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CM
09 Maio 2008 - 00h30
Armando no tribunal
Juíza refém de cadastrado
.Na origem do incidente esteve a decisão da magistrada que o proibiu de ver o filho, no âmbito de um processo de regulação de poder paternal. Foi um acto premeditado, porque o homem deixou duas cartas a explicar-se à família.
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EX-MULHER DE CARLOS VIVE COM O FILHO NUM REFÚGIO
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As mais de duas horas em que Carlos esteve barricado são apenas um entre os inúmeros episódios de violência. Em 2000, entrou na esquadra da PSP de Gaia e, empunhado uma pistola, exigiu falar com o comandante. Tomou reféns e ameaçou matar-se numa demanda de cinco horas em que a esquadra esteve cercada por dezenas de agentes.
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Não chegou a falar com o oficial, como pretendia, mas por várias vezes perseguiu e ameaçou responsáveis da PSP. A obsessão ia ao ponto de forrar as paredes do quarto com fotos dos polícias que alegadamente o perseguiam.
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Apesar das várias detenções por posse de arma, roubos e violência doméstica, saiu sempre em liberdade. Aos 18 anos, cumpriu a única pena no cadastro: 8 meses por posse de arma.
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'O Carlos conta e faz muitos filmes. Até nós temos medo dele', disse ao CM a irmã Cristina explicando que Carlos, de 37 anos, tem problemas psicológicos que teima em não resolver. 'São traumas que trouxe dos comandos. É fanático por armas e explosivos que fabrica', contou.
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Ontem, o homem deixou tudo preparado. Em cima da mesa da casa onde mora com o pai – no bairro social da Boa Nova, em Valadares, Gaia - ficaram dois bilhetes. 'Se me acontecer alguma coisa quero que o meu filho fique com o avô', escreveu numa das cartas. Noutra seguia o contacto de uma jornalista 'para o que der e vier'. Saiu com um objectivo - 'resolver de vez o problema'- assim prometeu em conversa com colegas próximo do tribunal.
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Mas não foi a primeira vez que entrou armado no Palácio da Justiça. Segundo Cristina, foi com uma pistola a todas as sessões em que lutou pela custódia do filho de 12 anos. A arma escondida, nunca foi detectada. 'Ele preparou tudo e até dizia que trabalhava no tribunal. Ia lá todos os dias', continua.
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A ex-mulher e o filho permanecem há dois anos num casa de acolhimento de apoio à vítima. A morada é desconhecida, tal como Cristina também não revela ao irmão onde mora. 'É capaz de tudo. Temos medo dele', sublinha, lamentando que 'não fique preso'. 'Vai voltar a casa, já fomos informados pela polícia que queria cá vir para procurar armas', refere, adiantando: 'Percebo a revolta do Carlos. É meu irmão, mas isto é doloroso para o filho que viu tudo pela televisão'. Segundo o CM apurou, Carlos estará proibido de ver o menor, devido a um processo por sequestro da mulher e do filho. Não encontra a criança há 18 meses e a ex-mulher era vítima de maus-tratos. Em Maio de 2006, tentou suicidar-se. E incendiou a casa onde viviam, a escassos metros do tribunal.
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INQUÉRITO A JUÍZES ARRASA TRIBUNAIS
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Em Março de 2007, a Associação Sindcal dos Juízes Portugueses mostrou os resultados de um inquérito aos juízes sobre as condições dos tribunais. No que diz respeito à segurança, os resultados são preocupantes. De acordo com o estudo, 89% dos tribunais não têm policiamento e 87% também não têm segurança privada. Em 78% dos casos não há cofre para a guarda de armas e 82,7% dos edifícios não dispõe de videovigilância. Acontece ainda que 97% dos tribunais são de livre acesso a magistrados e funcionários fora do horário de expediente. A segurança contra intrusão e violência foi considerada 'medíocre'. O relatório foi enviado para o Governo e Assembleia , mas nada foi feito. – J.C.M. l
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'TRIBUNAIS NÃO SÃO SEGUROS' (António Martins, Presidente da Ass. Sindical dos Juízes)
Correio da Manhã – Os tribunais são seguros?
António Martins – Não são.Faltam condições de segurança e há já muito tempo que denunciámos essa situação. Fizemos um inquérito aos nossos associados e os resultados sobre a segurança são terríveis,
– Quais as falhas?
– Na maioria dos tribunais, não há detectores de metais, não existe segurança pública nem privada nem qualquer sistema de videovigilância. Não é só um problema dos juízes, é um problema dos cidadãos que aí se dirigem.
– O secretário de Estado da Justiça referiu-se ao episódio de Gaia como um 'caso pontual'...
– Enganou as pessoas, procurando fazer passar a ideia de que não existe um problema.Estamos a estudar quais as diligências a tomar para levar o Estado a cumprir as suas obrigações. Espero que não seja preciso acontecer uma desgraça como uma morte em tribunal. – J.C.M. l
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PORMENORES
FAMÍLIA TEM MEDO
A família do Carlos esteve no tribunal e colaborou com a polícia para que aquele se rendesse. Têm medo dele.
DIRECTOR DA PJ DO PORTO NO LOCAL
'Havia dúvidas sobre a existência de reféns e decidi vir pessoalmente inteirar-me da situação', disse ao CM o director da Polícia Judiciária do Porto, Baptista Romão. A PJ teve no local vários inspectores e negociadores.
GOE VOLTOU PARA TRÁS
Os agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) chegaram a ser accionados. Voltaram para trás, quando a PSP disse que controlava a situação.
COM MEDO QUE SE REPITA
'Isto foi um aviso, qualquer um pode entrar aqui com armas e fazer mal a alguém', comentavam alguns funcionários e utentes do Tribunal da Gaia.
S. JOÃO NOVO É EXCEPÇÃO
O Tribunal de S. João Novo é uma excepção no Grande Porto. Tem detector de metais à entrada e está sempre presente um forte dispositivo da PSP.
VÁRIOS DESACATOS
Carlos é conhecido em Gaia por provocar conflitos e desacatos na rua. Dizem que costuma beber uns copos a mais.
AMEAÇAS DE MORTE
Segundo a irmãCristina, Carlos ameaça a ex-mulher de morte diariamente por SMS e chamadas para o seu telemóvel.
FANÁTICO POR ARMAS
Carlos é fanático armas e material militar. Apanhou o gosto nos Comandos onde aprendeu a construir explosivos.
Manuela Teixeira / Tânia Laranjo / Pedro Sales Dias.
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Sou funcionária num tribunal da zona centro e o que posso dizer é que só quem não quer é que não entra lá armado, pois seguranças não existem, nem um nem dois policias como era o caso neste tribunal, dizem que não dinheiro. Ninguém é identificado. Mas pode ser que assim com ataques destes a juizes façam alguma coisa porque nós os funcionarios não precisamos somos ralé.
Entao os juizes tem que estar preparados para estas situaçoes, depois como e que podem julgar as forças de segurança nas suas actuaçoes? pior sao as forças de segurança que lidam com o crime nas ruas e nao nos gabinetes
é perciso ter cuidado com os homens que sao e foram das tropas especiais. Tenho um vizinho que foi da policia de choque e qundo se metem com ele manda-os parar aos hospital. este tipo de gente recebe formaçao que se for mal empregue é um perigo