…e o governo caíu
A direita que frequenta os écrans das televisões andou a semana inteira a discutir as enormes divisões no seio do PS e a antecipar dissidências na votação da moção de rejeição ao governo da coligação PSD-CDS. Enganou-se. O PS e todos os deputados à sua esquerda aprovaram sem quebras a rejeição. Até o deputado do PAN se juntou à esquerda. E o governo caíu.
Demitido que está o governo, a direita do comentário televisivo empenhou-se em menorizar os acordos assinados pelo PS com PCP, Bloco e PEV. “É pouco”, gritam uns; “é nada”, gritam outros. O Presidente tem que “impôr coisas”; “não há garantias”… enfim, cada um tem o seu modelo de acordo, tentando minar a discussão e influenciar Cavaco a manter Passos até ver.
Ora, em 2011 quando o PSD e o CDS se juntaram numa coligação pós-eleitoral e formaram um governo de maioria absoluta, estável, duradouro, coerente, ninguém previa que a dita estabilidade se veria ameaçada por diversas vezes: quando Vítor Gaspar se demitiu e deixou uma carta demolidora sobre o seu próprio governo. Quando Portas fez birra e se demitiu “irrevogavelmente”; quando o aumento da TSU provocou a maior manifestação de todos os tempos em Portugal; quando numa noite não muito longínqua, Passos quis demitir-se por causa do Tribunal Constitucionl e Cavaco o segurou; quando, noutro momento, Cavaco tentou pôr ordem na bagunça do governo e quis forçar um acordo da coligação com o PS de Seguro prometendo a este, em troca desse acordo, eleições antecipadas que o PS acabou por recusar…. Alguém então exigiu a Passos e a Portas o que quer que fosse? Alguém esperava que a coligação tremesse tantas vezes tendo maioria absoluta?
É esta direita e os seus apoiantes que agora querem um acordo da A a Z entre o PS e os partidos à sua esquerda, com juras e promessas de amor eterno. Os quatro partidos acordaram prioridades para 4 anos de governo, com honestidade e rigor sem que para isso tenham que mudar de convicções e renegar princípios que sempre defenderam.
Significativo foi também o facto de as televisões terem passado como cão por vinha vindimada pela importante declaração de Mário Centeno nas perguntas a Maria Luís Albuquerque. Centeno arrasou o programa do governo em meia dúzia de palavras: “Tem poucos números e os que tem não estão certos”, e garantiu ser “falso” que o PS não tenha demonstrado disponibilidade para saber mais das propostas do PSD e do CDS, assegurando que foram estes partidos que não responderam às mais de 50 questões colocadas pelos socialistas. Nem Passos nem Maria Luís lhe responderam.
A direita não aceita ser arredada do poder. perdeu o discurso, foi confrangedor assistir à pobreza de argumentos no debate parlamentar em que foi “despedida por justa causa”, como bem disse Mário Centeno. Prometeu represálias e revanchismo. O que fará?
https://vaievem.wordpress.com/2015/11/10/e-o-governo-caiu/
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