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por Ricardo Albuquerque*
Para alguns economistas e pesquisadores, esse lado chega já a superar o formal, mas aí é suposição; isso não se poderia afirmar de fato. De qualquer modo, a quantificação dessa riqueza é, até certo ponto, possível, e, também, existente.
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Mas relevante mesmo nesse dado é que a riqueza efetivamente produzida pelo trabalho não está nos números oficiais.
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Por mais admissível seja considerar a opinião de alguns economistas liberais, os quais vêem esse tipo de economia como um fenômeno positivo do livre mercado, da livre iniciativa, e, assim, parte constituinte do conjunto liberal harmônico, não é aceitável, do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores, dos produtores dessa riqueza, ter, camuflada, a concretude do produto e, negada, a condição de trabalhador. É isto: se o produto do trabalho não existe, não existe o produtor, o trabalhador; não são reconhecidos riqueza e produtor, legalmente, justamente, respeitosamente.
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Indo um pouco além, em conta mais abrangente, pode-se inclusive encontrar, nesse tipo de economia, elementos que, ao invés de benéficos, causam prejuízos nefastos a todos.
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Sabe-se, por exemplo, que uma parcela dos agentes da economia formal acaba habitando os dois lados, ou um lado “c”. Um pé na formalidade, o outro na informalidade, um terceiro lado...
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Resultado: escapam dos impostos, que julgam extorsivos; convencem alguém mais, geralmente um consumidor, da vantagem de “negócio sem nota”, contudo, de preço inferior; enfim, para não ir muito além, alimentam a “cultura do levar vantagem em tudo” contra si mesmos e contra todos, provocando mais impostos, menos crédito estatal (ou seja, público), menos investimentos produtivos, menos postos de trabalho, menos escolas, menos hospitais, menos salários, mais desigualdade, e por aí vai. E por aqui fico.
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O capitalismo precisa ser contabilizado.
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Vivam mulheres e homens! Vivam trabalhadores!
*Ricardo Albuquerque, Poeta
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