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É a viagem mais longa efetuada por Hillary Clinton desde que começou a dirigir a diplomacia estadunidense. Apenas três semanas depois da viagem relâmpago de Barack Obama a Gana, país considerado pela sua administração como um modelo de democracia na África, a Secretária de Estado iniciou na última terça-feira (4) um longo périplo de onze dias por sete nações da África subsaariana.
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Por René Dassié, para o site Afrik.com
Os objetivos da viagem são estabelecer com os africanos as bases de uma cooperação econômica, no momento em que a China se converteu em muitos países como o principal investidor estrangeiro, e promover a segurança e os Direitos Humanos.
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Os Estados Unidos querem fortalecer sua cooperação econômica com a África. A chefe da diplomacia americana viajará ao Quênia, Angola, Nigéria, África do Sul, República Democrática do Congo, Libéria e Cabo Verde.
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Inicia sua visita no Quênia, país do pai de Barack Obama. Hillary participará da 8ª Reunião da African Growth Opportunity Act, AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidades para a África), uma lei especial votada no ano 2000 pela administração Clinton e destinada a favorecer a exportação, sem impostos, de certos produtos africanos para os Estados Unidos.
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Em seu oitavo ano de existência, o balanço da AGOA é mais que moderado, unicamente a exportação de petróleo africano para os Estados Unidos aumentou.
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As trocas comerciais entre os EUA e os 48 países da África, por outro lado, são praticamente insignificantes. A África não contabiliza mais que 1% das exportações americanas e 3% das suas importações.
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A administração Obama, neste contexto, reconhece qu os governos estadunidenses que o precederam descuidaram "mais ou menos" do continente, pelo que a ideia de ruptura floresce em torno ao primeiro presidente negro dos EUA.
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"Devemos encontrar meios novos e mais eficazes para promover a competitividade africana", declarou à mídia queniana Ron Kirk, o representante estadunidense de comércio.
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Fazer frente à habilidade chinesa
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A falta de interesse dos Estados Unidos e a diminuição da influência ocidental na África abriram um horizonte perante a China, que, ávida por recursos energéticos e "pouco cuidadosa" em matéria de direitos humanos, se converteu rapidamente no primeiro investidor em vários países africanos.
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Não é de estranhar, portanto, que três dos sete países que Hillary visitará figurem entre as maiores potências econômicas africanas. Nigéria e Angola são os principais produtores de petróleo do continente, e os EUA importam todos os anos de Angola 7% do petróleo que consome.
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A África do Sul, por sua vez, é a primeira potência econômica da África e oferece boas perspectivas para o mercado.
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A administração Obama quer demonstrar que, diferentemente do governo de George W. Bush, não só se interessa pelos recursos minerais e energéticos africanos.
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Assim, quer dar a entender que apoiará a agricultura da África. Uma declaração de Tom Vilsack, o secretário de agricultura que participa na viagem de Hillary, se anuncia nesse sentido.
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En todo o caso, a parte africana parece cansada dos grandes discursos seguidos de poucos resultados. Para Bronwyn Bruton, do Conselho de Relações Internacionais, os africanos reclamam investimentos em vez de sermões.
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"Realmente, é para isso o que deve convergir o esforço da administração Obama, sobretudo se quizer competir com a China", afirma.
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Outras prioridades de Hillary são as crises, sua prevenção e os "direitos humanos". A etapa nigeriana da viagem, além das questões econômicas, também será motivada pelos riscos de distúrbios no caos de que o presidente Umaru Yar’Adua, de frágil saúde, não terminasse seu mandato.
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Essa mesma questão de segurança motivará o encontro em Nairóbi (Quênia) entre Hillary e o presidente somali, o xeque Charif Ahmad, que reclama um aumento da ajuda financeira e militar americana para fazer frente à guerrilha islâmica.
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Na República Democrática do Congo, a secretária de Estado dos EUA visitará a cidade de Goma, no leste do país, onde a situação humanitária continua preocupante.
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Hillary Clinton se esforçará durante os onze dias de sua viagem para convencer as lideranças africanas de que o continente negro constitui claramente "uma prioridade" da política americana.
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Texto original em francês: http://www.afrik.com/article17284.html
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