Fados do
Tempo da Outra Senhora (15)
Tempo da Outra Senhora (15)
Menino do Bairro Negro
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Vira também
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Se até da gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
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Letra e música: José Afonso
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Os meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo, inspiraram-lhe para a sua balada «Menino do Bairro Negro».
Então a zona mais pobre do Porto, a miséria do Barredo foi descoberta nos anos 40/50 pelo Padre Américo na sua peregrinação pelos bairros mais miseráveis do Porto. A sua Obra em favor das crianças mais desfavorecidas teve e tem ainda um eco de que o Barredo é o símbolo.
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Morreu em 1956 num desastre de automóvel, e logo o grande Bispo que então governava o Porto, D. António Ferreira Gomes, entendeu que essa obra e esse símbolo não poderiam acabar e, para os perpetuar, imediatamente idealizou o Centro Social do Barredo, a que deu Estatutos inéditos em Portugal.
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Não chegou a assistir ao seu arranque porque entretanto aconteceu a sua conhecida divergência do Dr. Salazar. De qualquer maneira, o Bispo que passou a governar a Diocese deu seguimento à ideia e, em 1961, o Centro Social do Barredo começou a funcionar numa velha, mas muito grande e bela, casa do século XVII, na Ribeira.
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Tinha, para além de um Jardim Infantil que foi dos primeiros que no Porto houve, um espaço para Ocupação dos Tempos Livres das crianças das escolas e estruturas de apoio às famílias pobres. As profissões então em voga na Ribeira não beneficiavam ao tempo de qualquer esquema social. Havia, também, um Posto Médico e de Enfermagem, praticamente gratuitos, e um bem apetrechado Serviço Social de apoio às famílias.
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Um dos primeiros problemas a que o seu Serviço Social se dedicou foi ao problema habitacional na zona, que era gravíssimo, com casas e quartos velhos e superlotados (10 pessoas e mais num só quarto). A população era muito maior do que hoje é (9.000 pessoas na freguesia contra menos de metade agora), a natalidade era enorme (famílias com 10 filhos e mais).
Gravuras:
Arlinda Correa Lima - Menino da Vila - Óleo sobre tela - 1951.Yara Tupinambá - Casas Velhas e Favela - Xilografia - 1958.
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Audição Musical em
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