Estado de sitio - Chega de diálogo

* António Ribeiro Ferreira
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[O Governo tem de] manter a avaliação e pôr fim ao diálogo com os sindicatos. Custe o que custar. Mesmo a maioria absoluta .
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Os professores lá vieram a Lisboa fazer a sua marcha da indignação. Muitos, mais de 80 mil de um universo estimado em 140 mil que são pagos pelo Estado, isto é, pelos cidadãos que pagam impostos, para ensinar as crianças do sítio e prepará-las para a vida.

Todos muito zangados com a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, uma senhora com um mau feitio muito saudável, o Governo liderado por José Sócrates e, claro, pretos de medo por irem ser avaliados, facto único na história do Ensino público neste sítio cada vez mais deprimido, cada vez mais ignorante e cada vez mais mal frequentado.

Todos muito zangados com Maria de Lurdes Rodrigues e José Sócrates porque, nestes três anos, os obrigaram a trabalhar mais, a estar mais tempo nas escolas, acabaram com a fantochada da chamada gestão democrática das escolas, agora substituída pela figura de um director escolhida por pais e autarquias, por terem dado alguns golpes importantes na espinha dos sindicatos, por terem metido nas escolas centenas de sindicalistas e, agora, imagine-se, porque decidiram separar o trigo do joio e descobrir quem é bom ou mau professor, competente ou incompetente.

Um escândalo nunca antes visto neste sítio cada vez mais triste e cinzento. Não é por problemas de comunicação, como afirmou Mário Soares, que os professores andam aos saltinhos pelas ruas. Não. É por medo da avaliação que vai mostrar aos pais que têm filhos na escola pública muitas das razões do insucesso, do abandono e da ignorância das crianças e dos adolescentes do sítio. No rescaldo da manifestação de sábado aconteceram coisas espantosas. Alguns comentadores e analistas decretaram de imediato uma crise no Governo e a impossibilidade de o PS obter nova maioria absoluta em 2009.

Outros, como o senhor Mário Nogueira, líder da federação comunista do sector, decretaram o fim do diálogo com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues. Por um lado, diz-se que as reformas a sério, verdadeiras, que mexem com privilégios, mordomias e incompetências são impossíveis neste sítio. Quem as ousa fazer está condenado ao insucesso político. É verdade. E daí o estado a que isto chegou em mais de trinta anos de Democracia.

Um pântano sem eira nem beira, uma choldra. Por outro, o famigerado diálogo é neste sítio sinónimo de reformas a brincar, de fantochadas para indígena ver. É por isso também que agora se espera duas coisas de Sócrates e de Maria de Lurdes Rodrigues: manter a avaliação dos professores e pôr fim ao diálogo com os sindicatos. Custe o que custar. Mesmo a maioria absoluta em 2009.

