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Na sua intervenção da histórica tarde de ontem, António Costa usou a expressão “palavra dada é palavra honrada” e o galinheiro em que se tinha transformado a bancada parlamentar do PàF explodiu em histerismo. Uma reacção que não deixa de ser curiosa vinda da facção liderada por Pedro Passos Coelho, que se fez eleger em 2011 com um conjunto de falsas palavras dadas que não foram honradas, apesar do seu conhecimento da realidade do país.
Costa termina a sua intervenção e o senhor que se segue é Luís Montenegro. Orador perspicaz, o líder da bancada parlamentar do PSD soube dar uso à expressão e virá-la contra António Costa. Mas, perante a indignação daquele que em tempos vaticinava que “a vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor“, e longe de querer fazer a defesa do líder do PS que até mereceu alguns dos mimos desferidos por Montenegro, vou tentar aqui repetir o exercício feito pelo distinto maçon, ainda que sem o brilhantismo de tão capacitado mestre da retórica:
- “Não podemos aumentar mais esta receita aumentando mais impostos” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Nós não olhamos para as classes de rendimento a partir dos 1000 euros (…) dizendo «aqui estão os ricos de Portugal, que paguem a crise»” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “A nossa segunda condição, não trazer um novo aumento de impostos. Nem directo, nem encapotado.” (Pedro Passos Coelho, 2010) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Acusava-nos o partido socialista de querer liberalizar os despedimentos. Que lata.” (Pedro Passos Coelho, 2010) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Mas do nosso lado, não contem para mais impostos.” (Pedro Passos Coelho, 2010) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Não basta austeridade e cortar. Não se pode cortar cegamente.” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Espero, como futuro primeiro-ministro, nunca dizer ao país, ingenuamente, que não conhecemos a situação. Nós temos uma noção de como as coisas estão.” (Pedro Passos Coelho, 2011) –Palavra dada, é palavra honrada
- “Não podemos pôr reformistas e pensionistas a pagar.” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal ainda, a minha garantia é de que ela seria canalizada para os impostos sobre o consumo e não para os impostos sobre os rendimentos das pessoas.” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Já ouvi o primeiro-ministro dizer, infelizmente, que o PSD quer acabar com muitas coisas e também com o 13º mês mas nós nunca falamos nisso e isso é um disparate.” (Pedro Passos Coelho, 2011) –Palavra dada, é palavra honrada
- “O PSD acha que o aumento de impostos que já está previsto por este governo já é mais que suficiente, não é preciso fazer mais aumentos de impostos. O IVA, já ontem referi, não é para subir.” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Eu não quero ser primeiro-ministro para dar empregos ao PSD.” (Pedro Passos Coelho, 2011) – Palavra dada, é palavra honrada
- “Com a apresentação do pedido de demissão, que é irrevogável, obedeço à minha consciência e mais não posso fazer.” (Paulo Portas, 2013) – Palavra dada, é palavra honrada.
Penso que estamos conversados sobre palavras dadas e honradas. A internet é tramada.
http://aventar.eu/2015/11/11/palavra-dada-e-palavra-honrada/
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