A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sexta-feira, fevereiro 02, 2007




Breve História de Angola

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Angola era povoada pelo menos desde o século V a.C., embora existam achados arqueológicos de ocupações muito anteriores.

Os portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegam ao Zaire em 1484. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos portugueses desta região de Africa, incluindo Angola. O primeiro passo foi estabelecer uma aliança com o reino do Congo, que dominava toda a região. A sul deste reino existiam dois outros, o de Ndongo e o de Matamba, os quais não tardam a fundir-se, para dar origem ao reino de Angola (c.1559) .

Explorando as rivalidades e conflitos entre estes reinos, na segunda metade do século XVI os portugueses instalam-se na região de Angola. O primeiro governador de Angola, Paulo Novais, procura delimitar este vasto território e explorar os seus recursos naturais, em particular os escravos. A penetração para o interior é muito limitada. Em 1576 fundam São Paulo de Luanda, a actual cidade de Luanda. Angola transforma-se rapidamente no principal mercado abastecedor de escravos das plantações da cana do açúcar do Brasil.

Durante a ocupação filipina de Portugal (1580-1640), os holandeses procuram desapossar os portugueses desta região, ocupando grande parte do litoral (Benguela, Santo António do Zaire as as barras do Bengo e do Cuanza). Em 1648 os portugueses expulsam os holandeses, para contentamento dos colonos do Brasil.

Até finais do século XVIII, Angola funciona como um reservatório de escravos para as plantações e minas do Brasil. A ocupação dos portugueses confinam-se às fortalezas da costa. O colonização efectiva do interior só se inicia no século XIX, após a Independência do Brasil (1822) e o fim do tráfico de escravos(1836-42), mas não da escravatura. Esta ocupação trata-se de uma resposta às pretensões de outras potências europeias, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, que reclamavam na altura o seu quinhão em África. Diversos tratados são firmados estabelecendo os territórios que a cada uma cabem, de acordo com o seu poder e habilidade negocial.

Uma boa parte destes colonos são presos deportados de Portugal, como o célebre José do Telhado. Paralelamente são feitas diversas viagens com objectivos políticos, científicos e esclavagistas para o interior do território angolano, tais como: José Rodrigues Graça (1843-1848)-Malanje e Bié; José Brochado-Humbo, Mulando, Cuanhama; Silva Porto-Bié; Devido à ausência de vias de comunicação terrestres, as campanhas de ocupação do interior são feitas através dos cursos fluviais: Bacia do Cuango (1862), Bacia do Cuanza (1895,1905,1908); Bacia do Cubango (1886-1889, 1902,1906); Bacia do Cunene (1906-1907); Bacia do Alto Zambeze (1895-1896); Entre Zeusa e Dande (1872-1907), etc.

As fronteiras de Angola só são definidas em finais do século XIX, sendo a sua extensão muitíssimo maior do que o território dos Ambundos, a cuja língua o território de Angola anda associado.

1900-1960

A colonização de Angola, após a implantação de um regime republicano em Portugal (1910), entra numa nova fase. Os republicanos haviam criticado duramente os governos monárquicos por ter abandonado as colónias. O aspecto mais relevante da sua acção circunscreveu-se à criação de escolas. No plano económico, inicia-se a exploração intensiva de diamantes. A Diamang (Companhia dos Diamantes de Angola) é fundada em 1922, embora operasse deste 1917 na região de Lunda.

O desenvolvimento económico só se inicia de forma sistemática em finais do anos trinta, quando se incrementa a produção de café, sisal, cana do açúcar, milho e outros produtos. Tratam-se de produtos destinados à exportação.

A exportação da cana do açúcar, em 1914, pouco ultrapassava as 6.749 toneladas. Em 1940 atingia já as 39.423 toneladas exportadas. As fazendas e a industria concentra-se à volta da cidade de Luanda e de Benguela.

A exportação de sisal, desenvolve-se durante a segunda guerra mundial (1939-1945). Em 1921 pouco mais foram exportados que 62 toneladas, mas em 1941 atingia-se já as 3.878. Dois anos depois as 12.721 toneladas. Em 1973 situavam-se nas 53.399. Estas plantações situavam-se no planalto do Huambo, do Cubal para Leste, nas margens da linha férrea do Dilolo, Bocoio, Balumbo, Luimbale, Lepi, Sambo, mas também no Cuanza norte e Malange.

A exportação de café logo a seguir à segunda guerra mundial, abriu um novo ciclo económico em Angola, que se prolonga até 1972, quando a exploração petrolífera em Cabinda começar a dar os seus resultados. A subida da cotação do café no mercado mundial, a partir de 1950, contribuiu decisivamente para o aumento vertiginoso desta produção.Em 1900, as exportações pouco ultrapassaram as 5.800 toneladas. Em 1930 atingiam as 14.841.Em 1943 subiam para 18.828. A partir daqui o crescimento foi vertiginoso. Em 1969 forma exportadas 182.944 e quatro anos depois, 218.671 toneladas.

