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* Cátia Vicente, Leiria
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Em jeito de aviso, no início da única rua que dá acesso ao bairro social Margens do Arunca – criado para a comunidade cigana de Pombal, que antes vivia em barracas – está uma placa que indica tratar-se de um troço sem saída. Lá dentro, é assim que se sentem os moradores, chegados no início de Setembro.
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“Estamos isolados. Fizeram-nos aqui uma jaula, mas nós não somos animais!” As palavras magoadas são de Nádia Ramos, de 24 anos. Fala de “racismo” com revolta enquanto conta que “quem não tem carro não consegue sair” do bairro. “Quando o meu marido não está, não posso sair daqui e a minha filha, de oito anos, também não pode ir à escola. Eu vivia numa barraca, mas tinha tudo à mão, agora tenho uma casa impecável, mas se me acontecer alguma coisa morro aqui sem socorro”, assegura a jovem mãe.
Além de viverem num bairro de uma única etnia, e isso só por si lhes parecer “discriminatório”, os moradores de Margens do Arunca viram ser fechado um túnel que “em cinco minutos” os ligava à cidade. São agora “obrigados a andar cinco quilómetros em vez de 500 metros”, ou a atravessar a “perigosa” Estrada Nacional 1 (EN1/IC2), sempre que pretendem ir às compras, à escola e ao café.
O terreno onde foi construído o novo bairro – que teve um custo de três milhões de euros, comparticipados em 50 por cento pelo Instituto Nacional da Habitação e da Reabilitação Urbana – foi doado pelos promotores de uma urbanização que fica do outro lado do túnel. Uma das condições impostas foi precisamente o encerramento da passagem .
“Se passássemos por lá, não pegávamos nada a ninguém”, diz Manuel Cigano, trajado de negro e com um sorriso escondido debaixo do chapéu. “Estamos numa época em que temos que conviver uns com os outros, sejam de que raça forem”, sustenta, sem deixar de sublinhar que “as casas são muito boas e o bairro muito bonito”.
Para Nádia, a “melhor solução” era “uma passadeira com semáforos” na EN1, já que “uma passagem aérea fica muito cara”. “Só nos falta a terra por cima para ficarmos numa cova”, garante Elisa Gracias, 50 anos, que diz nunca ter sentido como agora o peso do isolamento. “Devia ao menos haver um transporte que viesse buscar as crianças para a escola”, insiste.
A Câmara Municipal de Pombal defende-se, dizendo que até ao final do ano estará pronta uma ponte – que ligará o bairro não à cidade, mas sim à zona industrial. Mas a ponte que esta comunidade quer atravessar é a da exclusão e essa não é feita de betão.
TRÊS PERGUNTAS A D. MANUEL MARTINS (Bispo emérito de Setúbal)
- Os bairros uni-étnicos favorecem as tradições?
- Qualquer pessoa evoluída condena essa solução. Não é esse o caminho da Humanidade e dos Direitos Humanos. O mesmo vale para os bairros sociais e das classes desfavorecidas.
- É o estigma de quem lá mora que está em causa?
- É o estigma de quem lá mora que está em causa?
- E as tradições?
- Devem ser respeitadas, mas não é preciso arrumar as pessoas em guetos.
REACÇÕES
"A INTEGRAÇÃO DEPENDE DELES" (Cidália Neves, 45 anos)
“Num bairro só para eles, os ciganos ficaram mais isolados e assim têm mais dificuldades em integrar-se. Foram postos um bocado à parte mas a integração também depende deles e das atitudes que tiverem.”
"SÃO FAMÍLIAS PROBLEMÁTICAS" (Jorge Jesus, 70 anos)
“Por um lado, acho que eles devem estar num bairro só de etnia cigana porque são famílias que dão problemas e em conjunto entendem-se melhor. Por outro, não deviam estar tão isolados, mas onde estavam também não tinham condições.”
"GOSTAM DE TER O CANTO DELES" (Leila Prates, 39 anos)
“As barracas onde eles estavam davam um ar muito feio à cidade, e assim eles estão melhor. Embora não conheça muito bem a comunidade cigana, acho que eles gostam de ter o canto deles e que se dão bem a morar assim.”
