A Internacional

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domingo, maio 24, 2009

Índia: economia e pobreza desafiam o governo recém eleito



Em um salão adornado com pinturas de batalha, um economista despretensioso chamado Manmohan Singh foi empossado na noite de sexta-feira (22) como primeiro-ministro da Índia para um segundo mandato de cinco anos. Sua batalha promete ser dobrada: como restaurar as altas taxas de crescimento econômico em um momento de recessão mundial e como promover serviços públicos eficazes que atendam às legiões de pobres da Índia.

Por Somini Sengupta, para o The New York Times



O partido de Singh, o Congresso Nacional Indiano, obteve uma vitória surpreendentemente decisiva na eleição concluída na semana passada, desafiando os temores de uma coalizão rachada de governo e oferecendo esperanças de um governo estável, em um momento em que a Índia enfrenta duros desafios internos e externos. O partido conquistou 206 das 543 cadeiras no Parlamento, e, com seus parceiros da coalizão, forma uma maioria confortável.

Shashi Tharoor, um ex-funcionário da ONU e membro do partido pela primeira vez eleito ao Parlamento pelo Estado sulista de Kerala, invocou o símbolo do partido -a palma de uma mão, erguida como se para dar uma bênção, ou sinalizando para parar um carro- para descrever o desafio delicado do governo liderado pelo Congresso Nacional Indiano.

"Ele precisa evitar o uso de mão pesada no nível macroeconômico, desacelerando o motor da economia", disse Tharoor. "Mas precisa ajudar os pobres, que são a maioria. Ele precisa oferecer serviços básicos como alimentos, saúde, água, estradas." Três entre quatro indianos vivem com menos de US$ 2 por dia, segundo o Banco Mundial.

Os líderes do partido Congresso fizeram campanha explorando seu retrospecto de gastos pesados em bem-estar social rural, incluindo um caro cancelamento de dívidas de produtores rurais endividados e um programa de empregos para os pobres no interior. Eles prometeram fazer mais neste mandato, apesar do inchaço do déficit fiscal.

Mas a obtenção de resultados é algo que escapa dos governos indianos há muitos anos. Apesar dos aumentos nos gastos em educação, mais da metade de todos os indianos na quarta série não conseguem ler um texto da segunda série. A frequência dos professores paira em torno de 70% nas escolas rurais. A polícia notoriamente deixa de registrar casos, frequentemente exigindo propina. Estradas permanecem inacabadas, apesar dos fartos recursos destinados a elas.

O herdeiro aparente do partido Congresso, Rahul Gandhi -cujo pai, Rajiv, se queixou como primeiro-ministro há 20 anos de que apenas uma fração dos recursos antipobreza chegavam de fato às mãos dos pobres- disse recentemente que estes problemas apenas pioraram com o tempo.

Em outras palavras, apesar desta democracia dos pobres provar repetidamente ser vibrante, atraindo como desta vez próximo de 60% dos eleitores às urnas, seus governos eleitos democraticamente fizeram um péssimo trabalho em fornecer serviços públicos aos pobres.

Em um artigo de opinião no "The Indian Express" na sexta-feira, os economistas Abhijit Banerjee e Raghuram Rajan chamaram isso de "a mãe de todos os desafios". Eles pediram ao segundo governo Singh que encerre todos os programas de governo que não funcionam e nomeie ministros enérgicos para pastas importantes, como Educação e Saúde.

Uma segunda rodada de postos de Gabinete deverá ser anunciada na próxima semana, e a pergunta sobre quem ficará com qual ministério foi adiada para depois. Isso já arrastou Singh para sua primeira batalha política. Alguns postos no Gabinete são considerados lucrativos, e na sexta-feira ocorreu um colapso nas negociações das nomeações com os aliados cruciais do Estado sulista de Tamil Nadu. Seus líderes partiram de Nova Déli e não participaram à cerimônia de posse.

Líderes empresariais em casa e no exterior disseram esperar que o novo governo promova algumas reformas econômicas que ficaram estagnadas no primeiro mandato, quando o governo dependia de vários partidos comunistas para permanecer no poder.

Mas até que ponto mesmo este governo, não mais devedor dos comunistas, estará disposto ou será capaz de promover mais reformas econômicas permanece uma incógnita. Um primeiro vislumbre da agenda econômica do novo governo estará disponível quando ele apresentar seu orçamento, em julho.

"Nós temos que priorizar a recolocação da economia nos trilhos", disse Pranab Mukherjee, o ex-ministro das Relações Exteriores que, segundo muitos relatos, é o candidato favorito ao posto de ministro das Finanças.

A cerimônia de posse, realizada dentro do palácio presidencial de arenito vermelho na noite de sexta-feira, também promoveu a posse de 19 ministros, muitos deles rostos familiares do antigo governo, prometendo continuidade. Clarins abriram a cerimônia. Os vitoriosos apertaram as mãos dos derrotados.

Rahul Gandhi, membro da quarta geração da dinastia que lidera o partido Congresso desde a independência, ficou atrás do líder do partido de oposição Bharatiya Janata, Lal Krishna Advani. Gandhi até o momento recusou os convites para fazer parte do Gabinete. A mãe de Gandhi e presidente do partido Congresso, Sonia, disse aos repórteres que seu filho deseja desenvolver o partido.

O governo Singh toma posse em meio a um aumento das expectativas. Na política externa, legisladores indianos e analistas apontam para vários desafios imediatos, como o aumento do extremismo islâmico no Paquistão. Mas é nos assuntos domésticos que o governo enfrentará seu teste central, particularmente sobre se conseguirá oferecer os serviços públicos.

Estas eleições foram consideradas como uma rejeição às políticas de identidade. Vários líderes cuja força política vinha de sua casta ou histórico regional tiveram mal desempenho, enquanto alguns que desenvolveram sua reputação por coisas como construção de escolas e estradas foram recompensados pelos eleitores.

"Eu acho que teremos um governo diferente em termos de realização das coisas", disse Tarun Das, mentor chefe da Confederação da Indústria Indiana, uma entidade setorial, após a cerimônia. "A expectativa das pessoas está muito alta. A paciência é curta."

Fora do palácio presidencial, as necessidades da Índia se faziam imediatamente sentidas. Nas duas últimas semanas de calor causticante de verão, a capital tem sofrido repetidos cortes de fornecimento de energia elétrica.

Tradução: George El Khouri Andolfato





in Vermelho - 23 DE MAIO DE 2009 - 20h43
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