Sócrates considerou que seria “criminoso” não encerrar escolas com menos de 20 alunos
05.06.2010 - 16:55 Por Lusa
O primeiro-ministro, José Sócrates, assegurou hoje que o Governo vai continuar com o encerramento de escolas para combater o insucesso escolar e considerou que teria sido “criminoso” não ter avançado com o processo.
Sócrates disse estar em causa o interesse pedagógico (PÚBLICO (arquivo))
“Era criminoso para o nosso sistema público de ensino não ter feito nada para encerrar as escolas com menos de 20 alunos [e] é por isso que vamos continuar com esse esforço”, declarou José Sócrates em Trancoso, onde hoje recebeu a medalha de honra do município e inaugurou uma nova escola básica integrada.
No seu discurso, José Sócrates, que esteve acompanhado pela ministra da Educação, Isabel Alçada, apontou que o Ministério da Educação já encerrou cerca de 2500 escolas. E acrescentou: “Agora encerramos as outras, em negociação com as autarquias”.
Disse que o Governo não podia deixar “tudo como está”, mas reconheceu que “há sempre críticas às reformas”. Contudo, frisou que “o pior que há na educação é não fazer nada”.
Segundo o primeiro-ministro, irão encerrar mais escolas com menos de 20 alunos porque, com esta medida, o Governo pretende “combater o insucesso escolar”.
“Ao longo destes últimos anos o insucesso escolar nas escolas com menos de 20 alunos sempre foi muito superior ao insucesso escolar verificado nas outras escolas com mais alunos”, apontou.
Tendo em conta este cenário, admitiu que manter escolas com 20 alunos significaria “condenar essas crianças à exclusão, ao abandono e ao insucesso escolar”.
“Nós não queremos isso, só pensamos no interesse das crianças, é um interesse meramente pedagógico, quando pensamos em encerrar essas escolas”, disse, em declarações aos jornalistas.
A Câmara de Trancoso entregou hoje a medalha de honra do concelho a José Sócrates pela decisão de ter avançado com a construção do Itinerário Principal 2 (IP2), com perfil de auto-estrada entre Celorico da Beira e Trancoso.
O autarca Júlio Sarmento considerou que a decisão tomada pelo Governo de José Sócrates “representa o mais importante investimento público de sempre no concelho de Trancoso”.
“Com esta homenagem também queremos desactualizar a teoria corrente da ingratidão política”, disse o social-democrata Júlio Sarmento.
José Sócrates mostrou-se “profundamente honrado” e disse que estava em Trancoso para agradecer a distinção concedida e o gesto da autarquia que “tem nobreza e elevação”.
“Como a política em Portugal está a precisar de elevação e de nobreza”, comentou o primeiro-ministro.
Afirmou que o IP 2 é uma obra “justa e necessária” para a região e que o Governo avançou com a sua construção por razões económicas, de justiça e de solidariedade para com uma região do interior do país que não dispõe de boas acessibilidades rodoviárias.
No seu discurso, José Sócrates, que esteve acompanhado pela ministra da Educação, Isabel Alçada, apontou que o Ministério da Educação já encerrou cerca de 2500 escolas. E acrescentou: “Agora encerramos as outras, em negociação com as autarquias”.
Disse que o Governo não podia deixar “tudo como está”, mas reconheceu que “há sempre críticas às reformas”. Contudo, frisou que “o pior que há na educação é não fazer nada”.
Segundo o primeiro-ministro, irão encerrar mais escolas com menos de 20 alunos porque, com esta medida, o Governo pretende “combater o insucesso escolar”.
“Ao longo destes últimos anos o insucesso escolar nas escolas com menos de 20 alunos sempre foi muito superior ao insucesso escolar verificado nas outras escolas com mais alunos”, apontou.
Tendo em conta este cenário, admitiu que manter escolas com 20 alunos significaria “condenar essas crianças à exclusão, ao abandono e ao insucesso escolar”.
“Nós não queremos isso, só pensamos no interesse das crianças, é um interesse meramente pedagógico, quando pensamos em encerrar essas escolas”, disse, em declarações aos jornalistas.
A Câmara de Trancoso entregou hoje a medalha de honra do concelho a José Sócrates pela decisão de ter avançado com a construção do Itinerário Principal 2 (IP2), com perfil de auto-estrada entre Celorico da Beira e Trancoso.
