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sábado, maio 07, 2011

Insegurança alimentar e instabilidade política estão ligadas, diz especialista

Lisboa
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Hugo Rainho
Insegurança alimentar leva as pessoas a contestarem mais rapidamente a sua falta de participação política e de cidadania

4º edição dos "Dias do Desenvolvimento" no ISCSP

Insegurança alimentar e instabilidade política estão ligadas, diz especialista

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Uma situação de insegurança alimentar leva as pessoas a contestarem mais rapidamente a sua falta de participação política e de cidadania, alertou em Lisboa uma especialista do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
  • 06 Maio 2011


Mónica Ferro, especialista em Relações Internacionais e Segurança do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa, vincou em declarações à Lusa a "forte ligação" que existe entre a insegurança alimentar e a instabilidade política”.

Falando à margem da 4º edição dos "Dias do Desenvolvimento", que decorrem até esta sexta-feira no ISCSP, a professora lembrou que quando, num determinado país, escasseiam os alimentos ou os preços dos bens alimentares essenciais são muito elevados, os cidadãos "mais depressa contestam a sua falta de participação política e a sua falta de cidadania", e exigem mudanças. Mónica Ferro referiu que o que está a acontecer em alguns países do  Magrebe também foi "influenciado pelos preços dos alimentos".

"Para mim chega-me o facto de estarmos a falar de seres humanos que  não têm acesso a alimentos para haver uma intervenção. Para quem isso não  chegar, para quem precisa de uma razão mais realista: chama-se potenciar  a insegurança e instabilidade global", frisou.  

Andrew Mold, economista chefe da Organização para Cooperação e Desenvolvimento  Económico (OCDE), por sua vez, afirmou à Lusa que "não é previsível" dizer até quando é que os governos africanos vão conseguir subsidiar o consumo de forma a evitar novas revoltas sociais. "Em alguns casos há subsídios relevantes para os alimentos básicos devido às implicações sociais de não fazê-lo. Até quando isto se mantém sustentável depende da percentagem de recursos absolutos gastos nesses subsídios. Durante períodos prolongados de preços altos isto causa um grande dilema aos respetivos  governos", explicou.

Para Mold, com uma crise alimentar e preços muito elevados, é fundamental que se invista mais nos sectores produtivos, especialmente na produtividade  do sector agrícola. "Existe essa evidência, mas lamentavelmente nem os respectivos governos nacionais nem os doadores internacionais estão a cumprir esse compromisso", criticou.

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