Já se sabia que, na dura cabecinha do engº Sócrates, o mundo mudava, com alguma frequência, em dois ou seis dias, consoante os erros do Governo e os estados de alma do primeiro-ministro.
- 0h30 Correio da Manhã 2010 10 08
Foi assim que surgiu, subitamente, dando cabo do mundo em que ele vivia, o PEC II e o seu famigerado aumento de impostos. O plano, congeminado com o PSD, tinha, na altura, a superior vantagem de suprir as nossas necessidades para os anos de 2010 e de 2011.
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Quatro meses depois, ficamos a saber, pela voz do primeiro-ministro, que por força de um submarino o Governo não conseguiu sequer cumprir os objectivos que tinha anunciado para 2010. O mundo mudou? Aparentemente, sim. De repente, parece que deu à costa, vindo do nada, um submarino que o Governo só tencionava pagar em 2011 – e que seria de esperar, por isso, que estivesse incluído nas contas do PEC II, mas isso seria, de facto, esperar demasiado.
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Já no que toca ao ano de 2011, o mundo não mudou: deu uma pirueta tal que "convenceu" finalmente o primeiro-ministro a anunciar medidas que ele, no mundo em que vivia, sempre negou que tomaria.
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O preço desse convencimento tardio? Não existe. No seu mundo, o que conta são as responsabilidades dos outros: dos mercados, dos partidos da oposição, das previsões pessimistas, dos trabalhadores insatisfeitos, dos comentadores que o criticam e, por aí fora, numa lista infindável de culpados da qual, obviamente, ele não faz parte.
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No seu mundo, o engº Sócrates é apenas, na sua infinita clemência, uma vítima das circunstâncias, ou seja, uma vítima do mundo onde não vive há muitos e bons anos. Infelizmente, esse mundo que tanto o surpreende, obrigando-o a dar, todos os dias, o dito por não dito, é aquilo que muito prosaicamente se chama realidade – e a realidade, como já deu provas mais do que suficien-tes, não se compadece com os "convencimentos" do primeiro-ministro.
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Assim sendo, é natural que as garantias do primeiro-ministro se tenham transformado, com o tempo, numa série de palpites que têm o condão de nunca se realizarem. De palpite em palpite, de desastre em desastre, o engº Sócrates vai afundando o país num rol de medidas de austeridade, tomadas a eito, por imposição da União Europeia e dos mercados internacionais, sem que se consiga descortinar nelas uma linha de rumo minimamente credível.
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Por junto, o primeiro-ministro limita-se a garantir que o crescimento do PIB se vai manter em 0,5 por cento apesar de reconhecer o efeito recessivo das medidas que anunciou. Um palpite, aliás, que já foi desmentido pelo FMI e pelo Banco de Portugal. Como seria de esperar.
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- Comentário feito por:António dos Santos
- 13h38
- Comentário feito por:Carlos Teixeira
- 11h43
- Comentário feito por:a.marques
- 10h26
- Comentário feito por:Carlos Passos
- 10h05
Até que enfim D.Constança acordou, tarde, mas a tempo. Parabéns.
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- Comentário feito por:Álvaro de Campos
- 18h33
Concordo: “De palpite em palpite, de desastre em desastre, o engº Sócrates vai afundando o país…”. Também sou um contribuinte amordaçado, mas não sou parvo.