A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, abril 11, 2011

Siza Vieira e o Compromisso Patronal !

JN

 

Meu caro Siza Vieira

00h30m

Vemo-nos de dez em dez anos e em locais improváveis - um comboio apinhado a caminho de Bombaim, um aeroporto europeu - mas episódios dos nossos encontros fazem-me fanfarronar que sou seu amigo, que me dou bem consigo.
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Tenho por si uma admiração incontida, pelo artista mas muito mais pela vertical intransigência de homem que me habituei a ver em si. Sem, provavelmente, jamais termos votado na mesma força política, sinto-me consigo do «lado do não» face aos mandadores do baile ou, para aproveitar a imagem de João Cabral de Melo Neto, do «lado do sim» nesta imensa sala negativa.
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Por isso, caro Siza Vieira, que faz o seu nome no meio de quarenta e sete subscritores do estranho apelo à unidade come-e-cala e à resignação do manda-quem-pode? Como pode você aparecer ao lado de cartolas tão patriotas que ameaçam expatriar os seus capitais ao mínimo aumento de impostos? Como se deixou figurar no meio de uma camioneta de vencidos da vida e outros convencidos de terem assinatura importante?
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E para pedir, afinal, o quê, Siza Vieira? «Em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a capacidade de execução de um plano de acção imediato, que permita assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia, evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral», blá-blá; e «em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca», patati-patatá.
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Basicamente, o papel diz: o povo que não se intrometa com a sua vontade de votar no que no que tem de ser decidido já pelos «principais partidos» (quais são, Siza Vieira, a sua lista coincidirá com a dos outros 46?) e sob os auspícios de Cavaco Silva, cuja única missão parece ser a de explicar que «não é FMI, é Fê-é-é-éfe, Fê-é-é-éfe», mais parecendo um 'zombie' político...
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Com tal documento, com a sua assinatura, imagine o alívio que os socialistas de Sócrates não terão encontrado ao sentirem-se livres para largar as bandeiras do Serviço Nacional de Saúde, do ensino público, da segurança social pública, da Caixa pública, da justa causa de despedimento - tudo isso em nome de uma unidade que «tem-de-ser» e que tem tanta força que «até o Siza Vieira assina por baixo».
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Diga-lhes que não, Siza Vieira. Ou pelo menos diga-me em segredo que não, que a si perdoo-lhe tudo - desde que me perdoe esta minha impertinência.
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