A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

sábado, fevereiro 17, 2007









Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (2)

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em sequência de

Mortos com os «safanões» ordenados por Salazar e Caetano (1) - Victor Nogueira

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* Victor Nogueira

Quanto ao que escrevi, tirando a opinião sobre o caso de Mondlane [e a informação sobre Mueda, noutro blog], nada foi desmentido. Mas fiquei a saber que há quem, «democraticamente, ache que os fins justificam os meios.

Ninguém está cobrando ao PS/PSD/CDS nem fica cobrando a toda a hora os crimes e comprovados actos de ingerência dos EUA por todo o mundo, incluindo o lançamento de duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasáqui, feito que se preparam para repetir no Irão.

Ninguém aqui fica cobrando ao PS/PSD/CDS e dizendo que eles são responsáveis pelas chacinas de povos inteiros em resultado de achamentos ou descobertas e que em Portugal queriam fazer o mesmo que seus partidos «irmãos» fizeram noutros países.

Quanto à guerra na África «portuguesa», somos forçados a concluir que o Papa, que recebeu os movimentos de libertação, os EUA, os países nórdicos, o Reino Unido, a França e todo o Conselho de Segurança da ONU não passavam de anjinhos, ceguetas a soldo de Moscovo.

Eu não «justifico» as mortes, seja qual for o lado, mas exponho o que lhes deu origem. O senhor Pires não desmente mas, numa de guerra preventiva, agora utilizada pelos EUA e condenada pelo Direito Internacional e pela Carta das Nações Unidas, entende que mais vale prevenir que remediar, entregando-se a exercícios de futurologia divinatória para «justificar»/desculpar o passado.

E, num passe de mágica, se repete a história ou fábula do lobo e do cordeiro: se não foste tu foi o teu pai, e assim o Lobo abocanha o inocente cordeiro.

Os «erros» esclarecem-se e é do «debate» sério que pode nascer alguma luz. Para quem nisso estiver verdadeiramente interessado. Eu não sou o senhor da VERDADE, porque esta depende também do ângulo de visão.

Fora disto, é poeira para tapar o Sol ou esconder a Lua em qualquer fase que esteja.

O que esteve na origem da minha «contribuição» foi um texto sobre «sangue e vergonha», também aqui publicado. e que deu origem às minhas notas sobre os «safanões»

Mas pelos vistos, «vergonha» só sobre uns e não sobre outros. Eu não ironizo com coisas sérias, mas façamos a contabilidade, pondo os nomes mas também uma «cruz» sobre cada anónimo ou de nome desconhecido e não registado. Dos dois lados, mesmo em colunas separadas, e não apenas dum só.

No e-mail pelo qual ao «25 de Abril: o antes e o agora» enviei o texto 25 de Abril – reflexão e alguns dados, que deu origem a esta e outras «reações» escrevi e transcrevo:

«No seu blog «25 de Abril: o antes e o agora», tal como no PortugalClub, foi publicado um texto intitulado «Uma “revolução sem sangue...”?».

Tenho por mim que em Portugal as profundas transformações socio-económicas que resultaram do 25 de Abril, embora violentas pela sua própria natureza de perda (momentânea) do poder pela classe até aí dominante, não foram sangrentas e que a maioria das mortes ocorridas tiveram três autores principais: a PIDE, que se não queria render e disparou sobre a multidão, o ELP/MDLP chefiado pelo General Spínola com o apoio encoberto de muito «democrata» e as auto-denominadas Forças Populares 25 de Abril, a cujo directório pertencia Otelo Saraiva de Carvalho.

Sem pretender de modo algum ser uma resposta ao texto acima referido, ponho à sua consideração a publicação do texto a seguir transcrito.

#Todas as mortes são trágicas, mas quando a passagem do Poder numa sociedade «ocupada» é feita à última da hora pelos «ocupantes», por força das circunstâncias, estes não têm condições para salvaguardar aqueles que com eles colaboraram.

Também no Vietname, por exemplo, os EUA abandonaram à sua sorte os que lutaram contra o Vietcong, mesmo que se amontoassem à porta da embaixada dos EUA enquanto os últimos americanos «apanhavam» os últimos helicópteros no terraço do edifício que deixara de ser solo americano» #

E o Governo de Salazar, foi ou não previamente avisado dos massacres da UPA antes da sua concretização, em Março de 1961? E se foi, porque deixou morrer os portugueses e bailundos? E o massacre da Baixa do Cassage, em Janeiro de 1961, ocorreu ou não? E se ocorreu, quem deu ordem para o assassínio de «portugueses» negros?

Mas o assassínio de portugueses «negros» em Luanda, só por serem «negros» e como tal «inimigos», a seguir aos ataques às cadeias de Luanda para libertar presos políticos, em 4 Fevereiro 1961, esse aconteceu mesmo, porque eu estava lá. E porque estava lá, e porque à mesa da casa dos meus pais se sentavam tanto o doutor ou o engenheiro ou médico como o operário, carpinteiro ou mecânico, tanto o branco como o indiano ou o negro, é que me pareceu um absurdo que alguém fosse morto pelas «milícias» brancas só por ter outra cor de pele.

Pareceu-me um absurdo que a lavadeira Maria ou o criado Fernando ou os que tinham andado comigo ao colo e de quem era amigo e que me estimavam, pudessem ser mortos apenas porque eram negros.

E porque estava lá, embora apenas com 15 anos, comecei a ver a «verdade» doutra maneira. Como também nunca aceitei que homens adultos fossem levados ao chefe de posto, o Poeira, para levaram com a palmatória apenas porque o Patrão Branco achava que deviam ser castigados.

Como não aceitei que o ciclista que sem culpa me atropelou, fosse levado ao posto como castigo, levando as palmatoadas da ordem e ficando a dormir na cadeia.

Mas já agora, que fizeram a Monarquia, a 1ª República e o Estado Novo para considerar os povos dos «territórios ultramarinos», sucessivamente colónias, províncias ultramarinas ou mesmo Estados [Angola e Moçambique] para integrar as populações autóctones ou indígenas na «civilização» e considerá-las em pé de igualdade e não apenas como seres sem direito à cidadania? E que fizeram os Governos de Salazar e Caetano durante treze anos de guerra para que houvesse outra solução? E se não o fizeram, porque o não fizeram? Porque criticou Champalimmaud a política do Governo de Caetano? O discurso deste está na Internet; basta proocurá-lo na NET; creio que foi publicado na imprensa de Angola na altura [1973] mas não em Portugal.

Victor Nogueira

Publicado nos blogs «25 de Abril - O antes e o agora» e «Macua.blog.com/Moçambique para todos» bem como no site «PortugalClub»

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