"ERAM UM MAU CARTÃO DE VISITA" (Samuel Gomes, 48 anos)
“Foi bom os ciganos terem ido para aquele bairro. As barracas e o lixo eram um mau cartão de visita e não interessavam a ninguém. Além disso, ali não tinham condições de vida e agora estão melhor.”
NÚMEROS
60% Era, há apenas cinco anos, a percentagem de crianças de etnia cigana com menos de 14 anos que não frequentavam o ensino. Existiam 20 mil em idade escolar.
2 Era o número de alunos de etnia cigana inscritos no 12.º ano, em todo o País, no ano lectivo de 1998/1999. No conjunto de todo o Ensino Secundário estavam inscritos 16.
55 famílias de etnia cigana foram alojadas, no início de Setembro, no bairro Margens do Arunca, entre a zona industrial de Pombal e a EN1.
50 mil ciganos vivem em Portugal, espalhados um pouco por todo o País. Este número é muito inferior ao de outros países.
3 milhões de euros foi quanto custou o bairro social de Pombal destinado à comunidade cigana. Metade desse valor foi financiado pelo Estado.Cátia Vicente, Leiria
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Terça-feira, 16 Outubro
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Além de viverem num bairro de uma única etnia, e isso só por si lhes parecer “discriminatório”, os moradores de Margens do Arunca viram ser fechado um túnel que “em cinco minutos” os ligava à cidade. São agora “obrigados a andar cinco quilómetros em vez de 500 metros”, ou a atravessar a “perigosa” Estrada Nacional 1 (EN1/IC2), sempre que pretendem ir às compras, à escola e ao café.
O terreno onde foi construído o novo bairro – que teve um custo de três milhões de euros, comparticipados em 50 por cento pelo Instituto Nacional da Habitação e da Reabilitação Urbana – foi doado pelos promotores de uma urbanização que fica do outro lado do túnel. Uma das condições impostas foi precisamente o encerramento da passagem .
“Se passássemos por lá, não pegávamos nada a ninguém”, diz Manuel Cigano, trajado de negro e com um sorriso escondido debaixo do chapéu. “Estamos numa época em que temos que conviver uns com os outros, sejam de que raça forem”, sustenta, sem deixar de sublinhar que “as casas são muito boas e o bairro muito bonito”.
Para Nádia, a “melhor solução” era “uma passadeira com semáforos” na EN1, já que “uma passagem aérea fica muito cara”. “Só nos falta a terra por cima para ficarmos numa cova”, garante Elisa Gracias, 50 anos, que diz nunca ter sentido como agora o peso do isolamento. “Devia ao menos haver um transporte que viesse buscar as crianças para a escola”, insiste.
A Câmara Municipal de Pombal defende-se, dizendo que até ao final do ano estará pronta uma ponte – que ligará o bairro não à cidade, mas sim à zona industrial. Mas a ponte que esta comunidade quer atravessar é a da exclusão e essa não é feita de betão.
TRÊS PERGUNTAS A D. MANUEL MARTINS (Bispo emérito de Setúbal)
- Os bairros uni-étnicos favorecem as tradições?
- Qualquer pessoa evoluída condena essa solução. Não é esse o caminho da Humanidade e dos Direitos Humanos. O mesmo vale para os bairros sociais e das classes desfavorecidas.
- É o estigma de quem lá mora que está em causa?
- É o estigma de quem lá mora que está em causa?
- E as tradições?
- Devem ser respeitadas, mas não é preciso arrumar as pessoas em guetos.
REACÇÕES
"A INTEGRAÇÃO DEPENDE DELES" (Cidália Neves, 45 anos)
“Num bairro só para eles, os ciganos ficaram mais isolados e assim têm mais dificuldades em integrar-se. Foram postos um bocado à parte mas a integração também depende deles e das atitudes que tiverem.”
"SÃO FAMÍLIAS PROBLEMÁTICAS" (Jorge Jesus, 70 anos)
“Por um lado, acho que eles devem estar num bairro só de etnia cigana porque são famílias que dão problemas e em conjunto entendem-se melhor. Por outro, não deviam estar tão isolados, mas onde estavam também não tinham condições.”
"GOSTAM DE TER O CANTO DELES" (Leila Prates, 39 anos)
“As barracas onde eles estavam davam um ar muito feio à cidade, e assim eles estão melhor. Embora não conheça muito bem a comunidade cigana, acho que eles gostam de ter o canto deles e que se dão bem a morar assim.”
