* António Ribeiro Ferreira
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Assim vai a Pátria. Séria, grave, cheia de lixo e cadáveres nos armários. Com uma mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma.
.O primeiro envolveu um terrível populista, alma negra desta terra cheia de gente que se farta de ler clássicos, jornais de referência, vê filmes de qualidade e escolhe com critério os programas de televisão. Gente séria, que se sacrifica há anos pelo sítio e que se acha no direito inalienável de ser alimentada a pão-de-ló pelos impostos dos indígenas.
Imagine-se a afronta, o despautério de um canal de notícias, logo tablóide, que não só convidou para uma entrevista o desgraçado do populista como o interrompeu para dar em directo a chegada a Lisboa de José Mourinho, sim, Mourinho, um miserável treinador que se atreveu não só a vencer campeonatos da bola cá do sítio e taças europeias, como teve o topete de ganhar uma meia dúzia de títulos em terras de Sua Majestade e de se tornar uma figura mundial. É demais.
Um populista interrompido por um vencedor, também ele um mal exemplo para esta terra medíocre, triste e deprimida. E como uma indignação não vem só, imagine-se que um bando enorme de militantes do PSD, mais de vinte mil, decidiu eleger para seu líder outro terrível e perigoso populista chamado Luís Filipe Menezes.
Uma desgraça. Barões sem brasão em estado de choque, símbolos invertidos, ranger de dentes e muitas lágrimas a correr pelas faces de tanta gente boa, honesta, impoluta e, claro, completamente avessa a populismos. Que horror. Mas a indignação ficou por aí. O facto de a corrupção na Função Pública e na classe política estar a aumentar ficou obviamente na gaveta.
A divulgação de escutas telefónicas que revelam as mentiras do senhor presidente do Conselho no processo de substituição do ex-procurador-geral da República Souto Moura ficou registada no gelo e rapidamente atirada para o caixote do lixo. O livro de Santos Cabral, antigo director da Polícia Judiciária, em que se aborda o caso Freeport e a reacção do poder socialista, com Sócrates à cabeça, às investigações sobre suspeitas de corrupção foi naturalmente queimado na praça pública pelos santos inquisidores do sítio.
E assim vai a Pátria. Cheia de indignação, séria, grave, cheia de lixo e cadáveres nos armários. Uma Pátria com uma mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma.
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in Correio da Manhã 2007.10.01
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» Comentários no CM on line
Segunda-feira, 1 Outubro
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- NUNO ALMEIDA Sr.António Ribeiro Ferreira, felicito-o pelo seu artigo.Na verdade começamos a estar fartos dos "populistas" deste País e começamos a ter saudades dos "Mourinhos" que têm que emigrar para que o seu valor seja reconhecido, por outras palavras a miséria fica em casa e a qualidade está fora de casa. Até quando este "estado de sítio"? Até quando as invejas, a mesquinhês, a pequenês de certos senhores?
- rui Pátria entregue aos infiéis, havia nevoeiro e não era manhã, mas D. Pedro indignou-se queria passar pelo salvador da pátria mas D. Ricardo não deixou. por favor, D. Sebastião, salva esta pátria de cinco euros à hora!
- rui Pátria entregue aos infiéis, havia nevoeiro e não era manhã, mas D. Pedro indignou-se queria passar pelo salvador da pátria mas D. Ricardo não deixou. por favor, D. Sebastião, salva esta pátria de cinco euros à hora!
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