António Ribeiro Ferreira

» Artigos Relacionados 10-03-2008 - 00:30:00 Sócrates segura ministra

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» Comentários Terça-feira, 11 Março - paulo Nao concordo minimamente com o artigo. Reformulem-se as infraestruturas, elimine-se cursos de educacao. O meu pai e professor, agora nao tem nem tempo para preparar as aulas devido a papelada inconsequente. Quem sabe o que e educar, sabe o quao patetico e educar nas infraestruturas portuguesas.Mas o portugues gosta de se sentir bem deitando os outros abaixo. eu digo: eduque-se antes os opinantes. - anónimo Eu respeito a sua opinião, pois não estou minimamante informado sobre a sua profissão, nem tenho o direito, (nem o senhor deixaria) de me intrometer na sua avaliação. Por isso mesmo, o senhor quendo falar desses senhores que andam aos saltinhos, informe-se bem sobre o que fala, e se quer respostas às suas dúvidas, consulte o site do ministério de esducação e organização de professores. - Get smart O sr. António Ribeiro Ferreira ainda não percebeu que esta não é uma simples luta Governo / Sindicatos. Omite, por exemplo, o alcance e importância dos movimentos de professores que se estão a constituir um pouco por todo o lado. O presente e o futuro desta luta social têm aspectos que só alguns mais dotados e mais atentos [como Alegre] conseguem desde já alcançar. Segunda-feira, 10 Março - MT PARABÉNS ao autor deste artigo, porque diz, com toda a clareza, o que pensam milhões de portugueses.Talvez só os professores e familiares que fizeram a manifestação assim não pensem. Para completar, ainda acrescento que, de acordo com informações divulgadas, somos o País da Europa com mais insucesso escolar, mas onde os professores são melhor remunerados. ISTO TEM DE ACABAR,FORÇA SRª MINISTRA! - Eduardo Coelho Mas vamos ser avaliados pelo nosso desempenho ou pelo desempenho dos alunos, dos Enc. de Educ, do meio envolvente? Por que não se reclama que os alunos sejam avaliados por quotas? Quem paga mais impostos do que os professores? Não há também professores com filhos? Essa é boa... - JC Os sindicatos dos profs. criaram "ad hoc" a "Plataforma Sindical",mas entregaram a liderança da dita à Fenprof, vocacionada para acções de protesto.Há dias uma sondagem indicava o PM como o mais visto nas TV,mas decerto que já foi ultrapassado pelo Prof.Mário Nogueira,da Fenprof,o qual,não obstante,quase só fala em providências cautelares e,àcerca de avaliação,nada diz que esclareça os leigos. - Observador Se esses senhores são assim tão competentes, porque durante anos não mostraram isso na sala de aula? Não ensinar porque não saber, até podemos tolerar, agora dizem que sabem e não ensinaram passa a ser crime na medida que o povo pagou. Jogaram o trabalho do povo no lixo no maior desrespeito. - Observador Parabens pelo artigo. Ele representa a voz dos milhões de Portugueses que não estiveram nesse desfile. Que nunca lhe doa a lingua. Não tem medo desses ditadores que nos procuram entimidar. - Amílcar Francisco Albuquerque dos Santos Já aqui o desafiei para se informar antes de falar. Agora chega ao pnto de exigir o não-diálogo e a imposição das medidas por parte do "presidente do conselho". Realmente, será que também fez algum curso por "correspondência" para ter assim tanta raiva aos verdadeiros PROFESSORES? O seu artigo pode resumir-se numa palavra : NOJO. Venda do Pinheiro - Óscar Penso que a ministra e o Sócrates deveriam começar a ficar preocupados quando gente como o António Ribeiro Ferreira começa a apoiar a política educativa deste governo...É sinal de que deveriam começar a inverter as agulhas na actual (e nefasta) política educativa... - João Bosco Parabéns por dizer claramente o que pensa mandando o politicamente correcto às malvas. - Susana Abreu O modelo de avaliação que o Ministério da Educação pretende implementar está envolvido numa carga burocrática brutal, apresenta parâmetros de avaliação injustos tais como a taxa de abandono escolar e as classificações dos alunos.Além disso, impede que mais de dois terços dos professores passem do meio da carreira, independentemente do seu mérito. Porto - Ana Paula Quando o Eng. Guterres governou , foi criticado porque dialogava muito. Agora que alguém quer executar o que há muito devia ter sido executado sem mais diálogos (de 'surdos'),vêm os srs. profs reclamar que a ministra não ouve nem dialoga. Todos nós que temos ou tivemos filhos na escola estamos com a Sra. Ministra porque todos conhecemos mto bons e mto maus profs e há que diferenciá-los.Faro - Racir Quando tiver vontade de aprender o que é educação peça-me uma audiência atempadamente pois, actualmente, Sábados e Domingos são para trabalhar para a escola. De certeza que só fala assim dos professores quem recebeu um diploma das "Novas Oportunidades" ou tirou o curso na Indepenedente. Não fale do que não sabe e tenha a coragem de pedir desculpa aos milhares de professores que... - Ana Micéus O texto vem atrasado : A maioria absoluta de há muito tempo que se foi embora! - António Sr. A. R. Ferreira, olhe que a choldra foi criada pelos políticos que têm gerido (?) os destinos do país não pelos prof. f. públicos ou sindicatos.E não, não temos medo da avaliação. Mas se calhar o sr. até tem. Diálogo faz parte da democracia, coisa que o sr. ignora pelo que vejo. Mais respeito por quem o ensinou a ler fica-lhe bem! - J. Rodrigues Se não têm medo de ser avaliados, poque se preocupam tanto? Ou desejavam uma avaliação tipo passagem administrativa? Muitas outras profissões são avaliadas todos os dias; porque haveriam os «stores» de ser a excepção? Quem não deve, não teme!!! - Alice Maria Martins Falar do que se não conhece é fácil, para os comissários políticos do partido no poder. Os professores querem ser avaliados. O sistema proposto é impraticável. Basta dizer que os 7 mil que a ministra acha que podem ser avaliados este ano, dificilmente o podem ser. E segundo o aborto de lei elaborado pelo ministério não podem voltar a ser contratados. - maria Sinceramente... use um pouco do seu tempo e leia o estatuto do aluno, talvez entenda o porquê da angústia dos prof. e o futuro da educação neste País. - Clara Sousa (Portalegre) Fique descansado, caro senhor. Sócrates nunca terá maioria absoluta em 2009.

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Segunda-feira, 10 Março


- Maria Alves
Sim, o problema da educação não está nos docentes mas sim nas sucessivas equipas ministeriais, nos seus alunos e famílias. Se questionarmos alunos vindos dos países de leste sobre o ensino em Portugal eles responderão que os professores são excelentes e que os colegas portugueses são indisciplinados. Esta é a verdade nua e crua.

- Maria Alves
Vêm propagandear para os meios de comunicação social, dizendo que os professores não querem ser avaliados.Que grande mentira!Os professores serão daqueles profissionais que melhor convivem com o acto de avaliar e ser avaliado, já que diariamente avaliam e minuto a minuto são avaliados pelos seus alunos e pelas suas famílias.

- soli
Como as opiniões mudam! Agora o sr. "Presidente do Conselho" já agrada pela atitude "fascista"... Acho bem que os Professores sejam melhor avaliados, pois são pagos por todos nós para ensinar. Era bom que pudessem eles ser exigentes com os alunos, cujos estudos todos pagamos. Mas não podem, o Estatuto do aluno não permite! Burros diplomados pela melhor M. Educação de Portugal! Tinha-o em melhor conta.

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in Correio da Manhã 2008.03.10

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