A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

terça-feira, novembro 27, 2007

Porqué no te callas?



* Boaventura Sousa Santos

Não se imagina um chefe de Estado europeu a dirigir-se nesses termos publicamente a um seu congénere europeu... Mas "¿porqué no te callas?" é ainda reveladora a outros níveis. Saliento três. Primeiro, a desorientação da esquerda europeia, simbolizada pela indignação oca de Zapatero, incapaz de dar qualquer uso credível à palavra "socialismo" e tentando desacreditar aqueles que o fazem. Artigo de Boaventura de Sousa Santos publicado na Visão em 22 de Novembro de 2007, disponível em Centro de Estudos Sociais

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Esta frase, pronunciada pelo Rei de Espanha, dirigindo-se ao Presidente Hugo Chávez durante a XVII Cimeira Iberoamericana, corre o risco de ficar na história das relações internacionais como um símbolo das contas por saldar entre as potências ex-colonizadoras e as suas ex-colónias. Não se imagina um chefe de Estado europeu a dirigir-se nesses termos publicamente a um seu congénere europeu quaisquer que tenham sido as razões do primeiro para reagir às afirmacões do último. Como qualquer frase que intervém no presente a partir de uma história não resolvida, esta frase é reveladora a diferentes níveis.


Revela a dualidade de critérios na avaliação do que é ou não democrático. Está documentado o envolvimento do primeiro-ministro de Espanha, José Maria Aznar, no golpe de Estado que em 2002 tentou depor um presidente democraticamente eleito, Hugo Chávez, com a agravante que na altura a Espanha presidia à União Europeia. Para Chávez, Aznar, ao actuar desta forma, comportou-se como um fascista. Pode questionar-se a adequação deste epíteto. Mas haverá tanta razão para defender as credenciais democráticas de Aznar, como fez pateticamente Zapatero, sem sequer denunciar o carácter antidemocrático desta ingerência? Haveria lugar à mesma veemente defesa se o presidente eleito de um país europeu colaborasse num golpe de Estado para depor outro presidente europeu eleito? Mas a dualidade de critérios tem ainda uma outra vertente: a da avaliação dos factores externos que interferem no desenvolvimento dos países.


Zapatero criticou aqueles que invocam factores externos para encobrir a sua incapacidade de desenvolver os países. Era uma alusão a Chavez e à sua crítica do imperialismo norte-americano. Podem criticar-se os excessos de linguagem de Chávez, mas não é possível fazer esta afirmação no Chile sem ter presente que ali, há trinta e quatro anos, um presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, foi deposto e assassinado por um golpe de Estado orquestrado pela CIA e por Henry Kissinger. Tão pouco é possível fazê-lo sem ter presente que actualmente a CIA tem em curso as mesmas tácticas usando o mesmo tipo de organizações da "sociedade civil" para destabilizar a democracia venezuelana.


Tanto Zapatero como o Rei ficaram particularmente agastados pelas críticas às empresas multinacionais espanholas (busca desenfreada de lucros e interferência na vida política) feitas, em diferentes tons, pelos presidentes da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e Argentina. Ou seja, os presidentes legítimos das ex-colónias foram mandados calar mas, de facto, não se calaram. Esta recusa significa que estamos a entrar num novo período histórico, o período pós-colonial, um período longo que se caracterizará pela afirmação mais vigorosa na vida internacional dos países que se libertaram do colonialismo europeu, assente na recusa das dominações neocoloniais que persistiram para além do fim do colonialismo. Isto explica porque é que a frase do Rei de Espanha, destinada a isolar Chávez, saiu pela culatra. Pela mesma razão têm falhado as tentativas da UE para isolar Roberto Mugabe.


Mas "¿porqué no te callas?" é ainda reveladora a outros níveis. Saliento três. Primeiro, a desorientação da esquerda europeia, simbolizada pela indignação oca de Zapatero, incapaz de dar qualquer uso credível à palavra "socialismo" e tentando desacreditar aqueles que o fazem. Pode questionar-se o "socialismo do século XXI" - eu próprio tenho reservas e preocupações em relação a desenvolvimentos recentes na Venezuela - mas a esquerda europeia deverá ter a humildade para reaprender, com a ajuda das esquerdas latinoamericanas, a pensar em futuros pós-capitalistas.


