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| Quando um facto não é um acontecimento isolado e simples – por exemplo, quando alguém o refere dizendo «tropecei numa pedra» – mas sim decorrente de um complexo de acontecimentos que interagem dialecticamente e se chega a uma síntese que carrega em si numerosos significados, é natural que sobre tal facto haja apreciações controversas. Mesmo quando, diante do nariz do analista, se perfila uma irrefutável realidade, há sempre tendência (entre algumas tendências da nossa praça), a desvalorizar o facto, a remeter para comparações abusivas que só uma benevolência extrema poderia aceitar como válidas. Para já não falar de manipulações evidentes e desonestas, que também não são raras nas análises proferidas em tribunas ou publicadas nas páginas das numerosas vozes do dono. . Sócrates, o engenheiro, desvalorizou na Assembleia da República, a memorável manifestação de protesto contra a sua política. Frente aos deputados e aos olhos de quem o viu na televisão, o primeiro-ministro afirmou que não se impressionava com os «200 mil» lá de fora, embora os «respeitasse» muito... . A frase continha desde logo duas incorrecções de monta. Nem os manifestantes eram «só» 200 mil – de facto ultrapassaram em muito os 250 mil, pese embora a estimativa policial que tentou aliviar os números – nem Sócrates os respeita. . Refugia-se o chefe do PS e do Governo na «legitimidade» eleitoral que levou o PS ao Governo. Mas tal legitimidade assenta num chorrilho de mentiras e de promessas de mau pagador que conseguiram iludir muitos e muitos milhares dos que, em 5 de Junho, desfilaram na avenida e que, face ao desgosto e ao engano, resolveram perder um dia de salário e esforçadamente, vindos de todos os cantos do País, engrossar as fileiras dos que exigem outra política. . Entendamo-nos – uma política que promova a dignidade dos trabalhadores, dos seus salários e direitos, que promova o desenvolvimento, que respeite a soberania nacional, numa palavra, que respeite a Constituição da República. . Provavelmente, os números que impressionam Sócrates são aqueles que o Expresso divulgou, revelando que os «barcos de luxo disparam» em Portugal e que, só por cá, há cerca de 80 mil destas naves. Números de facto impressionantes e que mostram quanto as desigualdades aumentam. Mas bem pode o PS e o seu chefe pretender ignorar a torrente de protesto. Apesar de grandiosos já, os protestos podem crescer. E vão crescer. . . Avante Nº 1802 12.Junho.2008
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