"ERAM UM MAU CARTÃO DE VISITA" (Samuel Gomes, 48 anos)
“Foi bom os ciganos terem ido para aquele bairro. As barracas e o lixo eram um mau cartão de visita e não interessavam a ninguém. Além disso, ali não tinham condições de vida e agora estão melhor.”
NÚMEROS
60% Era, há apenas cinco anos, a percentagem de crianças de etnia cigana com menos de 14 anos que não frequentavam o ensino. Existiam 20 mil em idade escolar.
2 Era o número de alunos de etnia cigana inscritos no 12.º ano, em todo o País, no ano lectivo de 1998/1999. No conjunto de todo o Ensino Secundário estavam inscritos 16.
55 famílias de etnia cigana foram alojadas, no início de Setembro, no bairro Margens do Arunca, entre a zona industrial de Pombal e a EN1.
50 mil ciganos vivem em Portugal, espalhados um pouco por todo o País. Este número é muito inferior ao de outros países.
3 milhões de euros foi quanto custou o bairro social de Pombal destinado à comunidade cigana. Metade desse valor foi financiado pelo Estado.
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in Correio da Manhã 2007.10.12
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ciganos - foto ricardo graça
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Terça-feira, 16 Outubro
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- M. Gonçalves Os ciganos são descriminados?! Só se for para melhor! Quem trabalha paga o que lhes é oferecido, injustamente: casa, subsídios para alimentar vícios... o que dão eles em troca?!Quantos portugueses não ciganos vivem mal, apesar de trabalharem?! Isto é uma injustiça, uma exploração inadmissível! A iguais direitos têm que corresponder iguais deveres. Braga
Segunda-feira, 15 Outubro- ml E porque não recebem os nossos velhinhos este tipo de apoio ? Se fazem bairros sociais para quem tem bom corpo para trabalhar, porque não as Câmaras construirem e subsidiarem lares sociais para os nossos idosos viverem também com conforto? Eles sim os verdadeiros discriminados na nossa sociedade!
- CIGANO TRABALHEM COMO EU E A MAIORIA E DEIXEM-SE DE PEDINCHAS E INTEGREM-SE...
- JL Se lhes dão casas, gritam, se não os deixam viver na imundicie das barracas, gritam, o que lhes dão destroem, são incapazes de se integrar porque não querem trabalhar, mas têm Mercedes à porta. E ainda gritam. Já agora porque não dão casas a toda a gente que necessita, que vive na miséria?
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Segunda-feira, 15 Outubro- ml E porque não recebem os nossos velhinhos este tipo de apoio ? Se fazem bairros sociais para quem tem bom corpo para trabalhar, porque não as Câmaras construirem e subsidiarem lares sociais para os nossos idosos viverem também com conforto? Eles sim os verdadeiros discriminados na nossa sociedade!
- CIGANO TRABALHEM COMO EU E A MAIORIA E DEIXEM-SE DE PEDINCHAS E INTEGREM-SE...
- JL Se lhes dão casas, gritam, se não os deixam viver na imundicie das barracas, gritam, o que lhes dão destroem, são incapazes de se integrar porque não querem trabalhar, mas têm Mercedes à porta. E ainda gritam. Já agora porque não dão casas a toda a gente que necessita, que vive na miséria?
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Sabado, 13 Outubro
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- A. Simões Fecharam o tunel de acesso à cidade! coitados queriam ir para o emprego e tem de dar uma grande volta! Sou de opinião que devia ser instalada já uma linha de teleférico, pois a atravessar a estrada podem ser atropelados! e é uma pena!
- miguel santos Tambem quero ser discriminado, ofereçam-me uma casa, quero uma casa.
Sexta-feira, 12 Outubro- rui ferreira Uma pessoa mata-se para pagar a renda, faz descontos tudo certinho, e não tem essa sorte...
- Jorge Manuel Oliveira Simões Querem exemplos de integração? Visitem o bairro da Ameixoeira, e depois digam que são discriminados, que são como as outras pessoas, está tudo partido, degradado, sujo, vandalizado, e pagamos nós para que sejam mais felizes...
- Graça Afonso Apesar de tudo estão melhores do que estavam. Há muito Português que não tem as condições que eles neste momento têm!
