A comunicação social transformou-se em órgão oficial
da reunião dos Ministros da guerra
.* Ângelo Alves
Membro da Comissão Política
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Os portugueses que não tiveram acesso à edição do Avante! da passada semana foram privados da informação sobre uma importante iniciativa nacional e internacional realizada recentemente no nosso país.
Falamos do encontro europeu de movimentos da paz que sob o Lema «Desmilitarizar a Europa, Defender a Paz» juntou em Lisboa, nos dias 28 e 29 de Setembro, vinte organizações de 14 países da Europa; vários dirigentes do Conselho Mundial da Paz, entre os quais o seu secretário-geral, Athanasios Pafilis; cinco deputados do Parlamento Europeu oriundos de outros tantos países; autarcas, dirigentes sindicais e dezenas de personalidades, dirigentes e activistas de organizações portuguesas comprometidas com a luta pela paz e a cooperação entre os povos.
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Os portugueses que não tiveram acesso à edição do Avante! da passada semana foram privados da informação sobre uma importante iniciativa nacional e internacional realizada recentemente no nosso país.
Falamos do encontro europeu de movimentos da paz que sob o Lema «Desmilitarizar a Europa, Defender a Paz» juntou em Lisboa, nos dias 28 e 29 de Setembro, vinte organizações de 14 países da Europa; vários dirigentes do Conselho Mundial da Paz, entre os quais o seu secretário-geral, Athanasios Pafilis; cinco deputados do Parlamento Europeu oriundos de outros tantos países; autarcas, dirigentes sindicais e dezenas de personalidades, dirigentes e activistas de organizações portuguesas comprometidas com a luta pela paz e a cooperação entre os povos.
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Para a comunicação social dominante este Encontro não existiu. Esta forma de censura política e ideológica é tão mais grave quanto o referido Encontro coincidia no tempo com a reunião informal de Ministros da Defesa da União Europeia realizada em Évora. Era portanto impossível argumentar com a atoarda da «falta de actualidade» com que habitualmente se brindam as iniciativas ou ideias que se pretende silenciar.
Para a comunicação social dominante este Encontro não existiu. Esta forma de censura política e ideológica é tão mais grave quanto o referido Encontro coincidia no tempo com a reunião informal de Ministros da Defesa da União Europeia realizada em Évora. Era portanto impossível argumentar com a atoarda da «falta de actualidade» com que habitualmente se brindam as iniciativas ou ideias que se pretende silenciar.
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Como foi referido no próprio Encontro da Paz as duas reuniões eram o exemplo de duas visões do mundo diametralmente opostas.
Como foi referido no próprio Encontro da Paz as duas reuniões eram o exemplo de duas visões do mundo diametralmente opostas.
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De um lado a apologia da militarização da UE; a defesa do intervencionismo; a «adoração» à NATO e as ameaças mais ou menos veladas a povos e à soberania e integridade territorial de vários países, como a Sérvia. Enfim, o imperialismo puro e duro em versão europeia.
De um lado a apologia da militarização da UE; a defesa do intervencionismo; a «adoração» à NATO e as ameaças mais ou menos veladas a povos e à soberania e integridade territorial de vários países, como a Sérvia. Enfim, o imperialismo puro e duro em versão europeia.
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Do outro o testemunho das lutas pela paz que se desenvolvem um pouco por toda a Europa; as denúncias sobre a «militarização à velocidade da luz» da União Europeia e a defesa da necessidade urgente do desarmamento, da resolução política dos conflitos e do respeito pela soberania de países e povos.
Um fenómeno que cresce
A comunicação social optou por esconder dos portugueses uma das reuniões e uma das visões, a da paz, tentando apresentar a contrária como se única e incontestada fosse. Ao fazê-lo transformou-se em órgão oficial da reunião dos Ministros da guerra, que foi disso que se tratou em Évora.
Do outro o testemunho das lutas pela paz que se desenvolvem um pouco por toda a Europa; as denúncias sobre a «militarização à velocidade da luz» da União Europeia e a defesa da necessidade urgente do desarmamento, da resolução política dos conflitos e do respeito pela soberania de países e povos.
Um fenómeno que cresce
A comunicação social optou por esconder dos portugueses uma das reuniões e uma das visões, a da paz, tentando apresentar a contrária como se única e incontestada fosse. Ao fazê-lo transformou-se em órgão oficial da reunião dos Ministros da guerra, que foi disso que se tratou em Évora.
