Correio da Manhã
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A crise grega foi o primeiro teste de esforço da Zona Euro e os resultados levam a temer o pior. Se o vírus de Atenas se espalhar, Portugal estará na primeira linha do contágio – e a moeda única europeia dificilmente aguentará o impacto.
Atenas continua sob fogo apertado dos mercados, paga juros elevadíssimos e vai precisar nos próximos cinco anos de empréstimos de 240 mil milhões de euros, dos quais 150 mil milhões para renovar dívidas antigas. Algum deste dinheiro será nosso. Portugal comprometeu-se a emprestar 774 milhões este ano se a Grécia pedir, e talvez tenha de duplicar o esforço no próximo ano.
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Quando os alemães pensaram no pacto de estabilidade para disciplinar a Zona Euro não suspeitavam de que haveria batota e contabilidade criativa com as contas públicas, como sucedeu de forma quase anedótica com a Grécia. Há erros e omissões das autoridades, que descobriram o buraco grego demasiado tarde, mas a forma como a Europa interpreta o pacto de estabilidade, com uma obsessão numérica e simultaneamente pouco atenta ao crescimento da economia real, também ajudou a espalhar os ventos da crise. A Europa da moeda única continua dividida em dois pólos: a Alemanha rica e o sul mediterrânico pobre. Mas os défices comerciais do sul engordam a economia alemã.
Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto
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