A Internacional

__ dementesim . . Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem. . _____ . Quem luta pelo comunismo Deve saber lutar e não lutar, Dizer a verdade e não dizer a verdade, Prestar serviços e recusar serviços, Ter fé e não ter fé, Expor-se ao perigo e evitá-lo, Ser reconhecido e não ser reconhecido. Quem luta pelo comunismo . . Só tem uma verdade: A de lutar pelo comunismo. . . Bertold Brecht

terça-feira, outubro 30, 2007

O método


* Henrique Custódio
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No «Forum TSF» da passada terça-feira abriu-se a antena para os ouvintes se pronunciarem sobre a inacreditável «visita» de dois polícias à paisana, no dia anterior, à sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) na Covilhã, onde se apropriaram de documentos de informação e deram «conselhos» intimidatórios sobre as palavras de ordem a utilizar numa manifestação, durante uma deslocação do primeiro-ministro José Sócrates.
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No coro generalizado de protestos por parte dos ouvintes que telefonaram para a TSF – e onde as classificações a este acto policial oscilaram entre o «autoritarismo inadmissível» e o «semelhante ao fascismo» - foi proferida uma frase lapidar: «Neste caso lamentável não se deve criticar a PSP, porque a polícia é um braço armado às ordens do Governo. O grande responsável deste acto pidesco é o primeiro-ministro José Sócrates».
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É o que se chama acertar no alvo. De facto, e incontornavelmente, José Sócrates é o grande protagonista da semana, tendo o seu actual descalabro começado exactamente nas cerimónias do 5 de Outubro.
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Nesse dia, após as festividades, o chefe do Governo foi interpelado sobre os protestos dos professores contra a política na Educação, tendo respondido esta coisa extraordinária: «protestos dos professores, não, o que há são protestos de sindicalistas, o que é uma coisa muito diferente».
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Ficava dito, sem tergiversações, que para o «socialista» José Sócrates os sindicalistas não são trabalhadores, não representam os seus camaradas de profissão e, pelos vistos, nem legitimidade têm para falar por quem os elegeu e mandatou. Já que assim pensa, como se atreve José Sócrates a brandir a sua famosa maioria absoluta para justificar todos os desmandos sociais da governação? Segundo o seu raciocínio, o Executivo que chefia também não é quem o elegeu, não representa sequer quem o elegeu e, assim sendo, como pode reivindicar o direito – ainda por cima absoluto - de governar em seu nome?!...
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.Dois dias depois, em Montemor-o-Velho, nova manifestação o aguardava durante mais uma inauguração, e aqui a fleuma democrática do primeiro-ministro estalou num instante: enquanto subia a parada com a declaração, em sorriso amarelo, de que «os comunistas, onde quer que eu vá, fazem manifestações utilizando os seus dirigentes sindicais» - usando, sem rebuço, a argumentação do fascismo para silenciar protestos sociais -, a GNR no local tirava faixas aos manifestantes, identificava outros e acabou a encurralá-los atrás de uma fita, fora da qual só permitiam quem fosse aplaudir o governante, que entretanto presenciava tudo isto com flagrante anuência.
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Parecia o ensaio do episódio supracitado da Covilhã: num acto sem precedentes desde o 25 de Abril, dois agentes da PSP entraram na sede de um sindicato para amedrontar os sindicalistas e condicionar uma manifestação programada para o dia seguinte.
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Tão chocante escalada repressiva desencadeou a indignação generalizada por todo o País, com declarações de repúdio partidário da Esquerda à Direita e a vergonhosa tergiversação do PS, o que levou o Ministério da Administração Interna a promover «um inquérito» ao episódio da Covilhã, que classificou de «inaceitável», e o próprio José Sócrates a recuar com a afirmação ridícula de que «só soube do assunto pelos jornais», acrescentada com a ironia pacóvia de que «sentiria a falta» dos manifestantes do PCP se estes «deixassem de o acompanhar».
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Porém, tudo isto evidencia mais factos incontornáveis. Um, que José Sócrates é o óbvio e directo responsável de tudo isto: na verdade, as polícias cumprem sempre ordens e quem as determina é o Governo. Outro, que José Sócrates tem uma visão tão autoritária do poder, que se atascou em métodos perigosamente antidemocráticos e, já, a confundir-se com o que se usava no fascismo.
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in Avante Nº 1767 11.Outubro.2007

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