O autarca Júlio Sarmento considerou que a decisão tomada pelo Governo de José Sócrates “representa o mais importante investimento público de sempre no concelho de Trancoso”.
“Com esta homenagem também queremos desactualizar a teoria corrente da ingratidão política”, disse o social-democrata Júlio Sarmento.
José Sócrates mostrou-se “profundamente honrado” e disse que estava em Trancoso para agradecer a distinção concedida e o gesto da autarquia que “tem nobreza e elevação”.
“Como a política em Portugal está a precisar de elevação e de nobreza”, comentou o primeiro-ministro.
Afirmou que o IP 2 é uma obra “justa e necessária” para a região e que o Governo avançou com a sua construção por razões económicas, de justiça e de solidariedade para com uma região do interior do país que não dispõe de boas acessibilidades rodoviárias.
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PCP: fecho de escolas é uma “visão meramente economicista” que prejudica o interior
05.06.2010 - 19:23 Por Lusa
O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou hoje em Alpiarça que “será um crime” encerrar escolas com vinte alunos num “anúncio que consubstancia uma visão meramente economicista” e que “atinge particularmente as populações do interior”.
Segundo disse à agência Lusa Jerónimo de Sousa, este “anúncio tem uma visão meramente economicista que atinge particularmente as populações do interior e as suas crianças”, acrescentando que, “além das assimetrias regionais, vão também agora ser penalizados com mais assimetrias sociais”.
“Sem verdadeiras alternativas”, continuou, “será um crime fechar escolas com vinte alunos, que permitem que nessas terras se mantenham pólos de desenvolvimento e fixação da juventude e jovens casais”.
“É uma medida inaceitável porque meramente economicista e não tem nada a ver com o desenvolvimento do interior do país”, enfatizou.
Noutro registo, e perante cerca de 300 pessoas que o esperavam em Alpiarça, Jerónimo de Sousa desvalorizou as afirmações de José Sócrates, que assegurou que as actuais as medidas de austeridade deverão ser suficientes para enfrentar a crise, tendo afirmado que “vindo de quem vêm, e tendo em conta promessas anteriores, não estamos descansados nem garantidos”.
“Se o povo e os trabalhadores não manifestarem o seu protesto, a sua indignação e se não combaterem as medidas anunciadas, o governo, ‘se achar mole, carrega’”.
“Não estamos descansados nem garantidos que estas más e inaceitáveis medidas se fiquem por aqui” afirmou o responsável comunista, tendo apelado a um “combate” a medidas que considerou de “grande injustiça”, porque “livram os responsáveis pela crise de pagar por ela e os que não são responsáveis é que a estão a pagar”.
Segundo disse Jerónimo de Sousa, “não existe uma ideia, estratégia ou programa para sair da crise, não há uma politica de valorização do aparelho produtivo e, como tal, não há desenvolvimento nem crescimento da produção nacional”.
“A única ideia que existe é atirar dinheiro para cima do sector financeiro, como se isso resolvesse os problemas do país”, acrescentou.
O secretário-geral do PCP, que já havia discursado para 170 pessoas em Penhascoso, no concelho de Mação, defendeu ainda que o Estado português “deve continuar a ter na mão os instrumentos fundamentais que permitam desenvolvimento”, referindo-se ao interesse da Telefónica na participação da PT na Vivo.
“Tudo o que for feito para impedir a perda de soberania nas comunicações, será pouco”, afirmou o dirigente comunista tendo acrescentado que vai “aguardar para ver” qual será a posição do governo sobre a matéria.
“Sem verdadeiras alternativas”, continuou, “será um crime fechar escolas com vinte alunos, que permitem que nessas terras se mantenham pólos de desenvolvimento e fixação da juventude e jovens casais”.
“É uma medida inaceitável porque meramente economicista e não tem nada a ver com o desenvolvimento do interior do país”, enfatizou.
Noutro registo, e perante cerca de 300 pessoas que o esperavam em Alpiarça, Jerónimo de Sousa desvalorizou as afirmações de José Sócrates, que assegurou que as actuais as medidas de austeridade deverão ser suficientes para enfrentar a crise, tendo afirmado que “vindo de quem vêm, e tendo em conta promessas anteriores, não estamos descansados nem garantidos”.
“Se o povo e os trabalhadores não manifestarem o seu protesto, a sua indignação e se não combaterem as medidas anunciadas, o governo, ‘se achar mole, carrega’”.
