* José Luís Ramos Pinheiro
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Cá dentro como lá fora, o desenvolvimento urbano atraiu muita gente à procura de outras condições e de melhores empregos.
Quando se fala de pobreza nacional, assiste-se a um encolher de ombros automático, como que aceitando o inevitável: sempre houve e sempre haverá. Aquilo que se tem como inevitável gera indiferença e é muitas vezes o que se passa quanto à pobreza.
Mas quando se fala em dois milhões de portugueses a viver na pobreza, qualquer pessoa pára para pensar. Como foi possível chegar até aqui? Como é possível que no século XXI dois milhões de pessoas vivam ao nosso lado com menos de 200 euros em cada mês?
Há uns anos, também havia pobres, mas talvez houvesse menos miséria. A estrutura de emprego era diferente. O mundo rural fornecia outro suporte às famílias em dificuldades. No passado, a economia rural, familiar e de vizinhança funcionava como rede atenuadora dos casos mais prementes, de fome declarada.
Com a procura de empregos nas cidades, muitas zonas rurais foram-se esvaziando. Cá dentro como lá fora, o desenvolvimento urbano atraiu muita gente à procura de outras condições e de melhores empregos. Mas há o reverso da medalha. Quem se desempregou na cidade deixou de ter o apoio mínimo (quase) garantido que a economia rural permitia. A fartura das cidades não consegue matar a fome dos seus mais pobres. Ironicamente, as grandes cidades também geram grandes isolamentos. Os sociólogos terão números, mas fica sempre a sensação de que nas cidades os pobres são quase sempre mais pobres. Também é verdade que a protecção social aumentou nas últimas gerações, mas o subsídio de desemprego, por exemplo, não é eterno.
E se há desempregados de longa duração, com formação escassa para a oferta de emprego, regista-se também o fenómeno inverso: desempregados com formação muito acima das necessidades. Nos últimos anos tornou-se frequente o desemprego entre profissionais qualificados que não encontram colocação ao nível das suas habilitações. De igual modo, muitos jovens licenciados não conseguem o emprego que a licenciatura prometia, quantas vezes pelo desencontro entre a oferta universitária e a oferta das empresas. Acresce que um jovem que nunca trabalhou não tem acesso ao subsídio de desemprego.
É pena que ao longo dos anos a sociedade tenha desvalorizado objectivamente as artes e os ofícios que poucos desejam como futuro. Por outro lado, há casos de trabalhos rejeitados por muitos desempregados, por serem considerados tarefas menores.
Por algumas destas razões e por muitas mais, Portugal, segundo os últimos indicadores, terá gerado este número impressionante de pessoas que sobrevivem na miséria. Os nossos dois milhões de pobres são um murro na consciência dos outros oito milhões de portugueses, os tais que há trinta anos surpreenderam com a aquisição em massa de televisões a cor e que têm espantado a Europa com a corrida aos telemóveis.
Para vencer a pobreza é necessário desenvolvimento, mas para desenvolver será indispensável articular pessoas, empresas, instituições e o Estado.
Aqui ao lado, os espanhóis montaram uma estratégia de desenvolvimento, aliando o Estado e a sociedade civil. Perguntem-lhes se não resultou.
Cá dentro como lá fora, o desenvolvimento urbano atraiu muita gente à procura de outras condições e de melhores empregos.
Mas quando se fala em dois milhões de portugueses a viver na pobreza, qualquer pessoa pára para pensar. Como foi possível chegar até aqui? Como é possível que no século XXI dois milhões de pessoas vivam ao nosso lado com menos de 200 euros em cada mês?
Há uns anos, também havia pobres, mas talvez houvesse menos miséria. A estrutura de emprego era diferente. O mundo rural fornecia outro suporte às famílias em dificuldades. No passado, a economia rural, familiar e de vizinhança funcionava como rede atenuadora dos casos mais prementes, de fome declarada.
Com a procura de empregos nas cidades, muitas zonas rurais foram-se esvaziando. Cá dentro como lá fora, o desenvolvimento urbano atraiu muita gente à procura de outras condições e de melhores empregos. Mas há o reverso da medalha. Quem se desempregou na cidade deixou de ter o apoio mínimo (quase) garantido que a economia rural permitia. A fartura das cidades não consegue matar a fome dos seus mais pobres. Ironicamente, as grandes cidades também geram grandes isolamentos. Os sociólogos terão números, mas fica sempre a sensação de que nas cidades os pobres são quase sempre mais pobres. Também é verdade que a protecção social aumentou nas últimas gerações, mas o subsídio de desemprego, por exemplo, não é eterno.
E se há desempregados de longa duração, com formação escassa para a oferta de emprego, regista-se também o fenómeno inverso: desempregados com formação muito acima das necessidades. Nos últimos anos tornou-se frequente o desemprego entre profissionais qualificados que não encontram colocação ao nível das suas habilitações. De igual modo, muitos jovens licenciados não conseguem o emprego que a licenciatura prometia, quantas vezes pelo desencontro entre a oferta universitária e a oferta das empresas. Acresce que um jovem que nunca trabalhou não tem acesso ao subsídio de desemprego.
