Dia a dia
O mistério do rating
O sr. Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo, é um guru dos mercados financeiros – e um exemplo de especulador sério com alto sentido de responsabilidade e de ética nos negócios.
- 05 Abril 2011 - Correio da Manhã
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Ele até perdeu muitos milhões com a crise. Não é como o malvado do Bernard Madoff, que à conta da crise desfez a fortuna de muita gente. Buffett é uma espécie de anjo inspirador da mais alta finança. Faz parte desse grupo de homens sem rosto que não se têm dado nada mal, por exemplo, com os empréstimos a Portugal: compram dívida pública e cobram os juros que se conhece. O negócio tem regras: quanto mais baixo for o rating (a capacidade de o devedor honrar os compromissos), mais elevados são os juros.
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O rating é atribuído por agências especializadas - como a Moody's, a Fitch, a Standard & Poor's - que, como é óbvio, prestam um inestimável e insubstituível serviço aos investidores: Warren Buffett precisa de saber se está a emprestar o seu dinheiro a quem pode deixar de pagar. Mas o critério das agências de rating para avaliarem o grau de cumprimento dos países tem sido um insondável mistério. Tem sido... o jornal britânico ‘The Observer' esclarece o assunto: o sr. Buffett é accionista da Moody's. A agência de rating, ao desacreditar Portugal, dá mais dinheiro a ganhar ao patrão. O resto é fantasia.
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Diário da Manhã
As virgens lusitanas
Algumas almas penadas andam por aí de joelhos a suplicar uma auditoria às contas do Estado.
- 05 Abril 2011 - Correio da Manhã
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Em nome da verdade, claro, e da transparência, como é evidente, querem saber tudo o que está escondido em armários e debaixo dos tapetes. Estes apelos lancinantes têm o rabo de fora. Como os gatos.
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O golpe tem barbas e já foi aplicado com sucesso pelo fujão Barroso e pelo senhor engenheiro relativo. Com umas continhas bem marteladas por um qualquer Constâncio colaborante com a farsa, rasgam-se promessas eleitorais e aplicam-se medidas de austeridade à vontade do freguês. Acontece que as porcas misérias públicas estão bem à vista de todos. Só não as vê quem gosta de ser parvo ou chegou agora de Marte. E os aldrabões do costume travestidos em puras virgens lusitanas.
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Diário da Manhã
Portugal de alterne
Foram precisos muitos anos, muita manha, muita asneira, muita corrupção e um mar de lágrimas de crocodilo. Custou, mas foi.
- 31 Março 2011 - Correio da Manha
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Os queridos democratas socialistas e sociais-democratas bem se esforçaram e os resultados estão à vista nesta bonita Primavera de 2011. A Pátria está mesmo à beira da lixeira, falida, desesperada, pobre e sem futuro. Muitos parabéns.
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Os indígenas estão à rasca. É verdade. Mas andaram nestes anos tão democráticos a participar alegremente nos muitos salamaleques para que foram convocados pela indigente classe política. E escolheram livremente os partidos que os deviam governar.
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Ontem como hoje volta a falar-se na alternância entre PS e PSD. É por estas e por outras que ninguém leva isto a sério. O País já era. Agora é um decadente Portugal de alterne.
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Dia a dia
A venda dos anéis
Há um negócio em expansão por todo o País neste tempo de crise: a compra de ouro. E tem tudo para ser lucrativo. O metal precioso está mais caro do que nunca, porque há uma grande procura a nível mundial. Por outro lado, a oferta em Portugal parece ser abundante.
- 29 Março 2011 - Correio da Manhã
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Quando o País tinha hábitos de poupança, a compra de objectos de ouro era considerada uma aplicação segura. Esta atitude criou uma importante reserva espalhada por todo o País que os comerciantes estão a aproveitar. E como em todos os negócios de intermediação em que se sabe que alguém ganha dinheiro, aparecem concorrentes como cogumelos. E para haver tantas lojas é porque não faltam pessoas dispostas a vender as jóias e os anéis de família em troca de algumas centenas de euros.
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É compreensível que, dadas as dificuldades em esticar o dinheiro até ao final do mês, as pessoas optem por vender os anéis e conservar os dedos. Curiosamente, grande parte das famílias está em situação semelhante à do Estado: acumula défices e tem uma dívida gigantesca que se agrava com a subida de juros. A solução desesperada passa pela venda de património. O Governo começou por privatizar empresas e alienar património imobiliário. O Estado tem uma importante reserva de ouro no Banco de Portugal que dá para tapar um défice anual de 7%, mas seria um péssimo sinal se o Banco de Portugal fosse obrigado a alienar estas reservas.
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