A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sexta-feira, janeiro 04, 2008

O Ano que aí vem



O ano que aí vem

O período do Natal é, todos os anos, o momento privilegiado para os media abordarem de todas as formas e feitios os problemas da exclusão social e da pobreza.

Para não fugir à regra, este ano foram abundantes as referências às situações de miséria que não param de aumentar e às manifestações de solidariedade muitas vezes para disfarçar a caridadezinha, tão ao gosto de alguns, em geral não isentos de culpa perante a preocupante situação social a que o País chegou…
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Pode mais uma vez dizer-se que a generalidade da comunicação social, como de costume, se ficou pela constatação dos factos: A pobreza e a exclusão não param de aumentar.
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Já quanto às causas e aos responsáveis por este estado de coisas…nada!
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Mas nem tudo são desgraças. Ficámos a saber pelo primeiro-ministro que o País dá sinais de recuperação e que no próximo ano é que vai ser!
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Mas… de que País falava Sócrates? Do País em que a precariedade não pára de crescer e com mais de meio milhão de desempregados e com centenas de empresas encerradas e com as multinacionais a abandoná-lo?
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Do País onde salários, reformas e pensões continuam objectivamente a diminuir e os preços sempre a aumentar?
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Do País onde as assimetrias regionais se fazem sentir cada vez mais?
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Do País onde se encerram serviços públicos e se destrói o Serviço Nacional de Saúde?
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Do País onde a imensa maioria dos portugueses vive cada vez pior e onde, ao mesmo tempo, os bancos e os grandes grupos económicos vão acumulando lucros fabulosos?
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As dúvidas, se as houver, sobre quem beneficiará dessa recuperação anunciada, dissipar-se-ão rapidamente.
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A verdade é que o novo ano começa como de costume… a 1 de Janeiro e, como de costume, com os aumentos generalizados de preços de bens e serviços, em regra acima da inflação prevista. Pois é. Estas previsões irão, como é habito, servir para limitar os aumentos salariais e, por via disso, fazer com que continuem a ser os mesmos a pagar a factura, já que a inflação verdadeira, aquela que os portugueses sentem no seu bolso, é sempre muito acima das previsões e das estatísticas.
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E o novo ano vai ficar marcado pela confirmação de que existe mesmo um bloco central de interesses que, ano após ano, leva por diante as políticas de direita, que se vai alternando na concretização dessas políticas, com o apoio e ao serviço do grande capital.

2008 de luta

Até aqui nada de novo. O que é relevante é que depois de PS e PSD terem cozinhado, entre outros, os acordos para a alteração da legislação eleitoral, que a irem por diante, lhes permitirão alternarem-se e eternizarem-se no poder, se venha assistir à repartição de tachos entre uns e outros, na praça pública e com um à vontade que repugna e provoca indignação.
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No ano novo que aí vem, o Governo do PS vai prosseguir a sua ofensiva de destruição dos serviços públicos, como se tem visto nos últimos dias de 2007, com o encerramento de diversos serviços de saúde.
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Vai trabalhar, em nome da modernidade, na alteração da legislação laboral para oferecer ao patronato a possibilidade de despedir sem justa causa, para acabar com o horário de trabalho e para bloquear a contratação colectiva.
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A esta ofensiva, vão somar-se os contínuos ataques à Constituição da República e que visam desvirtuar e descaracterizar o regime democrático e limitar as liberdades.
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Ou seja, como de costume, o PS vai fazer aquilo que PSD e CDS gostariam de poder ter feito e por essa razão, têm tanta dificuldade em fazer de conta que são oposição.
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Com toda a certeza, 2008 será um ano de resistência e de luta.
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Será um ano de resistência contra as políticas de direita e de luta por melhores condições de vida, por melhores salários, pelo direito ao emprego com direitos, contra o encerramento de serviços públicos;
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Será um ano de luta em defesa do direito à saúde;
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Será um ano de luta contra o Tratado de Lisboa – que ao contrário do que afirmou Sócrates, é bastante prejudicial para o País – e pela exigência de um amplo debate nacional e pela realização de um referendo, onde os portugueses se possam pronunciar sobre matéria tão importante e negociada nas suas costas.
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Será um ano de luta em defesa das liberdades e da democracia, onde, entre outros, o exercício de direitos cívicos, sindicais, de propaganda, são parte integrante deste combate.
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Um ano durante o qual os comunistas serão chamados a dar o melhor de si não apenas para enfrentarem a ofensiva que aí vem, mas também para prosseguirem o seu combate por uma mudança a sério, por uma rotura com as actuais políticas de direita e por um outro rumo e uma nova política que sirva o povo e o País.
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Uma nova política assente num projecto nacional de emancipação e de progresso, capaz de respeitar direitos e garantias dos trabalhadores e de concretizar a elevação das condições de vida do povo português.
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Os trabalhadores e o povo português precisam de um PCP fortalecido, como condição fundamental para o êxito deste e doutros combates que aí vêm.
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Em 2008, ano do nosso 18.º Congresso, precisamos de transformar a crescente simpatia e respeito pelo PCP em mais força organizada. Vamos a isso!
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in Avante 2008.01.03

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