A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

segunda-feira, setembro 06, 2010

PCP promete dar luta ao OE

José Sena Goulão/Lusa
O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, falou 55 minutos sem interrupções na Festa do Avante

Festa do Avante: Discurso de encerramento de Jerónimo de sousa

PCP promete dar luta ao OE

Cinquenta e cinco minutos de discurso serviram a Jerónimo de Sousa ontem para prometer manter acesa a luta contra o plano de austeridade e avisar o Governo de que o PCP não troca a estabilidade governativa pela instabilidade social. Ou seja, o PS não deverá contar com os comunistas para viabilizar o Orçamento do Estado de 2011.
  • 0h30 - Correio da Manhã 2010.09.06
 Por:Cristina Rita com Lusa
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A promessa de "empenho militante" no apoio a Francisco Lopes, candidato presidencial do partido no encerramento da Festa do Avante, na Quinta da Atalaia, fechou a rentrée dos partidos.
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Ao primeiro-ministro ficou o aviso: "Dizia Sócrates ontem que quem não aprovar o seu orçamento está a fazer desestabilização governativa. Pois fique sabendo, nós não aceitamos que se promova a instabilidade social e as injustiças em nome da salvação da estabilidade governativa em Portugal", adiantou. Acusou ainda o PS e o PSD de terem uma aliança ou até um programa comum. "Afirmámos, no ano passado, nesta tribuna, que PS e PSD tinham uma agenda escondida. Não nos enganámos", declarou Jerónimo.
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Sobre as presidenciais, Jerónimo deixou uma palavra ao candidato do PCP: "O camarada Francisco Lopes vai contar com o nosso empenho militante." O responsável do PCP atacou ainda a Banca por pagar poucos impostos.
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Discurso de Jerónimo de Sousa

PCP recusa "instabilidade social" em nome da "estabilidade governativa"

05.09.2010 - 20:21 Por Lusa
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, avisou hoje o primeiro-ministro, José Sócrates, que os comunistas recusarão a "instabilidade social" em nome da "estabilidade governativa", a propósito do Orçamento de Estado para 2011.
Jerónimo de Sousa  
Jerónimo de Sousa (Foto: Raquel Esperança/arquivo)

O líder comunista falava durante um discurso de quase uma hora no comício de encerramento da Festa do Avante, perante milhares de apoiantes, respondendo ao secretário-geral do PS, que no comício de sábado em Matosinhos desafiou quem pretende abrir uma crise política a pretexto do debate orçamental a assumir claramente essa posição.

A preparação do próximo orçamento motivou "uma espécie de jogos florais de Verão entre PS e PSD", com os dois partidos a "encenarem uma crise política, para melhor camuflar as suas conivências e acordos para manter aberto o caminho do rotativismo", considerou ainda o líder comunista.

Jerónimo de Sousa pediu aos militantes comunistas para não terem ilusões.

"Se com o PS nada mudou na vida difícil dos portugueses, ao contrário, tudo piorou, com o PSD, com ou sem o CDS, nada mudaria e tudo continuaria a agravar-se. É a política ao serviço dos grandes interesses que continua, é a política das injustiças sociais e da concentração da riqueza que permanece", sustentou.

Sobre o Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano, Jerónimo de Sousa afirmou que é marcado "pela suicida e inaceitável decisão da antecipação do calendário da redução do défice" e que vai criar "mais gravosas medidas de austeridade e novos cortes nos direitos sociais".

O líder do PCP anunciou que os comunistas vão voltar a propor, no âmbito da discussão para o próximo OE, a revogação da taxação adicional do IRS, "que constitui um verdadeiro roubo nos salários"; o aumento do salário nacional para 600 euros até 2013; um aumento salarial para os trabalhadores da administração pública; e o alargamento do acesso ao subsídio de desemprego.

"Apresentaremos as iniciativas urgentes para que os cortes no acesso às prestações sociais não se concretizem da forma que o Governo pretende", anunciou Jerónimo de Sousa, prometendo ainda retomar as propostas comunistas em matéria fiscal, nomeadamente um novo imposto sobre as transações em bolsa e transferências financeiras para os paraísos fiscais, o fim dos benefícios fiscais no offshore da Madeira, entre outras.

"Eles dizem que não há dinheiro, camaradas. Há dinheiro, é preciso é ir buscá-lo onde há e não aos bolsos de quem já tem pouco ou não tem nada", sublinhou.
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Avante!

"Só aqui consigo sentar-me com pessoas 30 anos mais velhas como se fôssemos iguais"

05.09.2010 - 10:09 Por Cláudia Sobral


José Godinho não é militante. Ao jornal que traz debaixo do braço já roubou uma folha para improvisar um chapéu como um barquinho de papel não acabado. Está muito sol no segundo dia da Festa do Avante!. Vem todos os anos? "Desde sempre." Pede um caldo de carne e uma sangria. "Posso comer aqui ao balcão?", pergunta. "Claro."
Foi um dia de calor em que a música substituiu a política no palco principal 
Foi um dia de calor em que a música substituiu a política no palco principal (Carlos Lopes (arquivo))

Aos 72 anos, já nem se recorda se terá falhado alguma festa. Terão sido apenas uma ou duas, assegura. Porque a festa "é um centro de convívio, onde há muitas actividades para além da música. Como é só uma vez por ano, faço questão de vir." Provavelmente ter-se-á cruzado algumas vezes por ali com José Saramago, lembrado no primeiro Avante! depois da sua morte, numa das paredes do pavilhão central. Como Nobel, como camarada, como uma das pessoas que ajudaram a montar as tendas da festa nos primeiros anos.

