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Jovens com dificuldade em encontrar emprego
Crise: Taxa de desemprego nos 9,1% é a mais elevada dos últimos 23 anos
‘Corrida’ às misericórdias
* Pedro H. Gonçalves / V.M..
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Com este cenário a pairar sobre os portugueses, as misericórdias não têm tido mãos a medir com os pedidos de ajuda. Ir à cozinha social, atrasar o pagamento da creche ou tentar deixar o idoso junto destas casas de ajuda são situações cada vez mais frequentes.
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Comparando com o mesmo trimestre de 2008, são mais 98 mil de-sempregados, o que significa variação homóloga de 23,9%. Olhando para os três primeiros meses de 2009, foram mais 11 900 pessoas a engrossar as fileiras do desemprego.
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A juntar às filas de cem metros às portas dos Centros de Emprego que se verificam todas as manhãs nos grandes centros urbanos, são agora as misericórdias que têm dado o apoio necessário a quem não tem como pagar as contas por falta de salário. "Pedem-nos para ficar com os idosos, para não pagar as creches e infantários. Temos também muita gente à procura de comida nas cozinhas sociais", afirmou ao CM Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias, que avança ainda que "quando o desemprego aumenta cresce a procura, isso é fatal".
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O responsável recorda que desde o início da crise que as misericórdias têm notado um aumento na procura de ajuda. "É o espelho da crise. E estamos sempre a esticar a nossa ajuda", salienta. "Dá sempre para mais um. Vamos ver até quando", alerta, contudo, Manuel Lemos, que considera que o Governo poderia apoiar mais "quem ajuda os outros".
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Os números do desemprego surgem um dia depois de o INE ter revelado uma ligeira retoma, de três décimos, na economia nacional. Nesse momento, José Sócrates tinha referido que se tratava do princípio do fim da crise mas, como refere Manuel Lemos, "o que dá lucro aos bancos não quer dizer que crie emprego".
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A taxa de 9,1% ultrapassa as previsões do Governo para o conjunto do ano, de 8,8%, e está acima das próprias estimativas dos analistas. Para a CGTP, 507 700 desempregados é o pior número "desde o 25 de Abril".
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TAXA PODE CHEGAR AOS 10 POR CENTO
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O economista João Duque não ficou admirado com o agravamento da taxa de desemprego nos 9,1% e acredita que este pode mesmo ultrapassar os 10%. Estimativa compartilhada por António Nogueira Leite ao referir que "ao longo do próximo ano e meio a dois anos a taxa de desemprego vai subir acima de 10 por cento".
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PS DESVALORIZA E PSD DRAMATIZA
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Os números do desemprego continuam a aumentar e a situação é dramática para muitas famílias mas os líderes dos dois maiores partidos portugueses encaram a situação de forma completamente diferente. Manuela Ferreira Leite, líder do PSD, afirma que estes números "são sinais altamente preocupantes" e defende uma mudança de políticas, para que a situação não se agrave. A ex-ministra das Finanças acredita que a situação se pode resolver com o apoio às pequenas e médias empresas. Por seu lado, o primeiro-ministro, José Sócrates, desvalorizou os números e preferiu destacar que o desemprego em Portugal "subiu menos que nos restantes países", e acredita que a situação melhore a breve prazo, porque "os efeitos no emprego são sempre diferidos no tempo", defende o líder do PS.
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Os socialistas vão prosseguir a sua política contra o desemprego, e a sua prioridade vai ser "apoiar os desempregados".
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MEDIDAS REDROBRADAS
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Manuel Lemos, que preside à União das Misericórdias, revela que estão a ser adoptadas algumas medidas para combater a "pobreza envergonhada", que pode impedir algumas pessoas necessitadas de pedirem ajuda.
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REACÇÕES
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"SITUAÇÕES MAIS GRAVES DESDE O 25 DE ABRIL": Maria Tavares, CGTP
É das situações mais graves registadas após o 25 de Abril em termos de desemprego. A economia é muito débil e com 500 mil desempregados irá empobrecer ainda mais as famílias.
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"ULTRAPASSA A BARREIRA MÍTICA DOS 500 MIL": João Proença, UGT
A grande novidade destes dados é que o desemprego ultrapassou a barreira mítica dos 500 mil desempregados; de resto não há nada de especial, há uma estabilização, com um ligeiro aumento.
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"NÃO SURPREENDE FACE À QUEDA DA ECONOMIA": Rocha de Matos, AIP
Não sendo um resultado positivo, não nos surpreende, face à queda da actividade económica, apesar das medidas que têm sido implementadas quer pelo Governo, quer pelos empresários.
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"NÚMERO NÃO CONSTITUI A MENOR SURPRESA": José António Barros, AEP
Os números do Instituto Nacional de Estatística estão perfeitamente em linha com a projecção da AEP e, com o agravamento da situação económica nos cinco trimestres consecutivos até este, não constituem a menor surpresa.
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NOTAS
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MINISTRO: DOIS DIGÍTOS
O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, crê que a taxa de desemprego "não vai chegar aos dois dígitos"
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PCP: 640 MIL
Jerónimo de Sousa, líder do PCP, crê que o número de desempregados chegue aos 640 mil, cifra superior à avançada pelo INE
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» COMENTÁRIOS no CM on line
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Entra-se em Portugal e tem-se a sensação de estar a ser roubado de todas as maneiras. a taxas de portagens por ex.
SE CALHAR SÃO ESTES QUE VOTAM PS... CONTINUEM.
Tamta gente a correr aos subsidios mas vão ver os bons carros e casas que a maior parte têm cruzem os dados|
Tanto dinheiro mal gasto por este governo de propaganda, quando os resultados estão à vista de todos.
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