Segundo, a frase espontânea do Rei de Espanha, seguida do acto insolente de abandonar a sala, mostrou que a monarquia espanhola pertence mais ao passado da Espanha que ao seu futuro. Se, como escreveu o editorialista de El País, o Rei desempenhou o seu papel, é precisamente este papel que mais e mais espanhóis põem em causa, ao advogarem o fim da monarquia, afinal uma herança imposta pelo franquismo. Terceiro, onde estiveram Portugal e o Brasil nesta Cimeira? Ao mandar calar Chávez, o Rei falou em família. O Brasil e Portugal são parte dela?


in Esquerda.net - 24-Nov-2007

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Ver também Pedro Campos - Por quê não abdicas tu?

13 comentários:

Beezzblogger disse...

Sobre o que escreveu no meu blogue, queria dizer-lhe o seguinte:

Caro amigo Victor Nogueira, entendo que posso tratá-lo assim, pois afinal andamos todos ao mesmo. Mas, o que mais me intriga neste caso, é a morosidade da decisão, senão Vejamos:

1- Nunca o Baltazar Nunes o desmentiu, aquando da acusação da Mãe de Esmeralda, quando esta o acusou de a ter escorraçado com a criança nos braços, facto que levou a mãe a tomar tamanha decisão (entregar a uns pais adoptivos, ainda que não o fossem legalmente) pois a sua situação foi explanada em directo com abertura de telejornais e nos mídia. Nunca o Baltazar Nunes o desmentiu.

2- Após uns meses largos, após a sua rejeição, soube pela boca de outros que a menina se encontrava bem, e que estaria a viver com boas familias, então decidiu fazer o dito teste, que o Sargento ao princípio negou (erro crasso), e que só o efectuou com ordem judicial.

3- Depois de saber, veio às TV's, gritar que o não fizera mais cedo porque a mãe era uma mulher da vida e que pensara na altura ela ter tido relações com outro qualquer. e a menina poderia ser filha de qualquer um.

4- Após a confirmação de que realmente era ele o pai, intentou a acção pela custódia da filha, alegando a má vida da mãe, só que esta já havia previsto isso entregando-a uns bons ANOS antes à família do Sargento Luís Gomes.

5- A menina gozava de um tratamento condigno com esta família, muito aquem daquele que o pai o poderá proporcionar (quanto a isto não restam as menores dúvidas)

Os erros da família de Luís Gomes, foram os de não intentarem logo aquando da entrega da criança uma acção de adopção no tribunal de menores, pois assim correram o risco de ficarem sem a pequena Esmeralda pela Justiça cega, e ineficaz deste Portugal Injusto e sem que se olhe pelas crianças. Claro que este é a minha Leitura de todos os acontecimentos relatados, em que o que li, vi e escutei foram tal e qual o que mencionei anteriormente. Se houver outros que desconheço, ou o não foram notíciados ou alguém quis deturpar as coisas.

Portanto devo dizer-lhe. com cordialidade, que o seu ponto de vista está errado, claro que aceitando-o como de boa fé que se trata.

Abraços e obrigado por visitar este humilde cantinho

Beezzblogger

Victor Nogueira disse...

Caríssimo beezzblogger
Só por manifesta e não propositada ironia o teu comentário foi colocado no «Kant_O» no post por mim «intitulado» »Porqué no te callas ?» :-)
Por vezes reformulo os meus comentários e aqui são colocados, quando o assunto me parece relevante.
Claro que em princípio não vou fazer uma investigação para saber como foram os factos realmente. O que de facto é importante, para além da justiça vesga e a duas velocidades, cf se tenham ou não bons e geralmente bem pagos advogados, é que todo o mundo fala na Maddie, na Joana, agora na Esmeralda, mas depressa esquece os Toinos e os Manéis, levados pelos critérios da «agenda» e do «interesses» de quem tem nas mãos poderosos meios de controle das consciências, Não é o nosso caso, mas nós somos uma gota de água. E a esmagora maioria dos famélicos não têm «sargentos» que deles cuidem.
Um abraço
VM

Carlinhos Medeiros disse...

