16 DE JULHO DE 2008 - 11h16
"A Guerra do Iraque deformou a política externa dos EUA, custou milhares de vidas humanas, prejudicou sua imagem e deixou o tesouro americano liquidado", foi o tom do discurso de Barack Obama, o provável candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, em sua próxima convenção nacional.
Por Pedro de Oliveira
Obama se comprometeu, se eleito, a dar um fim à Guerra, e reorientar a abordagem dos grandes desafios mundiais sobre terrorismo, proliferação nuclear, mudanças climáticas e a dependência energética.
Pouco tempo depois, o senador John McCain, seu provável oponente republicano, acusou Obama de perseguir uma estratégia de defensiva e de estrturar seus julgamentos sem levar em conta adequadamente os fatos. "Esta Guerra nos diversiona de qualquer ameaça que enfrentamos e de muitas oportunidades que poderíamos aproveitar. A guerra diminuiu nossa segurança, nossa posição no mundo, nosso exército, nossa economia, e os recursos de que precisamos para enfrentar os desafios do século 21. Por qualquer ângulo, nosso pensamento único focado no Iraque não é uma estratégia razoável para tornar a América segura."
Em artigo publicado no dia 14 de julho, no jornal The New York Times, sob o título "Meu plano para o Iraque", o senador pelo Estado de Illinois, Barack Obama já havia deixado clara sua posição em relação a um dos principais temas da campanha para as eleições de novembro próximo nos Estados Unidos.
Em seu artigo, Obama se referia inicialmente ao apelo feito pelo primeiro ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, para que se estabeleça um calendário para a remoção das tropas americanas do país. O senador argumentava que esta é uma ótima oportunidade para promover a saída dos batalhões de combate, que ele há tempos advoga, "para o sucesso a longo prazo no Iraque e para os interesses da segurança dos EUA".
Em seguida, Obama procurou estabelecer as diferenças entre suas idéias para a região e o pensamento de seu adversário do Partido Republicano, o senador John McCain. Obama diz ter sido contra a guerra, ao contrário de McCain, desde antes de seu início e que iria terminá-la, se eleito presidente.
Acreditava, escreveu Obama, que seria um grave erro enfrentar a al-Qaida e o Talibã, invadindo um país que não apresentava nenhuma ameaça iminente e que não tinha nada a ver com o ataque de 11 de setembro às Torres Gêmeas em Nova York.
Desde então, prosseguiu o senador, mais de 4 mil americanos morreram e os Estados Unidos gastaram até agora cerca de 1 trilhão de dólares. E as ameaças cresceram ao invés de diminuírem. Nesta altura do artigo, Obama fez uma referência ao "heroísmo" das tropas americanas que segundo ele teriam feito diminuir a violência no Iraque.
"Os mesmos fatores que me fizeram ser oposição à invasão ainda permanecem verdadeiros", sentencia Obama em seu artigo, alinhando como aspectos negativos que se agravaram a pressão sobre os soldados americanos no campo de batalha, o fato da situação do Afeganistão ter se deteriorado e os gastos adicionais de 200 bilhões de dólares que não estavam no orçamento do país, e que não foram suficientes para se atingir os objetivos de estabilização política estabelecidos quando se iniciou a invasão.
As boas notícias, agregou Obama, são de que os líderes iraquianos estão propondo um calendário de retirada das tropas americanas, enquanto que o responsável pelo treinamento dos soldados iraquianos, o general James Dubik, estima que essas tropas estarão treinadas e prontas para garantir a segurança em 2009.
"A estratégia de permanecer no Iraque", segundo Obama, "vai contra os interesses do povo iraquiano, do povo norte-americano e os interesses da segurança dos EUA. É por isso, que em meu primeiro dia de governo, daria uma nova missão aos militares no Iraque: terminar a guerra".
Mais adiante Obama promete não manter soldados, recursos e sua política externa reféns de um desejo de financiar bases permanentes no Iraque. O senador Obama encerra seu texto com a frase "está na hora de encerrar esta guerra".
Todo este esforço de campanha pode ter sido desencadeado pelas recentes pesquisas nacionais publicadas pela revista Newsweek e pelo instituto Gallup. O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, perdeu a vantagem de 15 pontos sobre o rival republicano, John McCain.
Segundo recente pesquisa da revista Newsweek, que há menos de um mês mostrou o senador de Illinois à frente nas pesquisas, assegura que a diferença entre ambos caiu para apenas três pontos: 44% dos eleitores apóiam Obama, enquanto 41% respalda McCain.
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Outras recentes pesquisas mostram a redução da diferença entre o democrata e o republicano. Segundo a Gallup, que faz um acompanhamento diário, no sábado a liderança de Obama estava em 46% contra 43% de McCain.
A diferença é insignificante do ponto de vista estatístico. Quinze por cento dos eleitores ainda estão indecisos.
Perguntado, em entrevista recente, se os Estados Unidos são um país com um povo democrático e uma elite autoritária, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, do Itamaraty, respondeu: "O povo americano é democrático, como comprovam seus 232 anos de democracia e seus renovados esforços para aperfeiçoá-la, como foram a Guerra Civil para abolir a escravidão, a legislação dos direitos sociais, hoje ameaçados, a oposição popular à Guerra do Vietnã, a necessária reforma do sistema eleitoral, às vezes falho, e o aumento da participação popular na escolha dos candidatos com a indicação de um afro-descendente para presidente. As elites tendem a se comportar de forma imperial em suas relações com os demais Estados, devido à sua crença na perfeição suprema dos sistemas político, econômico e social americano. Isto por vezes lhes causa grandes decepções e surpresas. É preciso reformar, democratizar o sistema político internacional, defender e lutar pelos princípios das Nações Unidas, fundada pelos Estados Unidos, onde quer e por quem quer que estejam sendo violados: não intervenção, autodeterminação, respeito à integridade territorial, solução pacífica de controvérsias, igualdade soberana dos Estados".
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in Vermelho
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