A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

PCP - Governo tem uma postura de servilismo perante a troika e as suas determinações


IIntervenção de Miguel Tiago na Assembleia de República

GOVERNO TEM UMA POSTURA DE SERVILISMO PERANTE A TROIKA E AS SUAS DETERMINAÇÕES


Quarta 22 de Fevereiro de 2012
Sra Presidente
Srs Deputados

O Governo quis fazer o papel de bom aluno da troika e cortar o carnaval aos portugueses mas perdeu essa batalha. O Governo quis tirar mais um feriado aos trabalhadores portugueses, mas o país demonstrou que não é um fantoche na mão do Governo e que não está disposto a acatar as ordens de quem se quer impor perante o povo, mas nunca levanta a voz perante a troika.
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O Governo não deu tolerância de ponto, mas foi feriado em Portugal. Por todo o país, nas autarquias, nos transportes públicos, na CP, no Metro, RTP, na TAP, na ANA, CTT, Imprensa Nacional, na Águas de Portugal, em muitos hipermercados e outras empresas, as portas estiveram fechadas ou o trabalho foi organizado e pago como perante um feriado, como aliás, o é a Terça-Feira de Carnaval em muitos contratos colectivos de trabalho.
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O Governo perdeu a batalha e foi ainda o alvo do escárnio típico de uma altura carnavalesca, que trouxe ao entrudo a luta e a revolta de um povo que, tendo um Governo vergado, não quer seguir-lhe os passos. Essa batalha perdeu também a Assembleia da República com a decisão da Srª Presidente (apoiada pelo PSD, CDS e PS) ao se colocar a reboque do Governo e na contramão do país.
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O país seguiu os corsos em luta e protesto demonstrando que o Governo deveria estar mais preocupado com os mais de 1 milhão e 200 mil portugueses que não podem trabalhar porque estão no desemprego do que com aqueles que gozam o feriado de carnaval.
Outras batalhas perderá o Governo se persistir neste caminho da arrogância típica de quem se mostra muito forte perante o povo, mas sempre muito servil ante os senhores do dinheiro.
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A situação em que o país se encontra, a degradação acentuada da qualidade de vida dos portugueses, a desvalorização dos salários, os roubos nos subsídios, o alastramento da pobreza, o crescimento galopante do desemprego, agravado pelo vasto desemprego entre jovens, o aprofundamento da recessão económica são elementos que ilustram o resultado de anos e anos de políticas de direita, protagonizadas ora pelo PS, ora pelo PSD, com ou sem o prestável amparo do CDS
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Porém resulta da reunião de ontem com a troika que, para estes senhores, estes técnicos do FMI, BCE e CE, tal como PS, PSD e CDS, não são as opções de desmantelamento do aparelho produtivo, a corrupção, a privatização de todas os sectores fundamentais da nossa economia, a destruição das pescas, da agricultura e da indústria, a concentração da riqueza, a reconstituição dos monopólios que representam um perigo.
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Não, o que representa um perigo é a luta das populações, a luta dos trabalhadores, o levantamento espontâneo mas esclarecido daqueles que empobrecem a trabalhar ou que estão no desemprego.
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E desta avaliação não podemos retirar o Partido Socialista. Depois de ter feito parte do coro dos inflexíveis e de ter rejeitado liminarmente a exigência do PCP para a renegociação dos prazos, montantes e juros da dívida, eis que agora se apresenta como defensor – ainda tímido – do alargamento dos prazos previstos no pacto de agressão das troikas. Mas é preciso dizer: o PS defende mais tempo apenas e só para aplicar as mesmas medidas.
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PSD, PS e CDS colocam-se na posição de sempre: do lado dos grandes interesses, constituindo esse arco parlamentar da desgraça que quer, ainda que sem o assumir, conduzir o país para a situação em que a Grécia já se encontra. São estes os responsáveis pelo caminho para o abismo e para a bancarrota que o país está a trilhar – PS, PSD e CDS aplicam dedicadamente a receita que falha na Grécia e falhará em Portugal como já hoje se sente.
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Srª Presidente
Srs Deputados

É ofensiva a desfaçatez com que se anuncia que a avaliação do programa é “positiva”. PSD, CDS e a troika rejubilam com os sucessos. Mas que sucessos são esses? Os 14 % de desemprego? O crescimento da dívida externa? A desvalorização dos salários e pensões? O aumento incomportável dos preços? A destruição do Serviço Público de Arte e Cultura, do Serviço Nacional de Saúde, ou do Sistema Educativo? A quebra no consumo interno e o empobrecimento de vastas camadas da população ou o encerramento de empresas a eito? A insensibilidade social e humana por detrás das palavras da “troika”, do PSD e do CDS, são a ilustração de que o sucesso do pacto, o sucesso da “troika”, é o falhanço do país.
A necessidade de renegociação da dívida afirma-se cada vez com mais evidência porque não há limites de austeridade e roubo neste pacto de agressão, a não ser aqueles que nós próprios – portugueses – impusermos.
Ao contrário do que afirmam PSD, PS e CDS, este não é o caminho do pagamento da dívida mas sim o do incumprimento.
Mas esse é também o caminho que convém aos grandes interesses económicos, aos autores e beneficiários desta agenda ideológica que nos é imposta, materializando o mais profundo e rude ataque às conquistas de Abril de que há memória. Para esses, Portugal pagará a dívida com a servidão de um povo inteiro – como se a dignidade de um povo fossem juros da dívida - e é preciso dizer “não” a esse caminho da desgraça que ensombrou a vida dos portugueses durante 48 anos de ditadura.
“Piegas”, Sr Primeiro-Ministro, é quem “fala grosso” para baixo mas “fininho” para cima.
Corajosos não são os governantes ou os mandantes da troika internacional que enchem o peito perante aqueles que empobrecem a cada mês, perante os jovens desempregados, os trabalhadores da administração pública e os trabalhadores do privado, mas sim aqueles que estão dispostos a lutar para travar este rumo de destruição e afundamento nacional.
É urgente assumir que a cada dia que passa sob a sombra do memorando, se perdem direitos, se perde vida, trabalho e salários e que a vitória de Portugal não é a vitória da troika, mas a sua derrota. É urgente resgatar a soberania e a democracia que sofre sob o peso das fortunas acumuladas à custa do povo. É nessa luta que está e estará o PCP,
Disse.

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