Excelente artigo! Simples, conciso e preciso...
Parabéns!

Victor Nogueira disse...

Ó moço da Bodega. Irrritam-me os comentários anónimos, mas irrita-me ainda mais quem quem deixa uma hiperligação nos comentários que dão com isto:
«Perfil não disponível

O perfil do Blogger que solicitou não pode ser apresentado. Muitos utilizadores do Blogger ainda não decidiram partilhar publicamente os seus perfis.

Se é um utilizador do Blogger, aconselhamo-lo vivamente a activar o acesso ao seu Perfil.»
Isto é conversa da treta do Blogger, pois o meu perfil está perfeitamente acessível.»
Quanto aoi artigo, o autor está perfeitamente identificado «Boaventura de Sousa Santos», que não sou eu

Victor Nogueira

Anónimo disse...

O Moço da Bodega é Amigo e tem assim o perfil porque já teve problemas:

Aqui vai o endereço dele: http://bodegacultural.blogspot.com/

Carlinhos Medeiros disse...

Ó amigo, faça-me o favor de retirar o link da bodega do seu blog. Sou maior de idade, responsável pelos meus comentários e, até aonde eu sei, tenho a liberdade de expor ou não o meu perfil. Se lhe irritei peço desculpas. Sua irritação por tão pouco, é típico de pessoas descontroladas, egocêntricas e intransigentes.

Pela atenção dispensada, muito obrigado.

Victor Nogueira disse...

Bem, até onde sei em português bodega significa porcaria, mas em castelhano é taberna, e há em português muitos blogs denominados da taberna, o que por si só não é ofensivo.
1º Tu comentaste e eu, como sempre faço qd é a 1ª vez, dirigi-me à hiperligação que levava a lado nenhum, nem a um mail.
(continua)

Victor Nogueira disse...

2 º Eu não te ofendi; limitei-me a publicar no sítio certo o comentário que te irritou e do qual te dei conhecimento;3º - Não somos amigos pois não tenho por norma em circunstância alguma a dirigir-me às pessoas, amigas ou não, do modo como te me dirigiste:
(continua)

Victor Nogueira disse...

3º - Sendo eu por norma delicado, as palavras que me dirigiste classificam-te. Quanto ao que dizes de mim, é a tua opinião e vale o que vale, isto é, nada. Está descansado que não é qualquer um que me ofende, quanto muito aqueles que traiem a minha amizade, a minha estima. Estamos apenas no mesmo barco e do mesmo lado da trincheira.
(continua)

Victor Nogueira disse...

O que eu sou, sei eu. O que tu és, é o que tu dizes.
5º - Sou maior, de idade, responsável pelo que digo e faço. E não recebo ordens. Só te reconheço o direito de não quereres transcrito em qualquer blog meu textos por ti assinados. Está bem claro em qualquer dos meus blogs-
6º - Independentemente da tua linguagem desbragada, nada me obriga a retirar a referência ao teu blog no Kant_O
(continua)

Victor Nogueira disse...

7º - E não retiro pk considerando ke para além das questões pessoais que haja entre nós, o teu blog está na mesma barricada que eu, como a esmagadora maioria dos que lá estão.
8º - Os poucos que lá não deveriam estar estão apenas pk me permitem saber um pouco do que se passa do outro lado da barricada.
(continua)

Victor Nogueira disse...

8º - o texto que elogiaste não é de minha auroria e portanto não mereço quaisquer elogios por ele. Como está assinado, está bem claro que poderá não reflectir a minha opinião.
9º Assumo a inteira resposabilidade do que assino e publico por princípio textos com os quais tenha um mínimo de concordância
Lamento que tendo tu um mail meu, tenhas resolvido tratar do assunto como trataste públicamente.
(continua)

Victor Nogueira disse...

Finalmente, pela parte que me toca, este assunto está encerrado.
Saudações
Victor Nogueira