A subir
Mal saiu o Orçamento de Estado, logo se percebeu que são os contribuintes com menos recursos que serão os mais afectados pela subida de impostos. Todas as simulações, análises e especialistas apontam para uma evidência: o impacto – ou o nível de esbulho por via fiscal – vai sendo maior conforme decrescem os rendimentos. Ou seja, quanto menos se ganha, mais se paga.
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Portanto, na «justiça de Sócrates», quanto mais se desce nos salários... mais se sobe nos impostos.
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Confirma-se finalmente a propaganda governamental, que desde há cinco anos (início do actual consulado PS) martela o País para lhe impingir a ideia de que a actual governação põe tudo a subir. Tudo não. Mas os impostos sobre quem menos ganha, sem dúvida que sim...
Exemplos
Multiplicam-se ao infinito os exemplos a ilustrar e a demonstrar a hecatombe social que este aumento fiscal e abaixamento nos salários irão desencadear no País. São tantos e tão variados, que o PSD já se apronta para demonstrar a sua «oposição» através de exemplos concretos, avançando já com o de um casal sem filhos e com um salário mensal de mil euros, cada um, que irá pagar três vezes mais de impostos. Eduardo Catroga – que até foi ministro das Finanças de um Governo PSD – já alerta para «dramas terríveis» na vida dos portugueses, advindos destes aumentos brutais. Naturalmente, já está esquecido dos dramas terríveis que os seus próprios cortes, como governante, causaram a este mesmo povo e País.
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Quanto ao PSD, percebe-se a manobra: enquanto alinhava «exemplos» a ilustrar a maldade destas medidas, procura distrair o pagode e fazer que este não repare, nem ligue, à sua aprovação na Assembleia da República, que entretanto vai cozinhando com o PS...
Cortes
Mas a brutal ofensiva contra os trabalhadores e o País não se fica pela redução escandalosa dos salários da Função Pública (com «recomendação» - como se fosse necessária... - ao patronato para que faça o mesmo no sector privado), nem na escolha dos que menos ganham para pagarem mais impostos ou na redução ou extinção de subsídios diversos que, indiscriminadamente, estão a ser aplicadas em todo o Pais e sobre todos os necessitados e indigentes que os têm recebido.
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Na própria distribuição de verbas pelos diversos ministérios, para o exercício do ano que vem, está estampada a opção reaccionaríssima deste Governo.
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Por exemplo, ao Ministério da Saúde foram cortados 12,8% das verbas do próximo ano (menos 1255,9 milhões de euros que no ano corrente), ao Ministério da Educação foram subtraídos 11,2% (menos 803,2 milhões de euros) e ao Ministério do Trabalho e Solidariedade Social foram sonegados 10,4% (menos 902,2 milhões de euros).
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Com tudo isto, o primeiro-ministro José Sócrates ainda teve o descaramento de dizer que este Orçamento veio «salvar o Estado social»...
.Avante, 2010.10.21
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