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* José Afonso
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A morte saiu à rua num dia assim
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A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada à covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
Ainda muito jovem, José Dias Coelho aderiu à Frente Académica Antifascista, e mais tarde, já aluno da escola de Belas Artes de Lisboa, fez parte do MUD juvenil, tendo participado em várias lutas estudantis em 1947. Foi um dos dirigentes das lutas dos estudantes de Belas Artes pela criação da Associação Académica e das lutas em defesa da paz e contra a reunião do Pacto do Atlântico em Lisboa em 1952. Em consequência disso foi expulso da Escola Superior de Belas Artes, proibido de ingressar em qualquer outra faculdade do país e foi demitido do seu lugar de professor do ensino técnico. Aderiu ao PCP com vinte e poucos anos. Era funcionário clandestino quando foi assassinado pela PIDE, em 19 de Dezembro de 1961, na rua dos Lusíadas [Alcântara] em Lisboa.
in Centro de Documentação 25 de Abril
Escultura de José Dias Coelho
Um dossier sobre José Dias Coelho - Artista militante, militante revolucionário
Exposição em PDF encontra-se em:
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