A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, março 24, 2008

«Opus Dei» quer ser partido!...



Por entre sacrifícios impostos aos mais pobres pelos mais ricos e no labirinto dos medos de uma derrocada económica, erguem-se os fantasmas do passado : o regresso da repressão, a intimidação constante, a recusa do debate sério e a arrogância dos que tudo podem, querem e mandam. O Governo faz gala em exibir o seu despotismo e em zurzir os fracos com o chicote do Poder. De certo modo, surpreende que assim seja: as novas eleições são de aqui a um pouco mais que um ano. Muito dificilmente o povo português repetirá os erros do passado. Que sentido fará, então, esta política de verdadeiro suicídio eleitoral? A resposta plausível será esta: as forças que o Governo verdadeiramente representa contam com importantes alianças ocultas que a seu tempo se revelarão. Nomeadamente, os apoios extremos do grande capital e o manto protector de uma Igreja Católica cúmplice.
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Segundo esperam, Sócrates e os seus acólitos, quando chegar a altura própria, a Trilateral, a banca mundial, as gigantescas centrais capitalistas e o Vaticano, correrão a salvar os arrogantes leigos «socialistas». Para já, impõe-se preparar a operação e dar corpo a um movimento que possa articular entre si os partidos políticos da direita, os mercados, a Igreja e a «sociedade civil», tudo com a cobertura fornecida por uma comunicação social politicamente simpatizante e controlada. O plano em mente não é propriamente original. Já foi ensaiado, por exemplo, em Itália, em Espanha e no Brasil, com o seu folclórico «centrão». Nos bastidores da reacção portuguesa trabalha-se aceleradamente nesse mesmo sentido.

O casulo da intriga

Foi publicamente anunciado estar a ser constituído um novo partido político «não católico, mas de inspiração cristã», segundo as palavras do seu aparente «testa de ferro», o angélical dr. Rui Marques, homem do Opus Dei e ex-Alto Comissário da Imigração desde a era de Guterres o qual, como se sabe, come à mesa da Companhia de Jesus. O esperançoso partido chamar-se-á MEP-Partido da Esperança e tem um núcleo organizador de 60 elementos, em parte anónimos, mas que se sabe provirem de áreas do Opus Dei, dos jesuítas, dos franciscanos, das ONGS, das IPSS e, de maneira geral, da chamada «sociedade civil». Confessam o objectivo político e ideológico de ocuparem o centro do leque partidário, entre o PS e o PSD. Tal como a doutrina social da Igreja proclama, o MEP considera-se «perito em humanidades». E declaram, tal como dizia Escrivá de Balaguer, o fundador do Opus Dei, «Nós, meus filhos, somos gente da rua...» palavras que Rui Marques repete mudando a forma de expressão e declarando: «somos homens e mulheres comuns, muitos com trabalho social na área das instituições de solidariedade social, em ONGS, nos movimentos para o desenvolvimento, alguns deles ligados à Igreja. E porque não?» Santa simplicidade!...
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É esta inocente candura que leva, depois Rui Marques a desenvolver os seus raciocínios e a deixar-se ir, talvez, longe de mais: «Não é um partido de inspiração cristã. Não é esse o critério. A Igreja Católica em Portugal tem a convicção de que não há partidos católicos. Existem católicos em vários partidos, às vezes em partidos inesperados... Os católicos têm liberdade de filiação política e não há nenhum partido, nem pode haver, que se assuma como partido de católicos. É um projecto aconfessional, sem nenhuma referência religiosa, como deve ser!».
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Todos os dados que vão sendo conhecidos encaixam-se perfeitamente na hipótese de que estamos em presença não só do esboço simples de um novo partido mas de um plano de reforma do mapa político-partidário português, uma exigência dos amigos de Sócrates e da Igreja Católica. Intento megalómano, sem dúvida, mas com a marca evidente dos tecnocratas do Vaticano e equipado com as estratégias conspirativas do Opus Dei. À direita, o MEP deverá funcionar como partido-charneira, fazendo a ponte entre o Governo, a banca, as multinacionais e a Igreja; à esquerda, disfarçando-se com uma leve maquilhagem demagógica e epistolar, o MEP procurará encurralar e cilindrar os comunistas. Toda esta invasão dos acessos ao poder terá de ser faseada, desenvolvida pouco a pouco, grão a grão, como quem faz uma sopa. Mas deverá ser exacta e funcionar a curto prazo. Fácil é já prever que o MEP irá contar com orçamentos ilimitados e absorverá os militantes fugidos ao desabar da direita política convencional, de uma certa esquerda desempregada e revisionista, dos oportunistas políticos e da todo-poderosa doutrina social da Igreja com as suas armas de intervenção, como é por exemplo o caso da Comunidade de Santo Egídio, irmã gémea de Mário Soares ou do voluntariado católico de Vieira da Silva.
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É claro que, neste momento, os factos essenciais não estão ainda consumados. É importante, porém, que observemos com atenção este panorama de intriga, que equacionemos os seus perigos e que saibamos extrair a raiz quadrada àquilo que se prepara.
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in Avante 2008.03.20
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1 comentário:

Arrebenta disse...

Só um ceguinho é que não veria... :-\
É por essas e por outras que continuamos na Cauda da Europa