É pena que ao longo dos anos a sociedade tenha desvalorizado objectivamente as artes e os ofícios que poucos desejam como futuro. Por outro lado, há casos de trabalhos rejeitados por muitos desempregados, por serem considerados tarefas menores.
Por algumas destas razões e por muitas mais, Portugal, segundo os últimos indicadores, terá gerado este número impressionante de pessoas que sobrevivem na miséria. Os nossos dois milhões de pobres são um murro na consciência dos outros oito milhões de portugueses, os tais que há trinta anos surpreenderam com a aquisição em massa de televisões a cor e que têm espantado a Europa com a corrida aos telemóveis.
Para vencer a pobreza é necessário desenvolvimento, mas para desenvolver será indispensável articular pessoas, empresas, instituições e o Estado.
Aqui ao lado, os espanhóis montaram uma estratégia de desenvolvimento, aliando o Estado e a sociedade civil. Perguntem-lhes se não resultou.
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in Correio da Manhã 2007.10.30
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» Comentários no CM on line
Terça-feira, 30 Outubro
Terça-feira, 30 Outubro
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- G.Lopes O estado através do ensino, criou uma sociedade que nada tem a ver com o mercado. Por isso ficou um vazio onde os imigrantes se mostram mais preparados. Fazer um garoto andar 12 anos ou mais a estudar, fica dificil a cabeça dele aceitar ir trabalhar em trabalhos menores. Ele não tem culpa, não foi preparado para isso. Não é fácil conviver com os amigos e mostrar o seu fracasso.
- mimi Não é preciso os portugueses irem embora daqui.É só fazerem cá o que se sujeitam a fazer lá!Lá dão no duro e trabalham 16h p/dia se for preciso,cá teem vergonha de trabalhar!Não tenho pena nenhuma de muitos desempregados,que o são porque querem,outros ganham bem à nossa conta,nem precisam de o fazer.Acabe-se com o SD em certos casos e verão a diferença,ai não que não trabalham!
- mimi Desses 2 milhões,se uma grande fatia estivesse a fazer precisamente o que os imigrantes estão a fazer,o nº não seria tão elevado,pois não?Quando se tem oportunidade para escolher a profissão que se vai abraçar no futuro,tem que se ponderar se esta é viável,se há procura no mercado etc,e não apenas para ter o estatuto de Dr.,por isso muitos agora têm canudo mas passavam fome se não fossem os papás.
- Rui Ramos Trezentos e tal euros/mês. É injusto. Os pobres, os jovens desesperados ainda não começaram a matar-se, mas lá chegará o tempo, enqt os imigrantes vão de vento em popa e transferem rios de dinheiro p as suas terras. Só resta aos ports ir embora daki deixar isto p os estrangeiros e p os ricaços.Lisboa
- Rui Ramos Vejamos as obras do Polis: brasileiros, eslavos, africanos. Mínimo:5 euros/h. Mtos trabalham das 8 às 23. São centenas neste espaço. Portugal é padrasto p os seus filhos. Vejo os estrangeiros cantar, dançar, ouvir música bem alto, enqt os ports são 2 milhões de pobres e 500 mil desempregados e uma mão-cheia de riquíssimos. O meu filho licenciou-se em design e só arranja emprego cm balconista.Lisboa
- mimi Não é preciso os portugueses irem embora daqui.É só fazerem cá o que se sujeitam a fazer lá!Lá dão no duro e trabalham 16h p/dia se for preciso,cá teem vergonha de trabalhar!Não tenho pena nenhuma de muitos desempregados,que o são porque querem,outros ganham bem à nossa conta,nem precisam de o fazer.Acabe-se com o SD em certos casos e verão a diferença,ai não que não trabalham!
- mimi Desses 2 milhões,se uma grande fatia estivesse a fazer precisamente o que os imigrantes estão a fazer,o nº não seria tão elevado,pois não?Quando se tem oportunidade para escolher a profissão que se vai abraçar no futuro,tem que se ponderar se esta é viável,se há procura no mercado etc,e não apenas para ter o estatuto de Dr.,por isso muitos agora têm canudo mas passavam fome se não fossem os papás.
- Rui Ramos Trezentos e tal euros/mês. É injusto. Os pobres, os jovens desesperados ainda não começaram a matar-se, mas lá chegará o tempo, enqt os imigrantes vão de vento em popa e transferem rios de dinheiro p as suas terras. Só resta aos ports ir embora daki deixar isto p os estrangeiros e p os ricaços.Lisboa
- Rui Ramos Vejamos as obras do Polis: brasileiros, eslavos, africanos. Mínimo:5 euros/h. Mtos trabalham das 8 às 23. São centenas neste espaço. Portugal é padrasto p os seus filhos. Vejo os estrangeiros cantar, dançar, ouvir música bem alto, enqt os ports são 2 milhões de pobres e 500 mil desempregados e uma mão-cheia de riquíssimos. O meu filho licenciou-se em design e só arranja emprego cm balconista.Lisboa
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