Impressão Digital
Maddie e Mari Luz
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. * Francisco Moita Flores
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Mari Luz desapareceu no espaço público. Maddie e os irmãos foram abandonadas pelos pais [...] ficaram entregues à sua sorte
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Cada vez que acontece uma sequência de actos violentos, seja homicídios, raptos, ataques terroristas, o primeiro exercício da memória de senso comum é procurar comunhões e proceder a analogias que tendem para juízos generalistas que empolam esta ou aquela solução. Quando estes factos têm forte impacto na Comunicação Social ainda maior é o nível de convicção formulada. Não admira, pois, que o desaparecimento de Mari Luz suscitasse a procura de identificações com o caso Maddie levando à tese cómoda e oportunista de que existem ligações entre os dois casos, ambas vítimas de um predador sexual.
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Não existem. Embora próximos no tempo, são casos absolutamente diferentes. A começar pelo espaço onde os factos ocorreram. Maddie desapareceu do quarto onde dormia, ao lado dos irmãos, no alojamento, ainda que de férias, pertença dos pais. Mari Luz desapareceu no espaço público. A coordenada tempo também é diferente. A menina inglesa desapareceu de noite, a menina espanhola de dia. Também é diferente a localização. Mari Luz desaparece numa rua do bairro – e quem conhece esta zona de Huelva sabe que estamos a falar de uma comunidade pobre, de casas degradadas ou de construção modesta, habitado por pessoas com dificuldades económicas, onde a rua é apropriada pelos habitantes como espaço lúdico. Brincar na rua em Torrejon é um acto socialmente normal, as relações de vizinhança existem, os laços de interconhecimento social são evidentes. É normal a mãe mandar o filho às compras. De acordo com o padrão comportamental dos quotidianos não se pode dizer que os pais tenham abandonado Mari Luz. Aquele espaço é território da comunidade. Maddie e os irmãos foram abandonadas pelos pais, num país estranho, num condomínio de qualidade mas, devido à breve permanência, estranho para eles e para os filhos. Foram para os copos enquanto as crianças ficaram entregues à sua sorte. Mas numa unidade segura, controlada, sem espaço para um raptor agir com naturalidade. O espaço público é, por excelência, o espaço onde acontecem os raptos. Nas ruas, grandes superfícies, praias, ou concentrações de pessoas ao ar livre. O espaço privado, do lar, é o território do amor, da violência, da ternura e da morte. Mas não se fica por aqui a diferença. Os pais de Mari Luz comunicaram de imediato o caso às autoridades. A polícia soube de Maddie muito depois da diplomacia inglesa e da Sky News. Os pais de Mari Luz expõem-se, no seu sofrimento e aflição, à polícia e à Comunicação Social. Os pais de Maddie enveredaram pelos apelos emotivos mas sem explicações coerentes sobre o que se passou. Trouxeram um assessor para dizer o que a imprensa queria ouvir, mas eles, quando chegou a hora, recusaram-se a falar e partiram. A teia organizada nunca quis falar dos pormenores do caso. Optou por insultar a PJ e o País que os abrigou.
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A verdade, a triste verdade, é que duas crianças desapareceram. Uma, quase de certeza, está morta. A outra, as autoridades ainda esperam encontrá-la viva. Oxalá consigam. Infelizmente não são os primeiros nem serão os últimos casos. São casos da nossa vida comum. Infelizmente.
» Comentários no CM on line
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Não existem. Embora próximos no tempo, são casos absolutamente diferentes. A começar pelo espaço onde os factos ocorreram. Maddie desapareceu do quarto onde dormia, ao lado dos irmãos, no alojamento, ainda que de férias, pertença dos pais. Mari Luz desapareceu no espaço público. A coordenada tempo também é diferente. A menina inglesa desapareceu de noite, a menina espanhola de dia. Também é diferente a localização. Mari Luz desaparece numa rua do bairro – e quem conhece esta zona de Huelva sabe que estamos a falar de uma comunidade pobre, de casas degradadas ou de construção modesta, habitado por pessoas com dificuldades económicas, onde a rua é apropriada pelos habitantes como espaço lúdico. Brincar na rua em Torrejon é um acto socialmente normal, as relações de vizinhança existem, os laços de interconhecimento social são evidentes. É normal a mãe mandar o filho às compras. De acordo com o padrão comportamental dos quotidianos não se pode dizer que os pais tenham abandonado Mari Luz. Aquele espaço é território da comunidade. Maddie e os irmãos foram abandonadas pelos pais, num país estranho, num condomínio de qualidade mas, devido à breve permanência, estranho para eles e para os filhos. Foram para os copos enquanto as crianças ficaram entregues à sua sorte. Mas numa unidade segura, controlada, sem espaço para um raptor agir com naturalidade. O espaço público é, por excelência, o espaço onde acontecem os raptos. Nas ruas, grandes superfícies, praias, ou concentrações de pessoas ao ar livre. O espaço privado, do lar, é o território do amor, da violência, da ternura e da morte. Mas não se fica por aqui a diferença. Os pais de Mari Luz comunicaram de imediato o caso às autoridades. A polícia soube de Maddie muito depois da diplomacia inglesa e da Sky News. Os pais de Mari Luz expõem-se, no seu sofrimento e aflição, à polícia e à Comunicação Social. Os pais de Maddie enveredaram pelos apelos emotivos mas sem explicações coerentes sobre o que se passou. Trouxeram um assessor para dizer o que a imprensa queria ouvir, mas eles, quando chegou a hora, recusaram-se a falar e partiram. A teia organizada nunca quis falar dos pormenores do caso. Optou por insultar a PJ e o País que os abrigou.
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A verdade, a triste verdade, é que duas crianças desapareceram. Uma, quase de certeza, está morta. A outra, as autoridades ainda esperam encontrá-la viva. Oxalá consigam. Infelizmente não são os primeiros nem serão os últimos casos. São casos da nossa vida comum. Infelizmente.
Francisco Moita Flores, Professor universitário | |||
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Domingo, 20 Janeiro
- Américo Silva. Algés
Não são duas, mas sim três, as crianças desaparecidas na mesma região: Joana, Maddie e Mari Luz. Será o buraco do ozono?
in Correio da Manhã 2008.01.19
FOTO - Juan José Cortes e Irene Suárez, los padres de Mari Luz Cortés.
Foto: EFE/IVAN QUINTERO
FOTO - Juan José Cortes e Irene Suárez, los padres de Mari Luz Cortés.
Foto: EFE/IVAN QUINTERO
1 comentário:
estes casos me deixam revoltada ,nao entendo como é que uns pais vao pos copos e deixam 3 criançs sozinhas ,onde tudo é estranho para elas. eu nao tenho filhos,mas tenho sobrinhos e já cuidei muitas vezes deles e temos de estar sempre em cima deles pois por mais que a gente pense k eles estao a dormir , etc tudo pode acontecer,quanto há outra menina é terrivel tmb o k aconteceu,já pa nao falar do caso da pobre joana que tanto me deixou abalada com o k fizeram com a menina . o mundo tá cheio de loucuras e eu tmb tou a ser acusada de uma mentira muito grande mas k vou postar em meu blog
te deixo uma
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e uma boa semana para ti
bjo crla granja
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