crescer e que está a hipotecar o futuro do país e das novas gerações e a criar uma massa crescente de excluídos. Mais de um milhão e trezentos mil desempregados! A nossa juventude, todos os nossos jovens, hoje mais bem preparados e melhor qualificados não têm, nem vêem uma perspectiva de futuro no seu país!
Isso é evidente na profundidade e amplitude da recessão económica que assume contornos cada vez mais preocupantes e sem fim à vista com a falência e aniquilação de milhares de empresas, despedimentos, os salários em atraso, lay-off indiscriminado, vidas destruídas.
Níveis recorde de desemprego! Níveis recorde de recessão e destruição!
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É preciso pôr um ponto final nesta política de ruína!
A economia não pode servir apenas a uma minoria, à exploração desenfreada, aos especuladores, aos grandes grupos económicos.
A economia tem que estar ao serviço das pessoas, do desenvolvimento do país, dos nossos jovens, do nosso povo!
E isso é possível! Se o homem e as suas necessidades forem colocados no centro das preocupações e das opções de política económica e social. E essa é a opção da política patriótica e de esquerda que defendemos para o país!
Um ano de governo do PSD/CDS-PP marcado por uma avassaladora ofensiva contra os direitos sociais e os interesses populares que passaram a ser objecto de ataque em todos os domínios – no trabalho, na saúde, na educação, na segurança e protecção social, na habitação, nos transportes, na justiça, no poder local e em muitos outros domínios da nossa vida colectiva.
Um ataque brutal e sem paralelo às grandes conquistas populares da Revolução de Abril. Um ataque que é objecto da mais viva resistência, protesto e luta do nosso povo.
Daqui saudamos os trabalhadores e as suas grandes e pequenas lutas, sectoriais, regionais e nacionais em defesa das suas condições de trabalho e de vida, em defesa do direito ao trabalho e do trabalho com direitos.
1 comentário:
A verdade tem que ser dita aos quatro ventos. Muito bem!
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