A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Call girls, call boys


Call girls, call boys

O solstício de Inverno, celebrado pelos povos do hemisfério Norte desde tempos imemoriais como a vitória da luz (o Sol) sobre as trevas, o princípio da renovação da natureza com dias cada vez maiores e mais quentes até ao novo retorno da Primavera que irá desabrochar em todo o seu esplendor nas sementes do futuro, essa ancestral comemoração, dizia, foi transformada pelo Imperador Romano Constantino I, no ano de 336 d.C., na festa do nascimento de Cristo. O vasto império de então, abraçando (e impondo) o cristianismo inculcou na civilização ocidental um novo paradigma: em vez do nascimento do Sol, passa a assinalar-se num dia fixo – 25 de Dezembro – o nascimento do «salvador da humanidade».
.
Vários impérios depois, a data apropriada pela igreja de Roma transformou-se num pretexto para o delírio consumista numa sociedade que aliena os valores que era suposto serem a sua essência. A justiça, a solidariedade, a paz e a fraternidade entre os homens são incensadas para mais facilmente serem trucidadas, tornadas meros temas de discursos descartáveis até à próxima época natalícia.
.
Tornou-se também habitual, por esta altura, lançar no mercado produtos com sucesso anunciado à força de campanhas bem oleadas. Dos brinquedos aos livros, dos electrodomésticos aos filmes, ninguém escapa aos apelos garantindo felicidade, satisfação e qualidade. Este ano o pacote trouxe ao País um filme «como nunca se viu», um «retrato da realidade nacional» sem tabus nem pudores, «condenado» a atrair multidões e a facturar milhões. Call girl de seu nome, diz que é a história de uma prostituta e de um autarca corrupto. A originalidade parece residir no facto de o corrupto ser comunista, o que não tendo tradução na realidade – onde abundam casos do PS, PSD e CDS, mas não do PCP – arrisca ser tomado como o único rasgo de criatividade do cineasta em causa, também conhecido pelas suas andanças nos meios futebolísticos mais ao menos ligados ao poder, onde abundam call girls e call boys bem instalados na vida, que isto de prostituição tem muito que se lhe diga e de corrupção nem se fala. Será um sinal dos tempos, em tempo de falsos solstícios, mas por mais que se invente e deturpe... o Sol brilhará para todos nós.
.
in Avante 2008.01.03

1 comentário:

A OUTRA disse...

Um filme que não me diz nada. Meu belo dinheirinho!.
No entanto sei que muitos irão e depois dirão: tenho que ver para saber criticar, outros dirão vejo para depois ver como eles reagem, ver se negam.
São como as revistas cor de rosa, muitos criticam mas dão muito dinheiro.
Que importa não haver pão desde que haja escandalos para poder haver conversa?
Há quem goste disso.
Bj
Maria Simplesmente