* Francisco Moita Flores, Docente Universitário
.
As explicações do Governo para os muitos protestos como tendo causa em acções organizadas pelo PCP cheiram a bafio.
.
A história que está a atravessar a Comunicação Social relacionada com uma professora que padece de cancro na língua e a quem a Caixa Geral de Aposentações tem recusado a reforma é o mais radical exemplo de outros funcionários públicos que nos últimos meses foram obrigados ou a ir trabalhar gravemente doentes ou que foram impedidos de reforma por razões de saúde. Mas também o exemplo da desumanização, da brutalidade fascizante que está a tomar conta do aparelho e do poder do Estado em nome dessa gargalhada que dá pelo nome de esquerda moderna. Os exemplos que alastram pelo País, aos quais se associam perseguições pessoais, buscas policiais a sindicatos, perseguições de índole partidária e uma corrente de propaganda bem organizada e disciplinada, começam a ser ameaças, ainda pontuais, mas que tendem a multiplicar-se conforme vai cedendo o grau de aceitação da opinião pública domesticada.Não pode ser.
.
As explicações do Governo para os muitos protestos como tendo causa em acções organizadas pelo Partido Comunista cheiram a bafio. Como é inimaginável ficar quieto, em silêncio, quando alguém com doença tão grave é obrigada a trabalhar. Ainda por cima na língua. Este Governo e o seu aparelho, que já não se sabe se é do Estado ou do partido, deve acreditar que a língua é coisa que não faz falta a um professor. Não admira. Tudo aquilo que fuja da obsessão pelo défice não existe. Apenas o défice e nada mais do que o défice. Sofrimento, solidariedade, compaixão são atributos arredados desta esquerda pretensamente moderna que nos governa.
.
Escrever sobre esta situação repugna. Perceber que existe no nosso país como novela que não tem fim enoja.
.
Não deixa de ser surpreendente a entrevista do procurador--geral da República onde afirma se está em escuta. Só pode ser uma afirmação descontextualizada. Se um PGR, o maior representante da legalidade do Estado, não sabe se está a ser escutado, então, estamos mesmo nas ruas da amargura. Porque ninguém acredita que tivesse cometido um crime ou dele seja suspeito. E por tal consideração ser impossível, o PGR veio dizer-nos que a proliferação das escutas chegou ao nível da sarjeta e o Estado policial vem encontrar- -se com a desumanização brutal com que é tratada a professora que atrás referimos. Se a vulgarização das escutas telefónicas chegou a isto, se a violação da privacidade individual entrou na barbárie, então, não mais faz sentido tratar do Estado, a política e quem manipula estes sistemas com respeito. Aqui está um bom mote para Luís Filipe Menezes mostrar aquilo que vale. E já agora a esquerda clássica porque da moderna não falo por pudor. A prostituição profissional da escuta telefónica ganha uma nova dimensão com as declarações do PGR. Será que esta democracia servil e domesticada, vergada à maioria absoluta, ainda consegue perguntar o porquê desta perplexidade?
.
.
in Correio da Manhã 2007.10.21
.
» Comentários no CM on line
Segunda-feira, 22 Outubro
» Comentários no CM on line
Segunda-feira, 22 Outubro
.
- Luca Também sou alentejana. E como tal somos autênticos,honestos e justos,e revoltamo-nos contra a hipocrisia, o abuso de poder, venha ele donde vier.Se fôr necessário pra descoberta da verdade na invest.criminal,porque não haver escutas? porquê tanta gente incomodada c/as escutas?É por isso que muitos crimes ficam por resolver, e os culpados impunes -"quem não deve ñ teme", verdade? (Beja)
.
Domingo, 21 Outubro
Domingo, 21 Outubro
.
- luis santos Aqui deixo o meu testemunho: de cada vez q na net faço um comentário mais crítico, a operadora corta-me o sinal e, ha dias, telefonou-me p confirmar o número do modem. De cada vez q escrevo sinto q estou a ser vigiado.Lisboa
.
» Artigos Relacionados
.
» Artigos Relacionados
.
21-10-2007 - 00:00:00 Escutas muito delicadas
21-10-2007 - 00:00:00 PGR sob escuta
21-10-2007 - 00:00:00 Investigação criminal
21-10-2007 - 00:00:00 PGR sob escuta
21-10-2007 - 00:00:00 Investigação criminal
Sem comentários:
Enviar um comentário