“Não estamos descansados nem garantidos que estas más e inaceitáveis medidas se fiquem por aqui” afirmou o responsável comunista, tendo apelado a um “combate” a medidas que considerou de “grande injustiça”, porque “livram os responsáveis pela crise de pagar por ela e os que não são responsáveis é que a estão a pagar”.
Segundo disse Jerónimo de Sousa, “não existe uma ideia, estratégia ou programa para sair da crise, não há uma politica de valorização do aparelho produtivo e, como tal, não há desenvolvimento nem crescimento da produção nacional”.
“A única ideia que existe é atirar dinheiro para cima do sector financeiro, como se isso resolvesse os problemas do país”, acrescentou.
O secretário-geral do PCP, que já havia discursado para 170 pessoas em Penhascoso, no concelho de Mação, defendeu ainda que o Estado português “deve continuar a ter na mão os instrumentos fundamentais que permitam desenvolvimento”, referindo-se ao interesse da Telefónica na participação da PT na Vivo.
“Tudo o que for feito para impedir a perda de soberania nas comunicações, será pouco”, afirmou o dirigente comunista tendo acrescentado que vai “aguardar para ver” qual será a posição do governo sobre a matéria.
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Oposição acusa Governo
de encerrar escolas de forma “unilateral”
02.06.2010 - 17:16 Por Sofia Rodrigues
Foi uma oposição em coro que hoje lançou fortes críticas ao anunciado encerramento de escolas do ensino básico, sobretudo, à forma como vai ser feito: de forma cega e sem o envolvimento das comunidades locais. A bancada do PS e o Governo argumentam que a medida permitirá repor a desigualdade entre crianças em escolas sem condições e estabelecimentos com mais recursos.
Ministério da Educação estima que já no próximo ano letivo estejam encerradas cerca de 500 escolas do 1.º ciclo (Ana Maria Coleho (arquivo))
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decreto”, sem consultar os municípios, pais e professores: “A fúria do encerramento das escolas está orientada por critérios financeiros de curto prazo, não levando em conta o ordenamento do território nem as implicações que isto pode ter nas crianças”.
O carácter “unilateral” da medida também foi sublinhado por Pedro Duarte, do PSD: “Não é aceitável que se encerre escolas sem que estejam envolvidas as comunidades locais e quando não representam a melhoria de condições para os alunos”.
Miguel Tiago, do PCP, considera que a medida é tomada “à revelia da Lei de Bases do Sistema Educativo”. “Poupa-se dinheiro, desertifica-se o interior, que não interessa, não é, senhor ministro?”, ironizou o deputado comunista.
Pelo PS, o deputado Bravo Nico argumentou que a probabilidade de insucesso escolar é maior em escolas sem bibliotecas, sem centros de recursos, sem refeitórios adequados. “Há crianças nas mesmas escolas dos pais, ainda a escrever nas ardósias dos seus pais e com as suas réguas”, referiu. Na mesma linha, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, sustentou que a medida “contribui para a qualidade pedagógica das escolas” e que apenas abrange “três ou quatro por cento dos alunos do ensino básico”.
Para a deputada do BE, Ana Drago, até o timming do anúncio tem uma “ironia”: “Foi no dia da Criança que o ministério da Educação resolve dizer a dez mil crianças que as suas escolas não têm viabilidade educativa”.
O carácter “unilateral” da medida também foi sublinhado por Pedro Duarte, do PSD: “Não é aceitável que se encerre escolas sem que estejam envolvidas as comunidades locais e quando não representam a melhoria de condições para os alunos”.
Miguel Tiago, do PCP, considera que a medida é tomada “à revelia da Lei de Bases do Sistema Educativo”. “Poupa-se dinheiro, desertifica-se o interior, que não interessa, não é, senhor ministro?”, ironizou o deputado comunista.
Pelo PS, o deputado Bravo Nico argumentou que a probabilidade de insucesso escolar é maior em escolas sem bibliotecas, sem centros de recursos, sem refeitórios adequados. “Há crianças nas mesmas escolas dos pais, ainda a escrever nas ardósias dos seus pais e com as suas réguas”, referiu. Na mesma linha, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, sustentou que a medida “contribui para a qualidade pedagógica das escolas” e que apenas abrange “três ou quatro por cento dos alunos do ensino básico”.