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Tal atitude não é isolada nem nova. É um fenómeno que cresce à medida da concentração dos meios de comunicação social portugueses em três ou quatro grandes grupos económicos e do ataque aos direitos laborais e intelectuais dos jornalistas que, ou fortemente condicionados na sua actividade ou já formatados pelo sistema, são empurrados cada vez mais para a condição de executores de agendas decididas à luz de critérios completamente estranhos aos princípios da isenção, independência e rigor jornalísticos. Conceitos como «agenda mediática» ou «opinião publicada» tentam encobrir o óbvio, ou seja que existe uma classe, a dominante, que se apropria dos meios de comunicação social por via do seu poder económico e os põe ao serviço dos seus interesses de classe. O reverso da medalha é o silenciamento, a difamação, ou mesmo a criminalização na praça pública das ideias dissonantes.
Tal atitude não é isolada nem nova. É um fenómeno que cresce à medida da concentração dos meios de comunicação social portugueses em três ou quatro grandes grupos económicos e do ataque aos direitos laborais e intelectuais dos jornalistas que, ou fortemente condicionados na sua actividade ou já formatados pelo sistema, são empurrados cada vez mais para a condição de executores de agendas decididas à luz de critérios completamente estranhos aos princípios da isenção, independência e rigor jornalísticos. Conceitos como «agenda mediática» ou «opinião publicada» tentam encobrir o óbvio, ou seja que existe uma classe, a dominante, que se apropria dos meios de comunicação social por via do seu poder económico e os põe ao serviço dos seus interesses de classe. O reverso da medalha é o silenciamento, a difamação, ou mesmo a criminalização na praça pública das ideias dissonantes.
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Falamos de Portugal como poderíamos falar do fluxo de informação a nível internacional, controlado por um punhado de agências ligadas directa ou indirectamente às grandes multinacionais que criam autênticas cadeias mundiais de difusão do discurso oficial do sistema. O modo como se vendeu a todo o mundo a guerra do Iraque, com mentiras; como se tenta hoje mitigar a crise económica e financeira mundial; como se propagandeia a falsa guerra contra o terrorismo; como se tentam diabolizar os processos e os dirigentes progressistas na América Latina ou ainda como se está a tentar impor a nova redacção do Tratado Constitucional para a Europa são, entre muitos outros, exemplos de como hoje se controla à escala global a informação, se propagam mentiras e se adultera a realidade.
Falamos de Portugal como poderíamos falar do fluxo de informação a nível internacional, controlado por um punhado de agências ligadas directa ou indirectamente às grandes multinacionais que criam autênticas cadeias mundiais de difusão do discurso oficial do sistema. O modo como se vendeu a todo o mundo a guerra do Iraque, com mentiras; como se tenta hoje mitigar a crise económica e financeira mundial; como se propagandeia a falsa guerra contra o terrorismo; como se tentam diabolizar os processos e os dirigentes progressistas na América Latina ou ainda como se está a tentar impor a nova redacção do Tratado Constitucional para a Europa são, entre muitos outros, exemplos de como hoje se controla à escala global a informação, se propagam mentiras e se adultera a realidade.
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O silenciamento das ideias progressistas e de sinais importantes de confiança para a luta dos povos – como foi o Encontro da paz ou recentemente a Festa do «Avante!» ou ainda o resultado dos comunistas nas eleições gregas – mais do que uma afirmação de força é um sinal de fraqueza da ideologia dominante. Mas, usando as palavras de Marx, o sistema não cairá de podre. É pois necessário prosseguir com confiança todas as lutas e responder à barragem antidemocrática da informação com mais organização, intervenção e ligação às massas. Por isso o PCP apoia e está a mobilizar para a grande manifestação do próximo dia 18 organizada pela CGTP/IN. Porque ela rompe com o marasmo «mediático», afirma a alternativa e vai com certeza ser impossível de esconder dos portugueses… nem que seja porque eles vão lá estar!
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in Avante Nº 1767 11.Outubro.2007O silenciamento das ideias progressistas e de sinais importantes de confiança para a luta dos povos – como foi o Encontro da paz ou recentemente a Festa do «Avante!» ou ainda o resultado dos comunistas nas eleições gregas – mais do que uma afirmação de força é um sinal de fraqueza da ideologia dominante. Mas, usando as palavras de Marx, o sistema não cairá de podre. É pois necessário prosseguir com confiança todas as lutas e responder à barragem antidemocrática da informação com mais organização, intervenção e ligação às massas. Por isso o PCP apoia e está a mobilizar para a grande manifestação do próximo dia 18 organizada pela CGTP/IN. Porque ela rompe com o marasmo «mediático», afirma a alternativa e vai com certeza ser impossível de esconder dos portugueses… nem que seja porque eles vão lá estar!
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