- Zagallo - Brasil Um tipo mata-se a trabalhar e leva uma vida a passar mal, para comprar uma casa. Este tipos viviam em tendas e barraca, sem as mínimas condições. Dão-lhes casa decentes e ainda refilam?
- Aristides Dão-lhes rendimentos minimos, dão-lhes subsidios para os filhos, dão-lhes casas e ainda se queixam?
- Maria José Mas que direito teem eles de exigir? Deveres teem alguns perante a sociedade? Perto de mim não os quero.
- José Reis Mais uma vez se vê se aqui o tipo de paìs que é Portugal. Vejam sò o que acontece em frança com este tipo de guetos,quando toda essa gente que portugal marginaliza um dia vão acordar e depois quero ver como essa politicalha vai rezolver o problema. os portugueses não são recistas? valha-nos Deus...Paris
- Maquiavel Se se lhes tiram do acampamanto e os dispersam para bairros distintos é por que querem destruir-lhes a cultura. Se os metem todos juntos é porque é racismo e discriminação. Parece a história DO VELHO, DO RAPAZ E DO BURRO.
- revoltado o meu Pai têm 87 Anos trabalhou até não poder descontou toda a vida,e não lhe deram uma casa.
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- miguel santos Tambem quero ser discriminado, ofereçam-me uma casa, quero uma casa.
Sexta-feira, 12 Outubro- rui ferreira Uma pessoa mata-se para pagar a renda, faz descontos tudo certinho, e não tem essa sorte...
- Jorge Manuel Oliveira Simões Querem exemplos de integração? Visitem o bairro da Ameixoeira, e depois digam que são discriminados, que são como as outras pessoas, está tudo partido, degradado, sujo, vandalizado, e pagamos nós para que sejam mais felizes...
- Graça Afonso Apesar de tudo estão melhores do que estavam. Há muito Português que não tem as condições que eles neste momento têm!
- Zagallo - Brasil Um tipo mata-se a trabalhar e leva uma vida a passar mal, para comprar uma casa. Este tipos viviam em tendas e barraca, sem as mínimas condições. Dão-lhes casa decentes e ainda refilam?
- Aristides Dão-lhes rendimentos minimos, dão-lhes subsidios para os filhos, dão-lhes casas e ainda se queixam?
- Maria José Mas que direito teem eles de exigir? Deveres teem alguns perante a sociedade? Perto de mim não os quero.
- José Reis Mais uma vez se vê se aqui o tipo de paìs que é Portugal. Vejam sò o que acontece em frança com este tipo de guetos,quando toda essa gente que portugal marginaliza um dia vão acordar e depois quero ver como essa politicalha vai rezolver o problema. os portugueses não são recistas? valha-nos Deus...Paris
- Maquiavel Se se lhes tiram do acampamanto e os dispersam para bairros distintos é por que querem destruir-lhes a cultura. Se os metem todos juntos é porque é racismo e discriminação. Parece a história DO VELHO, DO RAPAZ E DO BURRO.
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11-10-2007 - 00:00:00 Idosos nem conseguem pagar conta da farmácia
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1 comentário:
falasse mal dos ciganos, que são ladrões, sujos, violentos,trapeiros,mal cheirosos...reflectido: e os que não são ciganos? escondem-se em lindos fatos,portadores de bons aneis e matam também, altos empregos e roubam também, mostram-se bons, elegantes senhores... e mal tratam esposas, são pedófilos... fazem de tudo pelo poder e dinheiro, Senhores que atropelam e fogem, médicos mecanizados, abandonos diários de crianças, demitem-se dos seus idosos, Então? que direito temos de falar tão mal dos ciganos, eles têm coisas lindas... respeitam as pessoas da 3ª idade, estas são as mais importantes da familia, tem sabedoria da escola da vida, deram vidas, quantos grandes Senhores desprezam os seus idosos familiares... Aprendamos a olhar os ciganos de outra forma, não temos o direito de os marginalizar, descriminar, de dizer o que quer que sejade mal, afinal quem é melhor? olhamos as noticias todos os dias e vimos de facto qual os lados é assim tão perfeito... convido a reflectir-mos e o que todos , mas todos nós podemos fazer para melhorar a sociedade e ficamos no comudismo, no individual.
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