A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

quarta-feira, outubro 31, 2007

As trevas de Fátima e do anti-comunismo


* Jorge Messias
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Nas versões fantasistas com que o Vaticano tenta corrigir o seu discurso ideológico, há sempre uma altura em as teorias emperram e a fuga para a frente se transforma em corrida veloz de regresso ao passado e ao mundo dos mitos que a Razão recusa. Os exemplos abundam, desde as intenções conciliares do aggiornamento que o papado cilindrou aos discursos vazios de sentido acerca da não-contradição entre o pensamento científico moderno e a mística da fé e da tradição. Ou no saltitar de um triunfalismo que saudou a vitória irreversível do Capitalismo sobre o Movimento Comunista das trevas e agora, sob a pressão da crise financeira mundial, volta aos velhos tempos do anti-comunismo primário. É caso para perguntar: afinal, o Comunismo morreu ou continua a ser para a Igreja a expressão de um risco letal?
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O grande problema do Vaticano é ser-lhe cada vez mais difícil manter no papel as promessas não cumpridas, continuar a falsear o sentido das palavras e disfarçar as redes de intrigas e de falsas virtudes que inspiram os cardeais, radicalmente sectários e conservadores.Ora, se as falsas promessas não chegam para convencer, então é preciso esmagar. E quando é este o panorama da história a igreja não hesita: dá o dito pelo não dito, faz contravapor e retorna aos tempos do imobilismo, da contemplação e do terror, quando a resignação se representa ao homem como a única alternativa possível.
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Esta gélida versão combate-se com o exercício da razão, pela força popular da unidade de acção e com o reforço da luta de classes.

Sócrates, o Capital e a Igreja

O espaço é pequeno e o texto sobre Fátima e o comunismo seria longo. Pode ir-se por outro caminho. Que efeitos têm tido no panorama nacional os actos da actual administração socialista? Crise na produção, crise monetária, pior distribuição da riqueza, mais desemprego, péssimos salários, desvio de recursos essenciais para o que é acessório, menos educação, menos saúde, corrupção pública, fraude, escândalos, miséria moral, degradação.
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Como é evidente, tal quadro desencadeia os aplausos, quer do grande capital que atingiu as alturas jamais sonhadas das taxas máximas de lucros e da constituição de impérios monopolistas, quer dos seus homens de mão que aspiram ao retorno ao poder autoritário das elites fascistas ou fascizantes a que pertencem. Defendem a ideia de que, se a riqueza dos ricos provoca a pobreza dos pobres e esta, no pior dos casos, pode vir a agravar o choque entre as classes sociais, o poder repressivo dissuasor continuará firmemente entre as mãos das polícias, do patronato e da igreja. Da polícia, por ter as armas e deter as redes de informação. Do patronato, que separa e decreta quem deve sobreviver e quem deve morrer. Da igreja – a sábia e experimentada – que fornece às massas os ópios moderadores e possui o dom do domínio das palavras. Não foi certamente por acaso que nos dias que antecederam a consagração da faraónica basílica de Fátima, a comunicação social entrevistou e deu voz a um dos mais fanáticos representantes da hierarquia, o poderoso reitor do Santuário, monsenhor Luciano Guerra. No jogo das perguntas e respostas, muito do que transparece (aquilo que se diz e aquilo que se cala) contém informação reveladora vinda dos limbos do poder católico. A este respeito, apenas alguns apontamentos.
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A Igreja da Santíssima Trindade custou entre 70 e 80 milhões de euros. Está apta a receber 5 milhões de visitantes por ano. Em cada fim-de-semana da época turística, vende 12 toneladas de velas de cera por dia. O santuário lançou-se, também, no ramo da electrónica. Se, por hipótese, o padre Luciano recebesse mais 80 milhões para outra igreja, prometia «dar metade aos pobres». O painel dourado que decora o altar-mór tem 500 metros de largura. O templo é servido por 12 portas monumentais, em bronze. A encenação é perfeita.
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Veja-se só como monsenhor Luciano controla as regras da psicologia de massas. Numa altura em que, na sociedade civil crescem as dificuldades e as incertezas, o padre acena com uma igreja milionária e ultrapoderosa. Uma igreja que, se tiver ofertas dos crentes, dará esmolas principescas para compensar as falhas fraudulentas do Estado civil. Uma igreja que inspira confiança aos ricos, desmobiliza e tolhe de respeito os pobres. Uma igreja das Arábias. Fátima, é isto.
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Uma última nota. A Concordata de 1940 e a Lei da Liberdade Religiosa tratam confusamente, de forma deliberada, a questão dos benefícios e privilégios da igreja católica e do infindável número das suas organizações, desde as que funcionam na área social, às fundações e ao mecenato, às ONGS e às Misericórdias. A igreja de Fátima terá custado 80 milhões. Mesmo que assim seja, é muito dinheiro. E é alarmante ver como tudo isto se passa num país atravessado de lés-a-lés pela corrupção, pelo tráfico de divisas e de influências, pelo compadrio das parcerias e pelo reforço permanente do autoritarismo elitista.
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Quem fiscaliza as caves subterrâneas do Vaticano?
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in Avante 2007.10.18
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Quadro - José Gusmão

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