Para a deputada do BE, Ana Drago, até o timming do anúncio tem uma “ironia”: “Foi no dia da Criança que o ministério da Educação resolve dizer a dez mil crianças que as suas escolas não têm viabilidade educativa”.
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Escolaridade média dos portugueses é a segunda pior da OCDE
30.05.2010 - 13:51 Por Clara Viana
Transmissão intergeracional está a prejudicar performance portuguesa, mas a qualidade do ensino pode também não estar a ajudar
Em 50 anos, os portugueses mais do que duplicaram o seu tempo médio de permanência na escola, mas apesar deste salto Portugal continua a estar em penúltimo lugar entre os países da OCDE, mantendo assim a mesma posição relativa que ocupava em 1960, segundo confirmam dados da OCDE respeitantes a 2010 a que o PÚBLICO teve acesso.
A escolaridade média dos portugueses entre os 15 e os 64 anos que já não frequentavam a escola era, em 1960, de 3,15 anos. Na OCDE só a Turquia estava então pior. À semelhança de Portugal, também não conseguiu descolar desta posição: é a mesma que ocupa em 2010, apesar de a escolaridade média ter subido para 6,89 anos. Em Portugal, situa-se agora em 7,89.
O mesmo já não aconteceu, por exemplo, com a República da Coreia. Passou de 4,98 anos de escolaridade média em 1960 para 13,34 em 2010. Era o país com a quarta pior escolaridade média da OCDE. Agora está entre os dois melhores, disputando o primeiro lugar com o Reino Unido.
No seu relatório da Primavera, o Banco de Portugal (BP) confirmou o atraso português: apesar de a "alteração significativa" observada a partir dos anos 80 do século passado, "Portugal nunca conseguiu acompanhar os seus parceiros europeus no aumento do nível de qualificações da população activa". Isto sucede apesar da despesa em educação, em percentagem do Produto Interno Bruto, se situar, em 2006, em 5,6 por cento, muito próximo da média da OCDE que era de 5,7 por cento.
Para os autores do estudo do BP, o fraco nível educacional dos agregados familiares e as prioridades estabelecidas por estes poderão ajudar a explicar o fenómeno. Os filhos "têm um trajecto escolar fortemente influenciado pela experiência educativa dos pais. Portugal é um dos países da OCDE em que esta transmissão intergeracional é particularmente marcada", escrevem. Mas a qualidade do ensino e da formação de professores também deve ser equacionada entre as pistas de explicação para o fenómeno, adiantou Luísa Ferreira, conselheira do Banco Europeu de Investimento, numa conferência recentemente realizada em Lisboa.
A escolaridade média dos portugueses entre os 15 e os 64 anos que já não frequentavam a escola era, em 1960, de 3,15 anos. Na OCDE só a Turquia estava então pior. À semelhança de Portugal, também não conseguiu descolar desta posição: é a mesma que ocupa em 2010, apesar de a escolaridade média ter subido para 6,89 anos. Em Portugal, situa-se agora em 7,89.
O mesmo já não aconteceu, por exemplo, com a República da Coreia. Passou de 4,98 anos de escolaridade média em 1960 para 13,34 em 2010. Era o país com a quarta pior escolaridade média da OCDE. Agora está entre os dois melhores, disputando o primeiro lugar com o Reino Unido.
No seu relatório da Primavera, o Banco de Portugal (BP) confirmou o atraso português: apesar de a "alteração significativa" observada a partir dos anos 80 do século passado, "Portugal nunca conseguiu acompanhar os seus parceiros europeus no aumento do nível de qualificações da população activa". Isto sucede apesar da despesa em educação, em percentagem do Produto Interno Bruto, se situar, em 2006, em 5,6 por cento, muito próximo da média da OCDE que era de 5,7 por cento.
Para os autores do estudo do BP, o fraco nível educacional dos agregados familiares e as prioridades estabelecidas por estes poderão ajudar a explicar o fenómeno. Os filhos "têm um trajecto escolar fortemente influenciado pela experiência educativa dos pais. Portugal é um dos países da OCDE em que esta transmissão intergeracional é particularmente marcada", escrevem. Mas a qualidade do ensino e da formação de professores também deve ser equacionada entre as pistas de explicação para o fenómeno, adiantou Luísa Ferreira, conselheira do Banco Europeu de Investimento, numa conferência recentemente realizada em Lisboa.
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