Comunistas de países integrantes da União Europeia (UE) apresentaram um documento assinado por 21 partidos comunistas e operários que caracterizam a União Europeia como "um pilar da nova ordem imperialista, da globalização capitalista” alinhada com os Estados Unidos e a Otan.
Explicando a declaração, dirigentes de três dos partidos ofereceram uma coletiva de imprensa em Atenas, no dia 14 de maio.
A entrevista foi apresentada por Aleka Papariga, secretária-geral do Partido Comunista da Grécia (KKE), Carmelo Suárez, secretário-geral do Partido Comunista dos Povos da Espanha (PCPE) e Gyula Thurmer, presidente do Partido Comunista dos Trabalhadores da Hungria (PCTH).
Aleka assinalou que o texto apresenta um importante trabalho de anos de intercâmbio de opiniões e colaboração em diversos âmbitos, que chegou a uma análise compartilhada sobre o que é a União Europeia, o que expressa uma tendência unitária baseada em princípios políticos firmes.
A dirigente grega afirmou que, hoje, a classe operária necessita de um projeto que confronte a UE, e que tal projeto está refletido no documento apresentado. Assinalou também que é posição comum dos 21 partidos que não é possível reformar a União Europeia e que, à medida que a unidade comunista avance, será fortalecida a posição dos trabalhadores e dos povos da Europa.
A secretária-geral do KKE expressou, sem dar lugar a dúvidas, que "as posições que pretendem reformar a União Europeia se colocam ao lado das posições do capitalismo, e não oferecem nada distinto do que existe hoje", fazendo referência especificamente ao Partido da Esquerda Europeia, cujas organizações integrantes "não representam nenhuma mudança no desenvolvimento da política da União Europeia e compartilha de uma maneira ou de outra este projeto do capitalismo".
A dirigente grega finalizou sua intervenção afirmando que "é necessário combater essas posições como luta política e ideológica para evitar enganos à classe operária", recordando que "é necessário seguir trabalhando para ampliar a unidade das forças revolucionárias e fazer mais forte seu projeto político, pois ele beneficiará a classe operária em toda a Europa".
Antes disso, Aleka havia dito que, embora nem todos os partidos marxistas concordem com o ponto de vista destes 21 partidos, colaboram em outras questões, onde compartilham o mesmo ponto de vista.
Em seguida a Aleka veio a intervenção de Thurmer, presidente do Partido Comunista dos Trabalhadores da Hungria, que no último 1.º de maio formalizou sua saída da Esquerda Europeia, da qual foi um dos fundadores. Segundo ele, "a prática demonstrou que a Esquerda Unida busca apenas um capitalismo de rosto humano e não se opõe ao projeto imperialista". Thurmer explicou que, na Hungria, o fim do projeto socialista desembocou em um retrocesso generalizado das condições de vida da grande maioria da população.
"Condições essas extremamente duras para 90 por cento da população", destacou, criticando também a entrada generalizada de capital externo no país. Para os comunistas húngaros, "o texto dos 21 partidos é de uma grande importância para a luta dos trabalhadores e nosso partido continuará no futuro trabalhando neste caminho", finalizou.
O comunista espanhol, Suárez, fez a última intervenção. Agradeceu ao KKE pelo esforço realizado para obter a assinatura do documento, qualificado por ele de "histórico", e expressou que "os principais beneficiários do mesmo são os quatro milhões de trabalhadores sem emprego na Espanha, que necessitam do avanço da coordenação internacional dos comunistas, para ter um instrumento de defesa de seus interesses de classe".
Suárez denunciou a situação da classe operária na Espanha, produto do desenvolvimento, entre outros elementos, do projeto de imperialismo europeu e que "no futuro próximo, se não eclodir uma forte luta da classe operária, as condições serão piores para ela".
Ainda, fez um chamamento para que se aproveitem as eleições europeias, para que a classe operária "entenda o caráter classista da UE e a necessidade de confrontá-la radicalmente, para construir uma sociedade alternativa de povos livres e soberanos, em luta pela construção do socialismo na Europa", estratégia que, sublinhou, "será necessária para que a crise capitalista tenha uma solução diferente à que desejam os capitalistas".
"Por isso — finalizou — o mote eleitoral do PCPE — "romper as correntes" — expressa a necessidade de romper com tudo que amarra e oprime a classe operária, "romper as correntes do imperialismo e também as correntes ideológicas, políticas e econômicas que escravizam a classe".
in Vermelho - 22 DE MAIO DE 2009 - 16h17
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