A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, março 17, 2008

O MEDO DA RUA






A tremideira nervosa que se apossou do Governo dá sinais de inquietante agudização - tanto mais inquietante quanto essa tremideira põe a nu um conceito de governação dominado pela arrogância, pela prepotência, por um quero, posso, mando e faço donde emergem frequentes medidas de carácter repressivo e um discurso oficial que, com cada vez maior frequência, ultrapassa os limites do mais elementar respeito democrático e descamba na insolência boçal e pesada de ameaças.
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A semana que passou ficou marcada por uma sucessão de ocorrências antidemocráticas, cuja gravidade está na razão directa do ascenso da luta de massas contra a política do Governo e pela exigência de uma política de esquerda.
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A poderosa Marcha Liberdade e Democracia, organizada pelo PCP no dia 1 de Março; a impressionante Marcha da Indignação convocada, no dia 8, pelas estruturas de classe dos professores; as muitas outras importantes lutas de empresa entretanto realizadas; e as lutas previstas para o futuro imediato, designadamente a manifestação em greve da Função Pública da próxima sexta feira, evidenciam uma muito clara e positiva determinação de luta dos trabalhadores que enerva e irrita o Governo e que o faz mostrar a sua verdadeira face e é óbvio que este Governo não suporta a democracia, teme a, e dispara ao menor ruído democrático.
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A carga da GNR sobre os trabalhadores em greve na ETAR de Sines (repetindo a prática utilizada na Valorsul) é uma carga da política de direita contra a Constituição da República e os direitos, liberdades e garantias que ela consagra da mesma forma que a prisão do eleito autárquico (à semelhança da recente condenação a 75 dias de prisão de um dirigente sindical) é a insistência obsessiva do Governo num caminho fora da Lei Fundamental do País.
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Enfim, a repressão crescente praticada em milhares de empresas por um patronato explorador que goza de total impunidade e conta com todo o apoio do Governo, é um exemplo da marca de classe da política de direita e da sua incompatibilidade com o regime democrático legal.

As reacções da ministra da Educação à histórica manifestação dos professores de sábado passado, são bem elucidativas do conceito de governação democrática em vigor: para a ministra, sem margem para dúvidas, a rua não é espaço de exercício democrático pelo que mil, dez mil ou cem mil professores na rua, é para ela exactamente a mesma coisa: nada. Assim o diz contudo, com olhos e voz de quem não perdoa que mais de dois terços do total dos professores que compõem a classe tenham vindo reclamar os seus legítimos direitos...
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Também as declarações do ministro Santos Silva, em Chaves, desnudam um conceito de democracia que se aproxima mais do regime que durante 48 anos oprimiu e reprimiu Portugal e os portugueses do que do regime democrático conquistado com a Revolução de Abril.
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O ataque ao PCP desferido pelo ministro é todo feito da raiva decorrente do facto de o PCP ser um partido singular, no plano nacional, em matéria de luta pela liberdade, pela democracia, pelos interesses dos trabalhadores, do povo e do Pais luta seguida com total coerência ao longo de 87 anos, marcando a diferença em relação a todos os outros partidos, PS incluído.
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O ministro Santos Silva sabe embora finja que não e, sem vergonha, manipule a verdade que essa diferença começou quando o fascismo decretou o fim dos partidos políticos e o único que não acatou a ordem e decidiu mergulhar na clandestinidade e resistir, foi o PCP mostrando inequivocamente ser diferente dos que são todos iguais, nestes incluído o PS.
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Contrapondo à democracia avançada de Abril a democracia velha, baseada na exploração e na opressão, que ele pretende impor como modelo único, o ministro é um homem do passado.
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E quando ministra e ministro, invocando essa democracia velha, rejeitam a rua como espaço de intervenção democrática, estão de facto, a rejeitar a democracia e a liberdade conquistadas precisamente nas ruas (e que de outra forma não teriam sido conquistadas), nesse momento mais belo, mais avançado e de maior modernidade da História de Portugal que foi a Revolução de Abril.
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O medo da rua manifestado pelo Governo e a obsessão doentia com que o expressa, parecem indicar que se trata de um medo duplo e simultâneo: o medo de ser deitado para a rua por efeito daquilo que mais teme as grandes acções de rua das massas trabalhadoras.

O primeiro ministro e os seus ministros podem persistir na sua postura de fechar os olhos e os ouvidos face ao descontentamento generalizado provocado pelas consequências da sua politica.
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Podem continuar a «ver» comunistas encapuzados nas centenas e centenas de milhares de portugueses que, das mais diversas formas, expressam o seu protesto e reivindicam os seus legítimos direitos.
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Podem, incapazes de conter o nervosismo que os assola, desaustinados, desnorteados, continuar a bolsar insultos, ofensas e calúnias contra o PCP e contra os trabalhadores em luta.
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Podem intensificar as práticas e medidas antidemocráticas, persecutórias, repressivas, em claro desprezo pela Constituição da República Portuguesa.
Mas não podem por muitos argumentos anti democráticos a que deitem mãos impedir a continuação da luta de massas.
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E a luta de massas como eles muito bem sabem e receiam é, simultaneamente, o caminho da liberdade e da democracia e o caminho para a derrota da politica ao serviço do grande capital e para a sua substituição por uma politica ao serviço dos trabalhadores, do povo e do Pais.

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