DOIS MOMENTOS, DOIS RETRATOS
Ontem, no comício do PC, ali no Rossio de S.Brás, o Álvaro Cunhal falou na independência dos povos das colónias. (...) Ainda antes do Álvaro Cunhal falar o palco foi abaixo por duas vezes. Uma multidão imensa concentrava se em redor do palco, junto ao Monte Alentejano, agitando se inúmeras bandeiras vermelhas do PC. Em uníssono, a multidão repetia as palavras de ordem, de punho erguido.
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Detecto,  junto a mim, um grupo que vai comentando ao sabor das intervenções.  Quando se falam nas torturas sofridas pelo Cunhal e outro comunista, uma  mulher ao meu lado diz me: "Coitadinho! Bandidos!" E a multidão grita:  "Morte à PIDE!". Dois delegados dos Sindicatos Agrícolas (Évora e Beja)  enumeram as quebras dos contratos colectivos de trabalho e o nome dos  latifundiários. A multidão grita: "Morte aos cães!" "A terra a quem a  trabalha!".
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Ao meu lado, algumas  mulheres dizem: "É assim mesmo!" e "Essa sou eu!", quando se fala em  ranchos despedidos. O Álvaro Cunhal cita as lutas revolucionárias dos  trabalhadores alentejanos e a "palha" que os latifundiários teriam  mandado dar aos trabalhadores que imploravam comida. E a revolta; que  enquanto houvesse ovelhas, galinhas e porcos não comiam palha os  trabalhadores!
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O Partido faz a sua  campanha e no palco estão pessoas que já conheço de há muito. Por detrás  delas, enormes, em fundo vermelho, as efígies de Marx, Engels e Lenine.  A brancura de Évora é agora quebrada por cartazes do PC. Marx, Engels e  Lenine enchem as ruas, conjuntamente com cartazes com a foice e o  martelo. (1974.07.28)
.2. - Passa Camarada
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Na Voz do Operário ao chegar à porta para o  pátio olhei por cima do ombro e vi o Álvaro e o seu guarda-costas e  disse-lhe naturalmente: «Passa, camarada» ao que ele retorquiu " Passa  tu, camarada, que chegaste primeiro» E assim ficámos lado a lado no  pátio, numa lenta fila para o almoço, enquanto as pessoas vinham  cumprimentá-lo ou apresentá-lo aos filhos de colo ou não.
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Foi uma hora divertida e tenho pena de não ter fixado por escrito as conversas, as impressões já desvanecidas e, sobretudo, os diálogos bem humorados com Dias Lourenço sobre as peripécias em torno das fugas de Peniche.
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Foi uma hora divertida e tenho pena de não ter fixado por escrito as conversas, as impressões já desvanecidas e, sobretudo, os diálogos bem humorados com Dias Lourenço sobre as peripécias em torno das fugas de Peniche.
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