A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, junho 09, 2010

A batalha do Oriente Médio

Colunas

8 de Junho de 2010 - 0h03

Vermelho -

Samuel Sérgio Salinas *

A formulação estratégica dos /Estados Unidos/ denota o papel das forças armadas americanas na configuração de um projeto hegemônico de poder militar global.

A presença armada americana é impreterivelmente manifesta nas regiões delineadas por eles como vitais para essa consolidação. A expulsão americana do /Vietnã/ só ocorreu após uma guerra devastadora para o povo vietnamita. A /Europa/ e o /Japão/, onde a ocupação se consolidou desde a 2ª /Guerra Mundial/, são exemplos frisantes dessa permanência. Na Á/sia/, a /China/, só logrou desarticular e vencer o regime do /Kuomintang/, após expulsar do seu território os aliados incondicionais dos americanos, abrigados, posteriormente, pela marinha dos /Estados Unidos, na ilha de Formosa. /

O /Oriente Médio/ adquiriu enorme prioridade após o /Tratado de Versalhes (/1919/)/ que encerrou o conflito da /1ª Guerra/ Mundial e entregou à /França/ e à /Inglaterra/ a supremacia colonial na região, sob os famosos mandatos outorgados pela Sociedade das Nações. A /Inglaterra/ já havia obtido, em conluio (a expressão é esta, sem rodeios) com o seu aliado, o /Império Russo, /a ocupação territorial/ /do /Irã, /por duas vezes. No primeiro momento, em 1906,o norte iraniano coube aos russos czaristas, e o sul para os ingleses na proximidade das enormes jazidas de petróleo que os britânicos lograram explorar, desde 1908, com a descoberta das grandes reservas de óleo, quase na superfície.

Os ingleses se interessavam pela supremacia no Irã antes da descoberta do petróleo, em razão das fronteiras indianas, vulneráveis ao longo do Irã. As interferências e ocupações inglesas e czaristas foram frequentes. Durante e 2ª Guerra Mundial , em 1941, o Irâ foi parcialmente ocupado novamente pelos ingleses e, desta feita, pela União Soviética. Nesse caso, a razão foi o fato de que Reza Pahlavi aproximara-se dos nazistas e ameaçava a posição estratégica dos aliados na região, vital devido ao abastecimento da União Soviética. Reza Xá abdicou em 1941, em benefício do seu filho Muhammad Reza que permaneceu no poder até a Revolução iraniana de 1979.

O Império inglês praticamente desaparece após a 2ª Guerra, substituído pelo americano que exerceu decisiva influência no regime do novo Xá, intervindo a Cia em momentos decisivos para o povo iraniano, como ocorreu no episódio escancarado da destituição de Mossadegh, em agosto de 1953, primeiro ministro do Irã,quando este , com apoio popular inequívoco, houvera nacionalizado o petróleo, e estava em condições de exercer uma longa administração.

A relevância estratégica do Oriente Médio assumiu decisiva preocupação de americanos e ingleses à medida que o petróleo se transformava no principal insumo envolvido na revolução dos transportes, principalmente o urbano. A relevante peculiaridade do petróleo do Oriente Médio consiste nas jazidas quase superficiais, bem mais fáceis de explorar, não exigido tecnologia onerosa. O mesmo não ocorre com o petróleo americano, mais profundo e dependente de tecnologias avançadas. Estas circunstâncias demonstram que a estratégia militar e econômica dos americanos volta-se prioritariamente para o Oriente Médio, e a revolução de 1979 no Irã foi surpreendente para o mundo todo, deixando perplexos os americanos que obtinham do Xá, Muhammad a segurança militar da região, inclusive adquirindo nos Estados Unidos as armas mais sofisticadas que o arsenal da potência hegemônica produzia, agora em poder dos militares iranianos.

O propósito americano de domínio estratégico do mundo, coadjuvado por seus parceiros do Japão e da Europa volta-se para o Oriente Médio, onde se trava, no momento, a mais cruenta disputa militar deste novo século. Alguns aspectos são relevantes, dentre eles a disputa pelos enormes campos de petróleo, inclusive os iranianos. O domínio desse produto pelo exército americano visa assegurar a dependência de seus parceiros, europeus e asiáticos, deixando a China (que se abastece no Irã) em situação desconfortável para prosseguir obtendo a energia indispensável. O Oriente Médio permite uma base estratégica para assegurar a presença militar capaz de ameaçar países como a Rússia, a China e Índia, e assegurar o poderio israelense. O resultado é a situação de instabilidade estratégica que envolve essa região, já transformada em campo de batalha no Iraque, Afeganistão e de constantes violações e morticínios da população palestina. Admitirá o império que o Oriente Médio se torne independente e autônomo?

* Procurador de Justiça aposentado do Estado de São Paulo, é sociólogo, escritor e jornalista, autor de diversos livros. Foi um dos fundadores do Ministério Público Democrático do Estado de São Paulo.
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