* Anabela Fino
Acordar de manhã e ver o quarto que nos dá abrigo; chegar à janela e ver o Sol ou a Lua que nos iluminam; abrir os olhos e ver um rosto que se ama; fazer um gesto e ver como se transforma num acto criador ou numa carícia; desfolhar um livro ou uma flor e ver letras e pétalas que seduzem... Quantas coisas se desvendam com o olhar, quantas mais se descobrem quando se sabe ver!
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Deste bem, como de muitos outros, só ganhamos plena consciência quando se torna raro, quando fica ameaçado ou quando, no limite, nos falta. É nessa altura que assume toda a sua dimensão a importância do conhecimento e dos meios que permitiram à humanidade reparar o que se degradou e, mais ainda, o tipo de organização social que não faz depender do dinheiro que se tem ou não no bolso o acesso a tais cuidados.
Deste bem, como de muitos outros, só ganhamos plena consciência quando se torna raro, quando fica ameaçado ou quando, no limite, nos falta. É nessa altura que assume toda a sua dimensão a importância do conhecimento e dos meios que permitiram à humanidade reparar o que se degradou e, mais ainda, o tipo de organização social que não faz depender do dinheiro que se tem ou não no bolso o acesso a tais cuidados.
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Não são muitos os países que se podem orgulhar de ter a medicina ao serviço do seu povo e são menos ainda os que se dispõem a partilhá-la generosamente com os outros povos.
Não são muitos os países que se podem orgulhar de ter a medicina ao serviço do seu povo e são menos ainda os que se dispõem a partilhá-la generosamente com os outros povos.
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Talvez seja por isso que ostenta o nome de «Operação Milagre» o programa cubano de assistência médica oftalmológica gratuita a pessoas de parcos recursos em diversos países da América Latina, que já devolveu a vista a milhares de pessoas.
Talvez seja por isso que ostenta o nome de «Operação Milagre» o programa cubano de assistência médica oftalmológica gratuita a pessoas de parcos recursos em diversos países da América Latina, que já devolveu a vista a milhares de pessoas.
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O «milagre», se existe, não está no desenvolvimento científico-técnico hoje já uma realidade num vasto número de países, mas na dádiva que Cuba e os seus médicos dela fazem ao mundo, em particular lá onde o imperialismo – o mesmo que tão encarniçada e persistentemente quer destruir a Revolução cubana – condenou os povos à mais aviltante pobreza, explorando as suas riquezas e a sua força de trabalho para de seguida os descartar como lixo quando deixam de se tornar rentáveis, sem direito aos mais elementares cuidados de saúde, quanto mais ao «luxo» de uma operação que lhes permita continuar a ver.
O «milagre», se existe, não está no desenvolvimento científico-técnico hoje já uma realidade num vasto número de países, mas na dádiva que Cuba e os seus médicos dela fazem ao mundo, em particular lá onde o imperialismo – o mesmo que tão encarniçada e persistentemente quer destruir a Revolução cubana – condenou os povos à mais aviltante pobreza, explorando as suas riquezas e a sua força de trabalho para de seguida os descartar como lixo quando deixam de se tornar rentáveis, sem direito aos mais elementares cuidados de saúde, quanto mais ao «luxo» de uma operação que lhes permita continuar a ver.
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Num desses países, a Bolívia, que trilha agora os caminhos da libertação do jugo imperialista, a «Operação Milagre» acaba de dar mais uma lição de humanidade aos que vivem da exploração do homem pelo homem, aos que transformam o homem – alguns homens – em carrascos de outros homens. Em Santa Cruz, a segunda maior cidade boliviana, o ex-sargento Mario Teran recuperou a vista após ter sido operado às cataratas por médicos cubanos.
Num desses países, a Bolívia, que trilha agora os caminhos da libertação do jugo imperialista, a «Operação Milagre» acaba de dar mais uma lição de humanidade aos que vivem da exploração do homem pelo homem, aos que transformam o homem – alguns homens – em carrascos de outros homens. Em Santa Cruz, a segunda maior cidade boliviana, o ex-sargento Mario Teran recuperou a vista após ter sido operado às cataratas por médicos cubanos.
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O caso nada teria de excepcional se Teran não fosse o homem que há 40 anos assassinou Che Guevara com uma rajada de metralhadora, a 9 de Outubro de 1967, um dia depois de ter sido preso e encerrado numa escola a algumas centenas de quilómetros de Santa Cruz.
O caso nada teria de excepcional se Teran não fosse o homem que há 40 anos assassinou Che Guevara com uma rajada de metralhadora, a 9 de Outubro de 1967, um dia depois de ter sido preso e encerrado numa escola a algumas centenas de quilómetros de Santa Cruz.
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Teran não se apresentou com a sua identidade, receoso talvez de não ser atendido. Mas o filho – por ventura mais visionário do que o pai alguma vez foi – considerou dever expressar o seu reconhecimento aos médicos cubanos numa declaração ao jornal local El Deber (O Dever).
Teran não se apresentou com a sua identidade, receoso talvez de não ser atendido. Mas o filho – por ventura mais visionário do que o pai alguma vez foi – considerou dever expressar o seu reconhecimento aos médicos cubanos numa declaração ao jornal local El Deber (O Dever).
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Comentando o facto, o jornal cubano Granma escreveu que Teran, agora na reforma, «poderá apreciar de novo as cores do céu e da floresta, conhecer o sorriso dos seus netos (…). Mas nunca será capaz de ver a diferença entre as ideias que o levaram a assassinar um homem a sangue-frio e as desse homem.»
Comentando o facto, o jornal cubano Granma escreveu que Teran, agora na reforma, «poderá apreciar de novo as cores do céu e da floresta, conhecer o sorriso dos seus netos (…). Mas nunca será capaz de ver a diferença entre as ideias que o levaram a assassinar um homem a sangue-frio e as desse homem.»
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Pode ser que o Granma se engane. Afinal, é a «Operação Milagre» que Cuba está a oferecer ao mundo.
Pode ser que o Granma se engane. Afinal, é a «Operação Milagre» que Cuba está a oferecer ao mundo.
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in Avante 2007.10.04
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