Para além destes produtos, desenvolve-se a exploração dos minérios de ferro. Em 1957 funda-se a Companhia Mineira do Lobito, que explorava as minas de Jamba, Cassinga e Txamutete. Exploração que cedeu depois á alemã Krupp.

O desenvolvimento destas explorações, foi acompanhado por vagas de imigrantes incentivados e apoiados muitas vezes pelo próprio Estado. Entre 1941 e 1950, saíram de Portugal cerca de 110 mil imigrantes com destino às colónias, a maioria fixou-se em Angola. O fluxo imigratório prosseguiu nos anos 50 e 60.

Nos anos quarenta a questão da descolonização emerge no plano internacional e torna-se uma questão incontornável. Em 1956 é publicado o primeiro manifesto do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

1961-1974

No princípio dos anos 60, três movimentos de libertação (UPA/FNLA, MPLA e UNITA) desencadeiam uma luta armada contra o colonialismo português.

O governo de Portugal ( uma ditadura desde 1926), recusa-se a dialogar e prossegue na defesa até ao limite do último grande império colonial europeu. Para África são mobilizados centenas de milhares de soldados. Enquanto durou o conflito armado, Portugal procurando consolidar a sua presença em Angola, promovendo a realização de importantes obras públicas. A produção industrial e agrícola conhece neste território um desenvolvimento impressionante. A exploração do petróleo de Cabinda inicia-se em 1968, representando em 1973 cerca de 30% das receitas das exportações desta colónia. Entre 1960 e 1973 a taxa de crescimento do PIB (produto Interno Bruto) de Angola foi de 7% ao ano.

Independência e Guerra Civil

Na sequência do derrube da ditadura em Portugal (25 de Abril de 1974), abrem-se perspectiva imediatas para a independência de Angola. O Governo português, negoceia com os três principais movimentos de libertação ( MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola , FNLA-Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA-União Nacional para a Independência Total de Angola ), o período de transição e o processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor, Janeiro de 1975).

A independência de Angola não foi o inicio da paz, mas o inicio de uma nova guerra aberta. Muito antes do dia da Independência, a 11 de Novembro de 1975, já os três três grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma dimensão internacional.

A União Soviética e Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e pouco mais. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de Outubro de 1975).

A África do Sul que apoiava UNITA, por seu lado, invade Angola (9 de Agosto de 1975).

O Zaire que apoiava a FNLA invade também este país (Julho de 1975). A FNLA conta também com o apoio da China, mercenários portugueses e também com o apoio da África do Sul.

Os EUA que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardam a ajudar também a UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi durante muito tempo dividir Angola.

Em Outubro de 1975, o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos, organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas sul-africanas e zairenses retiraram-se, e o MPLA conseguiu formar um governo socialista unipartidário.

Em 1976 as Nações Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legitimo representante de Angola, o que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul .

No meio do caos que Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonam este país entre 1974 e 1976, o que agrava de forma dramática a situação económica.

Em Maio de 1977, um grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeia um golpe de Estado, que é afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realiza o seu 1º Congresso, onde se proclama um partido marxista-leninista e adopta o nome de MPLA-Partido do Trabalho.

A guerra continuava a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA. A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de Angola.

Agostinho Neto, morre em Moscovo a 10 de Setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.

No inicio dos anos oitenta, o número de mortos e refugiados não pára de aumentar. As infra-estruturas do país são brutalmente destruídas. Os ataques da África do sul não param. Em Agosto de 1981, lançam a operação "Smokeshell" utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na província do Cunene (sul de Angola). O Governo da África do Sul justifica a sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi firmado um acordo tripartido (Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a retirada dos cubanos de Angola.


Em Junho de 1989, em Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabelecem uma trégua. A paz apenas durou dois meses. Em fins de Abril de 1990, o Governo Angola anuncia o reinicio das conversações directas com a UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar fogo. No mês seguinte, a UNITA reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o chefe de estado angolano. O desmoronar da União Soviética acelera o processo de democratização. No final do ano, o MPLA anunciava a introdução reformas democráticas no país. A 11 de maio de 1991, o governo publica uma lei autorizava a criação de novos partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos saem de Angola.

31 de Maio de 1991, com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebram-se os acordos de Bicesse (Estoril), terminado com a guerra civil desde 1975, e marcando as eleições para o ano seguinte. As eleições de Setembro de 1992,dão a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA (cerca de 40% dos votos não reconhece os resultados eleitorais. Quase de imediato sucede-se um horrendo banho de sangue, reiniciando-se o conflito armado. Em 1993, o Conselho de Segurança embarga as transferências de armas e petróleo para a UNITA. Tanto o governo como a UNITA acordaram, em parar as novas aquisições de armas, mas tudo não passou de palavras. Em Novembro de 1994, celebra-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola (MPLA). A Paz parece mais do que nunca estar perto de ser alcançada.A UNITA usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka. Em Dezembro de 1998, Angola retorna ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de Jonas Savimbi (líder da Unita).

(...)

FONTE: http://lusotopia.no.sapo.pt/indexAngHistoria01.html




imagem - mapa dos Reinos de Angola e de Benguela

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