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Correio da Manhã
Dia a dia
Especulação cimentada
A Cimpor arrisca-se a ser a próxima grande empresa portuguesa a perder o centro de decisão nacional. Se os brasileiros da CSN subirem o valor da proposta ontem apresentada têm grandes hipóteses de conquistar o maior grupo industrial português.
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A Cimpor é uma excelente empresa mas que tem um problema: a profunda divisão accionista. As guerras internas da Cimpor são quase uma réplica dos confrontos que sofreu o BCP e os protagonistas dos bastidores são praticamente os mesmos.
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A família Teixeira Duarte e Manuel Fino são os empresários nacionais com maior participação financeira na Cimpor, sendo que problemas de liquidez obrigaram M. Fino a ceder, num negócio polémico, parte das acções à Caixa Geral de Depósitos. Estes accionistas não se entendem, o que cria uma oportunidade para um grupo internacional.
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Se não forem os brasileiros da CSN serão os franceses da Lafarge. Joe Berardo, que também tem alguns milhões de acções da cimenteira, comentou, no seu modo peculiar: "A OPA é bem-vinda mas o preço é muito baixo." E muitos investidores partilham este estado de espírito. Uma das tragédias portuguesas é que neste país o perfil dominante dos empresários é o dos especuladores financeiros, em vez dos raros capitães de indústria, que criam riqueza e empregos.
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Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
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