A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Fados do Tempo da Outra Senhora (9) - Emigração



Fados do Tempo da Outra Senhora (9)

Ei-los que partem

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Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos

Ei-los que partem
de olhos molhados
coração triste
e a saca às costas
esperança em riste
sonhos dourados
ei-los que partem
de olhos molhados

Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá de longe
onde o suor
se fez em pão
virão um dia
ou não

Letra e Música: Manuel Freire
Manuel Freire
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Por Aristides Duarte
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Manuel Freire nasceu em Vagos (Aveiro), no dia 25 de Abril de 1942. Como ele contou recentemente no programa de televisão "Miguel Ângelo Ao Vivo", tinha um irmão que era oficial do Exército e lhe telefonou no dia 25 de Abril de 1974, dando-lhe os parabéns pelo aniversário e perguntando-lhe se tinha gostado da prenda. A prenda era a Revolução dos Cravos.
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Técnico de computadores, Manuel Freire nunca se profissionalizou na música.
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O seu primeiro trabalho discográfico foi um EP com 4 temas, entre os quais o famoso "Livre" ("Não há machado que corte a raiz ao pensamento, porque é livre como o vento..."). Editado em 1968, este disco contém ainda "Dedicatória", "Pedro Soldado" e "Eles".
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O cantor começa a relacionar-se com outros da mesma área, tais como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso ou Padre Fanhais. Este grupo pertencia a uma área que ficou conhecida como música de intervenção.
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Após uma participação no programa "Zip Zip" na RTP, em que interpreta uma canção com o poema de António Gedeão "Pedra Filosofal", obtém um êxito quase imediato.
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Começa a musicar poetas de grandes poetas portugueses e edita um álbum homónimo com 11 canções. Os poetas deste disco são Gedeão, José Gomes Ferreira, Fernando Assis Pacheco, Eduardo Olímpio, Sidónio Muralha e José Saramago.
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As músicas são quase todas de Freire , à excepção de duas que são de M. Jorge Veloso. Com este disco ganha o Prémio da Casa da Imprensa e o Prémio Pozal Domingues. É neste LP que estão os temas " Abaixo D. Quixote", "A Menina Bexigosa", ou "Poema da Malta das Naus".
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A seguir ao 25 de Abril de 74, Manuel Freire dedica-se aos recitais, um pouco por todo o país, actuando sobretudo em Associações Recreativas e Culturais, onde mantém um público fiel. A limpidez da sua voz, a pronúncia correcta e o facto das suas músicas serem acompanhadas por excelentes poemas contribuem para o seu reconhecimento público.
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Só em 1978, Manuel Freire voltará a gravar outro disco, intitulado "Devolta" . Nele, o cantor volta a musicar poemas de grandes poetas portugueses. Este disco contará com a colaboração de Luís Cília; outro cantor de intervenção, entretanto retirado das lides.
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Em 1993 a Strauss reedita em CD o disco que contém a "Pedra Filosofal". Esta reedição contém uma nova versão do mesmo tema, gravado com novo acompanhamento e que dura mais de 6 minutos.
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Em 1995 actua na Quinta da Atalaia (Seixal), num espectáculo que abre a Festa do Avante e homenageia Adriano Correia de Oliveira. Neste espectáculo, Manuel Freire é acompanhado pela Brigada Victor Jara.
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O último trabalho do autor é o CD "As Canções Possíveis", onde Manuel Freire canta poemas de José Saramago, numa edição da Editorial Caminho (editora de Saramago). Neste disco, com 12 canções, Manuel Freire é acompanhado por um grupo de músicos tocando violino, piano, contrabaixo, clarinete e violoncelo. Este álbum, recentemente editado, pertence à colecção Caminho de Abril ; que a editora lançou para comemorar os 25 anos do 25 de Abril.
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Manuel Freire é um cantor que, ainda há pouco tempo, era convidado com frequência para sessões nas Universidades portuguesas. Hoje, a cultura estudantil está noutra onda...

http://www.geocities.com/vilardemouros1971/adriano.htm
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