Ainda é início de tarde mas o recinto já está cheio. Os concertos começaram às 14h00. E ainda há muita gente lá fora. Há um parque de campismo com lugares limitados, mas há quem vá plantando a sua tenda onde der. Nuno Pinto, de 20 anos, veio de Viana do Castelo. Calções verdes, tronco nu - muito calor. "Estamos a fazer campismo selvagem ali junto ao rio." O rio vê-se para lá do palco principal, a que chamaram 25 de Abril. "É o tirar as boinas e as T-shirts do Che Guevara da gaveta." Em cada canto se encontra alguém de boina e se ouve um "então, camarada?".

Há outros palcos, mesmo para além dos secundários. Em cada tenda de cada distrito se passa muita coisa. Actuações, encontros de velhos camaradas. Junto à tenda dedicada aos imigrantes há um grupo de jovens que dança, de chapéus mexicanos. Bruno Amorim, de 13 anos, acompanha o pai pela primeira vez. Que boina é esta que traz? Não sabe bem. "É igual à do Che Guevara, um médico que ajudou os outros e que foi muito importante." A boina é verde e tem uma estrela. Foi uma amiga do pai que lhe ofereceu.

Dentro do pavilhão central e nas tendas do partido de cada distrito há gente diferente da que está lá fora. São mais velhos e interessam-se pelas palestras, pelos debates. Alguns dormem sentados até. A tarde ainda não vai longa. Não são destas pessoas que andam ao sol, pelos palcos. Lá fora, os troncos nus e os biquínis ajudam a enfrentar o calor. Os lagos que há pelo recinto estão repletos como uma piscina pública numa tarde de Agosto. Uns de fato de banho, outros vestidos. Há lugar para todos se refrescarem.

Ao Avante! vem de tudo. Gente de todos os estilos, de todas as idades. Mães passeiam carrinhos de bebé ao lado de gente que deverá ter netos - alguns bisnetos, talvez. Gente de todo o país, ouvem-se muitas pronúncias diferentes. Vem gente militante e simpatizante, mas também quem nem pense em política. Maria Luísa Mendonça, de 65 anos, é militante e não vê mal nisso. "Eu venho pela política, mas há muitos jovens que não", diz. "Se a festa fosse só política, não havia tanta gente." Um grupo de adolescentes descansa, recostado na parede de uma das tendas. "Eu venho pelo convívio, pela música", confirma Sara Caldas, de 17 anos. "Nós", e fala pelo grupo de amigos, "não vimos pela política."

Quem também andava pela Quinta da Atalaia misturado na multidão era Francisco Lopes. Sem qualquer intervenção prevista nos comícios, o candidato do PCP às presidenciais ia falando com os jornalistas e garantindo que a sua candidatura é para levar às urnas.

Os que se sentavam para ouvir falar de política ao início da tarde são os mesmos, agora que o tempo arrefeceu. Não exactamente as mesmas pessoas. Mas os mesmos. A diferença é que se multiplicaram entretanto. Um dos senhores de camisa desabotoada que aqui dormitava ao início da tarde continua assim. No mesmo lugar.

A música mistura-se com as vozes que discursam e debatem no pavilhão central. E com os sons de todas as tendas. Num dos intervalos ouve-se Zeca Afonso, muito lá ao longe. Ouvem-se cantares alentejanos, esses bem mais perto. E toda esta amálgama de gente e de sons é esta festa que os que vêm dizem ser única. "Posso não ser comunista mas aqui encontro um espírito que não encontro em mais lado nenhum", diz Telmo Parreira, de 21 anos, vindo do Porto. "Só neste festival consigo sentar-me à mesa com pessoas trinta anos mais velhas do que eu e falar com elas como se fôssemos iguais." 
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A Festa do Avante


Encontros imediatos do terceiro grau

Lourenço Cordeiro
 
21:31 Domingo, 5 de Setembro de 2010

Vejo a Festa do Avante na televisão e não deixo de me comover com a quantidade de gente que, vivendo em Portugal, preferiria viver em Cuba, ou na China, ou no Vietname, ou no Laos, ou na não sei mesmo se não será uma democracia Coreia do Norte. Aquilo é coragem, da boa, tal e qual o domador que mete a cabeça dentro da boca do leão. Aplaudamos.
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JBCRosa (seguir utilizador), 1 ponto , hoje às 1:42
Sim, preferia viver em Cuba, apesar do embargo capitalista. Não, não preferia viver na China, com o seu híbrido esquisito de comuno-capitalismo. Se preferia viver no Vietname? Antes ou depois dos americanos e da sua fobia (pelos vistos partilhada pelo camarada Lourenço Cordeiro) terem dado cabo daquilo numa guerra que, aliás, perderam? Não preferia viver na Coreia do Norte pelo simples facto de que não vejo um pingo que seja de marxismo-leninismo lá. Pode já ter havido, mas desafio vosselência e toda a sua sabedoria reaccionária a encontrar, sem contradições, uma ponta qualquer de socialismo ou comunismo lá. Sim, é coragem. É a coragem de um povo e de uma classe trabalhadora (sabe o que é ou sempre escreveu textos ridículos para viver?) que sabe dizer não ao roubo e à ameaça dos seus direitos. É um povo que não quer mais que a felicidade. É um povo que luta todos os dias por um mundo melhor. Enfim, é o povo comunista português que, quando o senhor se der ao trabalho de conhecer sem lançar essas diarreias verbais e clichés indignos de um jornalista ou de um cronista, vai ver que é muito mais do que Cuba, Laos, Vietname ou URSS. Até lá, enquanto não se dignar vosselência a conhecer o comunismo no geral, e o PCP em particular, escusa de arrotar essas coisas a que chama textos e de responder a estas linhas. Quando se informar mais e melhor, depois falamos.
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