A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, outubro 31, 2007

Alô Cuba


* Anabela Fino
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O presidente dos EUA, George W. Bush, protagonizou há dias uma encenação grotesca mas muito esclarecedora do que a actual equipa da Casa Branca entende por «defesa da democracia». Perante os membros do seu gabinete e as câmaras da CNN, Bush deu asas à imaginação e falou sobre a vida em Cuba. Quem teve oportunidade de o ouvir – e poucos terão sido os mortais que escaparam à prelecção, com honras de difusão em horário nobre nos noticiários – ficou a «saber» coisas interessantíssimas, tais como que em Cuba é proibido «mudar de trabalho», «mudar de casa», a reunião de «mais de três pessoas», «ler livros diferentes dos publicados no país», ou ainda que os cubanos «são forçados a andar de cavalo», e que os jornalistas pedem encarecidamente aos amigos que lhes levem «esferográficas e tinta para as máquinas de escrever». Numa palavra, que em Cuba se vive na idade da pedra ou perto disso, o que só não é de todo dramático porque, sempre segundo Bush, há «cada vez mais manifestações pacíficas contra o governo», que por acaso é uma feroz e sanguinolenta «ditadura».
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Certamente por esquecimento, Bush não falou das criancinhas comidas ao pequeno almoço, mas disse que «a palavra chave para Cuba não é estabilidade mas sim liberdade», pelo que instou a comunidade internacional a conjugar esforços para a «libertação do povo cubano».
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Como estas coisas não se fazem sem ajuda – que o diga o povo iraquiano, há quatro anos a viver as delícias da «liberdade duradoura» prometida por Bush – o presidente norte-americano logo ali apelou ao Congresso para ratificar o bloqueio que há quase 50 anos mantém contra a pequena ilha caribenha e, em jeito de quem acena com a cenoura ao burro, prometeu a criação de um fundo, mais um, para os empresários que hão-de colher os frutos da economia do país quando se registarem «mudanças profundas».
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Com a enorme subtileza que o caracteriza, Bush pediu a colaboração das Forças Armadas e da polícia cubanas, exigiu a prisão dos actuais dirigentes e deixou claro quem serão os «eleitos» do futuro delineado por Washington ao afirmar que «os dissidentes de hoje serão os líderes de amanhã».
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Nesta «lição de democracia», sem direito a público nem a perguntas (ao contrário do que sucede com o tão criticado programa Alô Presidente, de Hugo Chávez), Bush teve ainda tempo para se solidarizar com os cubanos que «com grande risco» acompanhavam o seu discurso através dos canais norte-americanos que transmitem para Cuba.
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O que Bush não disse – e muitos outros calaram – é que apenas cinco horas depois deste patético Alô Cuba, o canal público Cubavisión (do tenebroso regime cubano), no programa Mesa Redonda, retransmitia a sua intervenção na íntegra, e, ao contrário do que fez a CNN, sem sequer intervalo para publicidade.
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Embora seja público e notório que a Casa Branca está sempre pronta para apaparicar Cuba, vale a pena dizer que esta encenação bushiniana não ocorreu por acaso. É que estamos em vésperas de mais uma Assembleia Geral da ONU onde – surpresa!!! – vai estar mais uma vez em debate a questão do bloqueio, o tal que em nome da democracia obriga o povo cubano aos mais severos sacrifícios para defender a sua Revolução.
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in Avante Nº 1770 01.Novembro.2007
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